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24/07/2005 - 10h39

"América" "alerta" sobre pedofilia na internet

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MARCELO BARTOLOMEI
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Rio

No capítulo de anteontem, a novela das oito da Globo, "América", contabilizava mais uma investida em tema polêmico: na cena, Rique, um garoto de 8 anos, se encontraria com seu amigo virtual, Bill, 12, que, na verdade, é um adulto de 58 anos. Por meio dos personagens, a novelista Glória Perez quer promover o que chama de "alerta" às famílias sobre o perigo da pedofilia na internet.

"É um tipo de crime que está acontecendo muito, e os pais precisam ser alertados. Vamos tratar o assunto de forma delicada. O que queremos é fazer um alerta", informou por meio da Central Globo de Comunicação, já que passou a semana em Petrópolis, no Rio, se dedicando à novela.

Cleptomania, rodeios, sexualidade, relacionamento com grande diferença de idade, paternidade, consumo desenfreado, traição, deficiência visual, espiritualismo e o sonho de cruzar a fronteira dos EUA são os temas que compõem a novela.

"Acho interessante colocar esse tema na novela, mas depende da abordagem. Se for algo para esclarecer e alertar, vale. Quando ela criou a personagem Mel ("O Clone'), ligada às drogas, houve uma gritaria inicial, mas ela conseguiu alertar e indicar como as pessoas poderiam buscar ajuda", diz o promotor Marcos Fagundes, 38, da Terceira Promotoria da Infância e da Juventude do Rio, que fiscaliza a programação das TVs em relação ao abuso de menores. O promotor disse que entraria em contato com o departamento jurídico da emissora para se informar sobre o teor das cenas.

Na trama, Rique (Matheus Costa) vive na pensão de Consuelo (Claudia Jimenez), em Miami (EUA), com os pais, que passam por uma crise conjugal e não prestam tanta atenção no filho. No ambiente virtual, onde passa a maior parte do tempo, faz amizade com Bill, um adulto vivido pelo ator Jaime Leibovitch, mas que se passa por criança pelo bate-papo na tentativa de seduzi-lo.

Nas próximas cenas, que vão ao ar entre segunda e terça-feira, Rique aceita ir à casa do novo amigo, mas um alarme de incêndio impede que o encontro prossiga. Assim, a novela garante que não vai avançar o sinal, mas insinuar o que poderia acontecer.

Para compor os personagens, a novelista recorreu a duas fontes: o promotor Romero Lyra, que defende ações contra práticas criminosas na internet, e a pesquisadora Ilana Casoy, 45, do Núcleo de Estudos Forenses do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Segundo Casoy, o "molestador" da novela é sedutor, um indivíduo "dos mais perigosos", que faz de tudo para conquistar a criança, se insinua e, aos poucos, fala de sexo com a vítima. Ele não tem atividades com pessoas da mesma idade e se sente desconfortável com adultos; é solteiro, tem estilo de vida infantilizado, mas não quer machucar a criança; é maior de 30 e tem necessidade de dominação.

"É preciso falar do assunto com os filhos, quebrar o tabu, especialmente porque a internet é um território sem lei", afirma.

Na semana passada, a maior média da novela foi de 50 pontos no Ibope (cada ponto equivale a 52,3 mil domicílios na Grande SP). Sua média é de 45 pontos com 111 capítulos exibidos até a última quarta-feira.

A abordagem do tema se encontra com a história da própria novelista, que, antes mesmo de a novela começar, no início deste ano, foi atacada por internautas que criticaram a abordagem de rodeios. Como conseqüência --a autora chegou a receber ameaças de morte--, Glória solicitou investigação da polícia, que ainda não encontrou os responsáveis.

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