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11/07/2005 - 09h47

Para autores, Flip é opção a feiras literárias tradicionais

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S. Paulo, em Parati

Confiando no que dizem os escritores, a Flip (Festa Literária Internacional de Parati) está encontrando um lugar confortável em um circuito que deixa muitos autores desconfortáveis: o dos festivais de literatura.

"Hoje é possível viver de feira em feira literária. Agora me consideram escritor e posso viver como turista literário. Certamente conseguiria ser muito mais conhecido do que sou hoje sem a necessidade de escrever mais livros", afirmou Chico Buarque, astro da Flip 2004, em recente entrevista ao jornal espanhol "La Vanguardia".

Principal nome da Flip 2005, o anglo-indiano Salman Rushdie disse que não costuma participar de muitos eventos como esse, mas quis fazer em Parati o lançamento internacional de "Shalimar, o Equilibrista", seu novo romance, por ser amigo da inglesa Liz Calder, idealizadora da festa, e de Luiz Schwarcz, dono da editora Companhia da Letras.

"Está sendo muito mais agradável lançar aqui do que naqueles eventos nos Estados Unidos, que são maçantes, com uma entrevista atrás da outra", afirmou ele, reconhecendo que "há 30 anos não havia essa expectativa de o escritor ser um vendedor de livros". "Muitos autores lamentam isso, eu não. Mas preferiria falar de um livro muito depois de ele ter sido lançado, para que as pessoas já tivessem lido", disse Rushdie, que relativizou sua condição de "celebridade literária": "Não sou uma Britney Spears. Acho que as pessoas que me procuram têm algum interesse no que eu escrevo".

O português Pedro Rosa Mendes, autor de "Baía dos Tigres", disse que nem poderia ter vindo a Parati, pois está atolado de trabalho, mas não resistiu a conhecer a cidade histórica, ainda mais depois do incentivo do angolano José Eduardo Agualusa, seu amigo e um dos destaques da Flip 2004.

"Ele me disse que não era desses encontros em que os autores ficam intelectualizando tudo e, no fundo, vão apenas viajar. Estar em um festival literário deve ser conseqüência do seu trabalho, não um lugar para exibição", disse ele, para quem "há um certo circo" nas feiras de livros.

Gonçalo Tavares, que está lançando dois livros no Brasil, tem em comum com Mendes a nacionalidade e os conselhos de Agualusa para que participasse da Flip. Ele disse que acabara de recusar dois convites quando aceitou vir a Parati. "É preciso ter equilíbrio. A divulgação tem que ser feita, mas ficar nesse circuito, de feira em feira, é prejudicial. Meu trabalho é ler e escrever", disse ele, que passou 11 anos lendo e escrevendo, e nos últimos três lançou 16 livros.

O romancista israelense David Grossman afirmou que encontros literários o atraem por causa da possibilidade de "cheirar escritores que só conhecemos pelos livros". Ele disse ter adorado a "atmosfera" da Flip e que já sonhava há muito tempo conhecer o Brasil. "Tinham me dito que há uma cultura do meio-termo no Brasil, de acomodação das diferenças. É tudo o que não temos e devíamos ter em Israel", contou.

Para o autor de livros policiais José Latour, cubano radicado no Canadá, participar da Flip é um "trabalho". "Não é turismo, pois vim conhecer outros escritores, outras opiniões, outras tendências, e isso influi na minha literatura", disse Latour, que já participou de feiras nos EUA, na Espanha e na Holanda, mas considera a Flip singular. "São 600, 700 pessoas pensando em literatura, filas de autógrafos, é surpreendente. Nunca vi nada assim", afirmou.

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