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01/08/2005
-
09h17
VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo
Surge em São Paulo uma companhia centrada na escrita para teatro, mas com especificidades que inovam em territórios da produção e criação. São nove pessoas, de 25 a 36 anos, que discutem o formato de seus textos, promovem leituras públicas, sim, mas também os levam para a cena e para o livro, percurso raramente cumprido no país.
Para protagonizar essa espécie de processo coletivo que não quer perder de vista a condição autoral, a Cia. dos Dramaturgos se revela bastante articulada.
Já desponta com patrocínio direto (sem mediação de leis de incentivo) do Grupo Votorantim (R$ 60 mil) e foi selecionada para o Programa Municipal de Fomento ao Teatro de São Paulo (R$ 200 mil em três parcelas).
"Somos mais conseqüência do que motor. A dramaturgia vem ganhando espaço nos últimos anos e seria natural surgir uma companhia como a nossa", diz Ana Roxo, 28. O grupo rejeita rótulos como nova ou jovem dramaturgia. Seus integrantes tampouco se acham os únicos do bairro, da cidade, Estado ou país. "Tem muita gente boa escrevendo", diz Marcos Gomes, 25.
Eles se encontraram em 2003 e 2004, durante workshop ministrado no Centro Cultural São Paulo por integrantes do Royal Court Theatre, de Londres, respeitado centro internacional de pesquisa e formação da área.
Mediadora no intercâmbio com o Royal Court, a professora da USP e pesquisadora Silvana Garcia tornou-se "madrinha" e logo conseguiu uma sala no CCSP, onde trabalhava, para reuniões.
Colocou-se em prática, então, a "sistemática" de propor um tema, desenvolver o texto, refazê-lo, lê-lo etc. "Até a hora em que o autor e a companhia acham que está pronto para ir para a cena, que é o que estamos fazendo agora", diz Paula Chagas, 30.
A partir do dia 13/8, a Cia. dos Dramaturgos participa da Mostra de Repertório do CCSP, onde apresentará quatro espetáculos, ora dirigidos ou interpretados pelos próprios integrantes, ora com diretores, atores e equipes técnicas convidados.
Serão encenadas quatro peças. "(Ainda Sem Título)", de Ana Roxo, é sobre quatro pessoas que tentam chegar ao final de uma peça que está sendo escrita. "Mais Um", de Cássio Pires, se passa em um fim de noite no qual personagens são transformados por estranhos que cruzam seus caminhos no metrô.
"A Degola", de Paula Chagas, fala sobre quatro flagrantes da relação homem-mulher regidas (até que ponto?) por instituições sociais. E "O Mata-Burro", de Fabio Torres, sobre bastidores do poder local e sentimentos dúbios de uma cidadezinha do Ceará, onde os burros soltos nas ruas passam a ser um estorvo.
Um ciclo de leituras, realizado em novembro de 2004, lançou oficialmente a Cia. dos Dramaturgos e livro com textos de Paula Chagas, "Peças" (edição da autora).
As quatro peças que chegam à cena vão compor o livro "Cia. dos Dramaturgos - Volume 1", que tem noite de autógrafos no dia 12/8, na Casa das Rosas, véspera da temporada no CCSP.
Na opinião de Cássio Pires, 28, o projeto da companhia vem "dessacralizar e reposicionar" a figura do autor na construção do espetáculo contemporâneo. "A idéia do poeta dramático, do gênio, isso acabou, é um princípio histórico, não atemporal. Quem é o novo Nelson Rodrigues, o novo Plínio Marcos? A pergunta no momento não é essa, desvia a atenção do que acontece de fato."
Com exceção de Claudia Pucci, 30, mineira de Belo Horizonte radicada em São Paulo há 13 anos, todos os autores são paulistanos. Completam o time Lucienne Guedes, 36, Lina Agifu, 33, e Walmir Pavan, 34.
Mostra de Repertório da Cia. dos Dramaturgos
Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/ 11/3277-3611)
Quando: 13/8 a 9/10, de ter. a sáb., às 20h e 21h30; e dom., às 18h e 20h (duas peças por noite).
Quanto: R$ 12
Lançamento de "Cia. dos Dramaturgos - Volume 1"
Onde: Casa das Rosas (av. Paulista, 37, tel. 0/xx/11/3285-6986)
Quando: dia 12/8, às 20h
Quanto: entrada gratuita; livro (edição dos autores, 120 págs.): R$ 20
Especial
Leia o que já foi publicado sobre teatro no Centro Cultural São Paulo
Cia. dos Dramaturgos exibe mostra no Centro Cultural e lança livro
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da Folha de S.Paulo
Surge em São Paulo uma companhia centrada na escrita para teatro, mas com especificidades que inovam em territórios da produção e criação. São nove pessoas, de 25 a 36 anos, que discutem o formato de seus textos, promovem leituras públicas, sim, mas também os levam para a cena e para o livro, percurso raramente cumprido no país.
Para protagonizar essa espécie de processo coletivo que não quer perder de vista a condição autoral, a Cia. dos Dramaturgos se revela bastante articulada.
Já desponta com patrocínio direto (sem mediação de leis de incentivo) do Grupo Votorantim (R$ 60 mil) e foi selecionada para o Programa Municipal de Fomento ao Teatro de São Paulo (R$ 200 mil em três parcelas).
"Somos mais conseqüência do que motor. A dramaturgia vem ganhando espaço nos últimos anos e seria natural surgir uma companhia como a nossa", diz Ana Roxo, 28. O grupo rejeita rótulos como nova ou jovem dramaturgia. Seus integrantes tampouco se acham os únicos do bairro, da cidade, Estado ou país. "Tem muita gente boa escrevendo", diz Marcos Gomes, 25.
Eles se encontraram em 2003 e 2004, durante workshop ministrado no Centro Cultural São Paulo por integrantes do Royal Court Theatre, de Londres, respeitado centro internacional de pesquisa e formação da área.
Mediadora no intercâmbio com o Royal Court, a professora da USP e pesquisadora Silvana Garcia tornou-se "madrinha" e logo conseguiu uma sala no CCSP, onde trabalhava, para reuniões.
Colocou-se em prática, então, a "sistemática" de propor um tema, desenvolver o texto, refazê-lo, lê-lo etc. "Até a hora em que o autor e a companhia acham que está pronto para ir para a cena, que é o que estamos fazendo agora", diz Paula Chagas, 30.
A partir do dia 13/8, a Cia. dos Dramaturgos participa da Mostra de Repertório do CCSP, onde apresentará quatro espetáculos, ora dirigidos ou interpretados pelos próprios integrantes, ora com diretores, atores e equipes técnicas convidados.
Serão encenadas quatro peças. "(Ainda Sem Título)", de Ana Roxo, é sobre quatro pessoas que tentam chegar ao final de uma peça que está sendo escrita. "Mais Um", de Cássio Pires, se passa em um fim de noite no qual personagens são transformados por estranhos que cruzam seus caminhos no metrô.
"A Degola", de Paula Chagas, fala sobre quatro flagrantes da relação homem-mulher regidas (até que ponto?) por instituições sociais. E "O Mata-Burro", de Fabio Torres, sobre bastidores do poder local e sentimentos dúbios de uma cidadezinha do Ceará, onde os burros soltos nas ruas passam a ser um estorvo.
Um ciclo de leituras, realizado em novembro de 2004, lançou oficialmente a Cia. dos Dramaturgos e livro com textos de Paula Chagas, "Peças" (edição da autora).
As quatro peças que chegam à cena vão compor o livro "Cia. dos Dramaturgos - Volume 1", que tem noite de autógrafos no dia 12/8, na Casa das Rosas, véspera da temporada no CCSP.
Na opinião de Cássio Pires, 28, o projeto da companhia vem "dessacralizar e reposicionar" a figura do autor na construção do espetáculo contemporâneo. "A idéia do poeta dramático, do gênio, isso acabou, é um princípio histórico, não atemporal. Quem é o novo Nelson Rodrigues, o novo Plínio Marcos? A pergunta no momento não é essa, desvia a atenção do que acontece de fato."
Com exceção de Claudia Pucci, 30, mineira de Belo Horizonte radicada em São Paulo há 13 anos, todos os autores são paulistanos. Completam o time Lucienne Guedes, 36, Lina Agifu, 33, e Walmir Pavan, 34.
Mostra de Repertório da Cia. dos Dramaturgos
Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/ 11/3277-3611)
Quando: 13/8 a 9/10, de ter. a sáb., às 20h e 21h30; e dom., às 18h e 20h (duas peças por noite).
Quanto: R$ 12
Lançamento de "Cia. dos Dramaturgos - Volume 1"
Onde: Casa das Rosas (av. Paulista, 37, tel. 0/xx/11/3285-6986)
Quando: dia 12/8, às 20h
Quanto: entrada gratuita; livro (edição dos autores, 120 págs.): R$ 20
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