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24/07/2005 - 09h21

Renato Russo invade as telas em 2006

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MARIO GIOIA
da Folha de S.Paulo

Em dias nos quais "Que País É Este?" parece um bordão dos mais apropriados, o autor da canção e sua obra começam a ser foco de ao menos três versões cinematográficas. Renato Russo (1960-1996), ex-líder da Legião Urbana, de trovador solitário a astro pop que levava multidões para shows, é tema da biografia "Religião Urbana", do veterano cineasta Antonio Carlos da Fontoura, 66, a partir de roteiro já finalizado e assinado por ele e pelo produtor musical Luiz Fernando Borges, um dos melhores amigos de Russo em sua fase carioca.

Já o estreante em longas-metragens René Sampaio, 31, enveredou pela obra de Russo e foi escolhido pela Copacabana Filmes --produtora de Carla Camurati-- para levar às telas a versão cinematográfica de "Faroeste Caboclo". E a roteirista e atriz Denise Bandeira, outra amiga íntima da fase carioca do cantor e compositor, está em negociações avançadas com a família de Russo para a adaptação de "Eduardo e Mônica", uma das mais "assobiáveis" canções da Legião.

O projeto mais adiantado é o de Fontoura, diretor de "Copacabana Me Engana" (1968) e "A Rainha Diaba" (1974), entre outros. O filme está em negociação com distribuidoras. O cineasta pretende filmar de abril a junho do ano que vem. A intenção é que "Religião..." chegue aos cinemas em outubro de 2006, mês que marca os dez anos da morte de Russo.

Mas esqueça os estádios repletos, os discursos contra a ação policial e as confissões para os fãs. "Religião Urbana" vai focar o jovem professor de inglês Renato Manfredini, dos seus 17 aos 23 anos, que descobre o punk e monta a banda Aborto Elétrico.

"É a história da formação de um artista, explorando a juventude punk, rebelde e também bem-humorada", afirma Fontoura, que fecha a história em 1983, quando Russo se apresenta pela primeira vez no Rio, no Circo Voador, ainda distante do sucesso.

A cessão dos direitos autorais para filmar a biografia foi obtida pelo bom trânsito de Borges, co-autor do roteiro, com a família de Russo. "Comecei a dirigir clipes e quis me aprofundar em cinema. Conversando com outros amigos e com a família, percebi como a trajetória do meu amigo poderia se tornar um ótimo filme", conta.

A irmã de Russo, Carmem Teresa Manfredini, 42, afirmou à Folha que autorizou a realização de Fontoura e Borges porque "pode confiar neles". "Tivemos [ela e sua mãe] acesso a todo o projeto, e ele nos satisfez. Anteriormente, houve vetos e fomos à Justiça porque a família não havia sido nem sequer consultada sobre peças baseadas na obra de Renato." Ela não revelou valores da transação.

Fontoura, no entanto, diz que não vai assinar um filme chapa-branca. Por isso, não vai se esquivar de temas como a homossexualidade e o uso de drogas. "O Renato é um personagem cheio de contradições. Nenhum tema está embargado, vamos tocar em todos os assuntos que fazem dele um grande personagem."

Borges admite que o sucesso de "Cazuza - O Tempo Não Pára", sucesso de Sandra Werneck e Walter Carvalho, fez "Religião Urbana" ter uma proposta diferenciada. "De certa forma, se o enredo se passasse nos anos de sucesso do Renato, ficaria muito parecido com "Cazuza"." Para o elenco, ambos vão testar atores desconhecidos. O protagonista deve ser parecido com Russo.

Faroeste no Planalto

"Embrionário." É como está o projeto já autorizado da versão fílmica do épico "Faroeste Caboclo", segundo o diretor René Sampaio. Ele ganhou diversos prêmios com o seu "Sinistro", inclusive o de melhor curta do júri, em Brasília-2000. Naquele ano, conheceu o roteirista Luiz Bolognesi, de "Bicho de Sete Cabeças", o grande vencedor entre longas naquele ano. "Comecei a trabalhar no roteiro há duas semanas", conta Bolognesi.

"Mas tenho algumas coisas delineadas: será a gênese de um bandido, a partir de sua chegada do interior, seus desencantos na cidade grande e o final trágico."

Assim como "Religião...", ambos os títulos não vão evitar os dias de chumbo. "Assim como outros filmes recentes, não nos furtaremos a refletir a tragédia social brasileira, mas sem estereotipar os personagens." E Sampaio diz que a Brasília de seu filme "nada terá da Eldorado prometida, sendo mostrada com certa crueza". O brasiliense que passou a juventude dedilhando acordes de músicas da Legião pretende estrear seu filme no final de 2006.

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