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03/07/2005 - 09h01

Lésbicas ganham seu primeiro seriado

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BRUNO YUTAKA SAITO
da Folha de S.Paulo

Um olhar preconceituoso típico considera um absurdo a imagem de homens se beijando. Já mulheres bonitas se atracando em altos amassos.... aí sim, é bonito, "menos agressivo", tudo liberado.

A demora na criação de uma série de TV como a americana "The L Word" (Warner Channel), que estréia no Brasil no próximo domingo, demonstra quão leviana é a percepção de que o mundo é mais tolerante em relação ao universo gay feminino.

"The L Word" não tem meios-termos em seu pioneirismo. Mostra o dia-a-dia de um glamouroso grupo de lésbicas de Los Angeles, todas elas lindas e bem-sucedidas profissionalmente. Quem pensou na série "Sex and the City", sobre transas de mulheres heterossexuais, não errou. A diferença é que "L Word" tem muito mais sexo (por sinal, bem encenado, entre mulheres) e nudez feminina (frontais, menos genitálias).

A série, no entanto, não surgiu de mero ato libertário dos executivos do canal Showtime (onde é exibido nos EUA). Ao contrário, durante três anos, a escritora e produtora do programa, Ilene Chaiken, só viu portas fechadas.

As coisas mudaram quando os mesmos executivos ficaram animados com o sucesso da versão americana do inglês "Queer as Folk" (no Brasil, "Os Assumidos"), a primeira série de TV séria que mostrou o cotidiano de homens gays. Para comparar: "L Word" estreou nos EUA em 2004; o "Queer" inglês, em 1999.

Quem está acostumado apenas com os flertes da TV com as lésbicas vai se espantar com o realismo das situações, em registro mais dramático do que cômico. Já no primeiro episódio somos apresentados à dupla Bette (Jennifer Beals, aquela de "Flashdance") e Tina (Laurel Holloman), que após sete anos de união entra em crise. Para superá-la, decidem ter um filho, por meio de inseminação artificial. Encontrarão barreiras, já que os candidatos só toparão se o processo for por "vias naturais".

Outra personagem-chave é a vizinha da dupla Jenny (Mia Kirshner), escritora que se muda para Los Angeles com o namorado. Num ímpeto voyeurístico, vê suas vizinhas transando na piscina e terá suas convicções sexuais abaladas. Já a jornalista bissexual Alice (Leisha Hailey, ex-namorada da cantora kd lang) defenderá a tese de que todas as lésbicas têm parceiras sexuais em comum.

São questões vividas por Chaiken, ela própria lésbica, mãe de duas crianças e, na ocasião da estréia, vivendo com sua parceira há 20 anos. Teve a idéia após escrever uma reportagem sobre paternidade e maternidade gays e após ela e sua parceira decidirem ter filhos. "É uma espécie de antropologia lésbica e tem sido chamado de "Dyke [gíria americana equivalente à brasileira "sapata'] as Folk" ou "Lesbians in the City". A lésbica que assistir à série vai se sentir representada", disse Chaiken ao jornal "The Observer".

Nos EUA, "The L Word" está chegando à terceira temporada, menos pelo ibope e mais pela curiosidade gerada para o canal. A estréia no país teve 936 mil telespectadores, segundo o jornal "Washington Post"; o programa com mais audiência na TV a cabo local na semana retrasada, a série "The Closer", um drama policial, teve mais de 5 milhões de telespectadores (dados do instituto Nielsen). Na comparação, um modesto armário aberto, mas nada insignificante.

The L Word. Quando: a partir do dia 10, sempre aos domingos, às 23h, no Warner Channel.

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