Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
13/07/2005 - 09h32

Após gays, índios boicotam novela de Miguel Falabella

Publicidade

KARINA KLINGER
da Folha Online

Depois de receber críticas do movimento gay, a novela "A Lua me Disse" (19h) virou agora alvo de representantes da causa indígena, que recomendam o boicote à trama. A produção da Rede Globo, assinada por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, é acusada de difundir preconceitos contra os índios. Uma nota de repúdio já foi enviada ao Congresso Nacional.

O pivô da polêmica é a personagem índia, maltratada e desrespeitada por membros da família para a qual trabalha, interpretada pela atriz Bumba. Além de ser chamada de "preguiçosa", a personagem já foi expulsa de alguns locais da casa da protagonista da trama de forma estúpida, mostrando falta de educação.

Para o índio Olívio Jekupé, filósofo e escritor de uma comunidade próxima a Parelheiros, em São Paulo, a personagem ajuda a desmoralizar ainda mais a imagem do índio.

"Ela [a empregada da novela] está sempre sendo humilhada, é tratada como animal. O nosso povo já é visto erroneamente como atrasado, e a novela piora a situação. Acho que os autores da novela não têm noção do que estão escrevendo", reclama.

Um grupo de entidades de Mato Grosso ligado à questão indígena já elaborou uma nota de repúdio contra a novela global pela maneira como a personagem, que diz ser da tribo dos nambiquaras, vem sendo tratada na trama.

O documento foi enviado ao Congresso, à Rede Globo e à Secretaria Nacional da Identidade e da Diversidade Cultural, que integra o Ministério da Cultura. Para eles, a emissora "esteriotipa e desrespeita a dignidade dos povos indígenas".

Expulsa aos berros ao som de "Saia daqui, sua nambiquara", a personagem corre atrás de Adonias, interpretado por Paulo Vilhena, e diz: "Índia, quando quer homem, fica nua na taba. Índia gosta de ver homem nu. Índia quer."

Para antropólogo Aloir Pacini, professor da Universidade do Mato Grosso e supervisor do Museu Rondon, a maneira como a índia está sendo exposta na novela é um desrespeito à dignidade dos povos indígenas.

"Ela é tratada de forma exótica, como se fosse um bicho. Ela é muito maltratada. E isso acaba sendo multiplicado, pois a TV tem uma grande capacidade de difundir imagens sintéticas nas mentes das pessoas. Esse não é o papel da televisão", afirma.

Não é a única novela da Globo no ar que explora a imagem dos índios. Na trama das seis, "Alma Gêmea", a índia Serena (Priscila Fantin) é a reencarnação do grande amor do protagonista, o botânico Rafael (Eduardo Moscovis). Após a invasão de sua aldeia, Serena viaja para São Paulo e chega a ser chamada de "selvagem" pela vilã Cristina (Flavia Alessandra) e por outros personagens da pensão onde chegou a viver.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Globo disse que não vai se pronunciar sobre as acusações de preconceito sofridas pela novela.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a novela "A Lua me Disse"
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página