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29/07/2005 - 13h19

Leia a crítica de "Sin City" e de mais 20 filmes em cartaz; decida o que assistir

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RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Leiam abaixo 21 pequenas críticas de 21 filmes em cartaz nos cinemas. Com exceção da estréia ("Sin City - A Cidade do Pecado") e da pré-estréia (o desenho "Castelo Animado"), a lista parte do filme mais indicado para o menos aconselhável. Trata-se evidentemente de uma classificação subjetiva porque, como toda crítica, ela se baseia no gosto pessoal da reportagem. O objetivo é apenas dar dicas para os leitores decidirem o que vale e o que não vale a pena assistir no final de semana.




Estréia

Sin City - A Cidade do Pecado ("Sin City") - Nem a linguagem e estética dos quadrinhos ou o estilo "tarantino" de fazer cinema servem para amenizar um fato: "Sin City" é um dos filmes mais violentos já realizados. Tudo o que você puder imaginar sobre a barbárie humana, vai encontrar lá. Feita essa ressalva, eis um trabalho que nenhum apaixonado pelo cinema pode perder. Primeiro porque é a mais perfeita montagem cinematográfica da obra do gênio Frank Miller --e qualquer coisa que Miller tenha feito precisa ser vista (ou lida). Segundo, porque, misturado a todo aquele sangue tarantinesco --amarelo, verde ou branco-- existe uma história de amor, de culpa e com um conteúdo filosófico que raras vezes o cinema mostrou tão bem. Um filme que você tem de respirar fundo antes de entrar. E procurar ar quando sair.

Pré-estréia

Castelo Animado ("Hauru Ugoko Shiro") - Um longo conto de fadas e bruxas de Hayao Miyazaki, o mesmo do maravilhoso "Viagem de Chihiro". Está com sessões dubladas e legendadas em pré-estréia. Os traços e a animação são impressionantes e já valeriam cada centavo do seu ingresso. Mas vale alertar aos pais que este não é um filme indicado para crianças muito pequenas, exceto aquelas "sonhadoras". O motivo é que poderão ficar inquietas na sala, já que o andamento de "Castelo Animado" é lento (119 minutos) e a trama, um pouco confusa e carregada para os pequenos --mas como deve ser um épico juvenil.

Em cartaz

Camelos Também Choram ("Die Gieschichte von Weineden Kamel") -
De longe um dos melhores filmes de 2005, "Camelos..." também conta a história da sorte ou bênção dos cineastas Davaa e Falorni, que viajam ao sul da Mongólia para acompanhar a vida de uma família de criadores de camelos e acabam presenciando o problemático parto de um animal albino, que acaba rejeitado por sua mãe. O que parece um fato corriqueiro no cotidiano daquela região inóspita se transforma na grande história de suas vidas. E, por que não dizer, na do público também: porque ninguém sai do cinema sem carregar um largo sorriso no rosto. Sem exagero algum, quem gosta de animais considerará esta uma das histórias mais belas já contadas na tela.

Tartarugas podem Voar ("Lakposhtha Ham Parvaz Mikonand") -
Jamais alguém mostrou tão bem --e tão dolorosamente-- o drama dos refugiados curdos: massacrados pelos iraquianos, estuprados pelos turcos, esquecidos pelo mundo, os curdos estão há décadas à mercê do horror. Horror agora transportado para o cinema nesta co-produção Irã-Iraque-França. A atualidade de "Tartarugas...", com imagens da invasão norte-americana no Iraque e a derrubada de Saddam, faz dele uma espécie de versão light de "Sin City" --só que no mundo real. Um filme tão perturbador que muita gente sairá do cinema embasbacada ou psicologicamente em frangalhos. Acredite: mesmo assim é uma experiência que você não deve abrir mão.

Caiu do Céu ("Million") - Outro filme que honra o cinema contemporâneo, pelas mãos do diretor Danny Boyle --o mesmo de "Cova Rasa" (94) e "Trainspotting" (96). Uma narrativa sobre a ingenuidade e doçura da infância, uma comédia dramática cheia de surrealismo e efeitos gráficos comedidos, porém essenciais. Isso sem falar na atuação impecável do menininho "santo", Alex Etel. "Caiu do Céu" é um filme ideal para quem gosta de viajar, mas dentro do cinema.

Nicotina (idem) - Humor e inteligência por todos os lados, personagens bem compostos, roteiro impecável e um desfecho antológico, que leva o público ao delírio... Na verdade, é muito difícil exigir mais de um filme do que o que encontramos em "Nicotina". Diversão e muita fumaça.

Em Boa Companhia ("In Good Company") - Mais um filmaço em cartaz. Comédia dramática com texto excelente, roteiro "redondo" e um final que foge de todos os clichês que grassam no cinema comercial. Ainda há como bônus a performance de Dennis Quaid --ainda melhor do que aquelas que já se tornaram comuns em sua carreira-- e de Topher Grace (o Eric Forman de "That's 70's Show ", do canal Sony, e de "Homem Aranha 3"). A única nota destoante fica para Scarlett Johansson, que fez (mais) uma composição mediana de sua personagem. Mas isso não muda em nada o veredicto: imperdível.

Exílios ("Exils") - O filme tem um nome e ele atende por Lubna Azabal, a atriz que interpreta Naima. "Exílios" conta a saga de um casal de namorados que segue em uma longa jornada até a Argélia, onde ele (Romain Duris no papel de Zano) quer reencontrar suas raízes familiares e culturais. O caminho é longo e feito a pé. Enquanto Zano corre atrás de sua memória, Naima é jogada contra seu passado. Sua interpretação é espetacular da primeira à última cena. Um filme valioso.

Extremo Sul - Vamos reforçar: se você ainda não viu este documentário brasileiro de Mônica Schmiedt e Sylvestre Campe, está perdendo tempo. A história da "escalada" do monte Sarmiento (sul da Patagônia) por um grupo de alpinistas tem todos os pilares do grande cinema: ação, humor e drama. E uma fotografia para ficar na memória.

Madagascar (idem) - Há duas cenas antológicas nesta animação da DreamWorks: a primeira, uma exclamação que os hilários pingüins fazem no momento em que chegam ao pólo sul; a segunda, quando os personagens principais --Marty, Alex, Gloria e Melman-- descobrem a dura realidade da selva. Filme para levar as crianças, os avós, os vizinhos, a namorada...

A Fantástica Fábrica de Chocolate ("Charlie and The Chocolat Factory") - OK, é um clássico. Ou melhor, o "remake" de um clássico. Como tal, é inevitável que exista muito saudosismo e paixão nas críticas (extremamente positivas) e nas infindáveis "estrelinhas" que este filme vem recebendo da mídia, de forma geral. Como toda megaprodução hollywoodiana, obviamente não há espaço para erros de montagem, edição ou escolha de elenco (e isso começa por Johnny Depp no papel principal). Mas, daí a concluir que estamos diante de um filme antológico, divino, sublime? Tsk, tsk... Sinceridade? Não estamos. Há muita caricatura nos personagens-mirins e chavões demais na vida-dramalhão de Wyllie Wonka. Mas que dá vontade de comer chocolate quando a gente deixa o cinema, isso dá.

Batman Begins (idem) - Seria um lugar-comum e uma injustiça dizer que é o melhor de todos os "Batmans". Na verdade, é um dos melhores filmes entre todos os que estão em cartaz. Pela primeira vez, nós, os fãs do lendário homem-morcego, podemos enxergar o herói como alguém "gente como a gente", com suas crises existenciais, sofrimentos e dores. Enfim, na mais completa "lama". Não bastasse isso, ainda há o primoroso elenco, a começar por Michael Caine no papel do mordomo Alfred.

Quarteto Fantástico ("Fantastic Four") - Mais um grande lançamento da Marvel Comics, uma diversão garantida para toda a família. Bem, é o mínimo que podiam fazer com um orçamento de US$ 100 milhões. Mas o grande atrativo em "Quarteto" são os heróis nada convencionais e seus conflitos como humanos-mutantes --começando pelo Coisa (Michael Chiklis). Como destaque "estético", além da fotografia, temos a silhueta espetacular de Jessica Alba (que, aliás, pode ser ainda melhor apreciada em "Sin City").

Guerra dos Mundos ("War of The Worlds") - O velho e bom Spielberg apresenta o "lado escuro da força"--a antítese do doce "ET". Mas este é amargo, e não é de fácil digestão. Há cenas tão estupidamente violentas que fariam H.G Wells corar de vergonha ou empalidecer de medo. Afinal, "Guerra dos Mundos" é um grande filme, embora pareça ter um roteiro adaptado para funcionar como veículo de clichês da carreira de Tom Cruise. Mas cumpre muito bem seu papel de resgatar e amplificar o filme original, de 1953.

Kung-Fusão ("Gong Fu") - Não se deixe enganar pelo título imbecil que este filme ganhou no Brasil: é divertidíssimo e uma alternativa perfeita para quem quer ação e humor. Mistura elementos de animação, técnicas de desenho animado e funde conceitos e estilos de lutas marciais e até do faroeste italiano. Repetindo, apesar do título imbecil em português (que certamente fará muita gente não entrar na sala), eis um ótimo filme. Não tema, vá se divertir.

Conversando com Mamãe ("Conversaciones con Mamã") - A história é bela e humana, o texto é muito acima da média do que temos por aí. Mas "Conversando..." peca em dois itens : 1º) a atuação excessivamente caricata de Eduardo Blanco, o filho, pode cansar; 2º) o diretor Santiago Oves achou por bem perder a mão no desfecho do filme. Não por qualquer incoerência, mas porque decide perder tempo em cenas absolutamente desnecessárias antes da conclusão. De qualquer forma, isso significa apenas três minutos. Os demais 82 minutos são ótimos.

De Repente é Amor ("A Lot Like Love") - Uma das melhores trilhas sonoras da atualidade, este besteirolzinho agradável, tipo "Sessão da Tarde", tem a linda Amanda Peet no papel de uma "serial lovers" e um caricato (ah, vá!) Ashton Kutcher no papel do filhinho da mamãe. Como pano de fundo, uma história empresarial em meio a tantas que ocorreram durante o período chamado de "bolha da internet" --que explodiu em 2000. Um filme descompromissado e honesto.

9 Canções ("9 Songs") - Parece que a pornografia chegou para ficar no mundo do dito circuito comercial. "9 Canções" é apenas mais um representante dessa tendência (na seqüência do bocejante "Brown Bunny"). Apesar disso há uma aparente tentativa do excelente diretor Michael Winterbotton em dar um ar "cool" à trama e uma fotografia mais sofisticada para as cenas de sexo explícito. Mas fica aqui um polegar virado para baixo para a sem-sal (fisicamente falando) Margo Stilley.

Diário de uma Louca ("Diary of a Mad Black Woman") - Apesar de o roteiro ter lá seus furinhos e da produção ser modestíssima, é bastante injusto o processo de achincalhamento que este filme vem sofrendo da crítica. Somente a trilha sonora --entre outras, há uma versão de sonhos de "God for Us"-- já faria valer o ingresso. Para quem gosta de música gospel, claro. Só está em cartaz em Guarulhos e deve sair das telas na próxima semana.

Herbie - Meu Fusca Turbinado ("Herbie: Fuly Loaded"): O que era uma grande promessa para as férias de julho se mostrou um verdadeiro fiasco. O filme não faz jus à memória de Herbie. A animação é tosca. O texto é pobre. O roteiro, terrível. Parece piada, mas não há química alguma entre Lindsay Lohan e o carreco. Poupe seu dinheiro.

Pokémon 4 - Viajantes do Tempo" ("Pokémon 4ever") - Apesar de estar registrando um ótimo publico no Brasil nas últimas semanas, este desenho (de 2002) simboliza a última fase da decadência de um dos produtos mais surpreendentes da história do capitalismo. Não é exagero, não. Desde que o mundo é mundo, poucas "febres" consumistas foram tão intensas e venderam tantos bilhões de dólares em tão pouco tempo quanto Pokémon no final dos anos 90. Empresas quase falidas, no Brasil e em outros países, não só foram salvas do bico do corvo como se tornaram prósperas (muitas, até hoje), simplesmente porque acreditaram nos cerca de 150 monstrinhos iniciais criados por Satoshi Tajiri --liderados pelo gracioso e carismático Pikachu. Mas, com a mesma força com que a febre explodiu, ela também cessou. E o diagnóstico hoje é óbvio: no afã ganancioso de criar mais e mais e mais bonecos e produtos para faturar (até hoje existe um shopping Pokémon em Tóquio, e os cards encontrados à venda no Brasil são caríssimos), Tajiri acabou enterrando os coadjuvantes mais bacanas, como Psyduck, Charizard, Squirttle e o lindo Togepy. O resultado? Basta ver este filme, que chega ao Brasil com "apenas" três anos de atraso.

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