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15/08/2005 - 11h39

"Mandrake", de Rubem Fonseca, entra na lista dos mais vendidos

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Nas resenhas dos livros recentes de Rubem Fonseca, é comum ler que ele está se repetindo. Dizer isso é uma chatice, pois todo artista tem suas obsessões. Anões, charutos, vinhos, batráquios e mulheres são algumas das de Fonseca. Estão todas em "Mandrake: A Bíblia e a Bengala" (veja lista dos livros mais vendidos abaixo).

Mas não é por isso que o livro não é um "grande Rubem Fonseca". Depois de oito anos sumido da obra do escritor, o advogado criminalista Mandrake (nascido Paulo Mendes) volta sem o mesmo vigor de outrora --o personagem também será tema neste ano de uma série da parceria Conspiração Filmes/HBO.

Não há, nas duas novelas que compõem o livro, pistas de que ele esteja mais velho. Mandrake continua conquistador, volúvel (ama várias mulheres simultaneamente, talvez sem amar nenhuma), ágil fisicamente.

Mas seu ritmo não é mais o sôfrego de "O Caso de F. A.", "Dia dos Namorados" e "Mandrake", contos do passado que, relidos hoje, não perderam nada da sua capacidade de deixar o leitor sem ar, acuado pela crueza de seus relatos, diálogos, imbróglios.

O Mandrake do novo livro está um pouco mais calmo, disserta e contempla mais. É fiel à imagem de seu criador, que completou 80 anos em maio como um homem pleno de vigor físico e intelectual, mas um homem de 80 anos.

Da mesma forma que em outras obras recentes, como "Diário de um Fescenino", Fonseca gasta várias páginas falando de seus --ou melhor, de Mandrake-- prazeres (vinhos, charutos...), exibindo erudição, citando livros e curiosidades. É claro que há qualidade nas páginas, mas o ritmo das histórias sofre percalços.

As tramas já são pretextos para esses passeios eruditos. "Em Mandrake e a Bíblia da Mogúncia", o advogado se envolve em um caso de furtos de livros raros, permeado por alguns assassinatos. O principal livro é a Bíblia do título, impressa por Gutenberg em 1462. Duas dessas raríssimas Bíblias ficam na Biblioteca Nacional, no Rio. Na novela, uma delas é furtada.

Naturalmente, Mandrake resolve o caso, mas não sai ileso dele. Sua perna é baleada, o que o leva a ter de usar bengala, objeto-chave da segunda novela.

Em "Mandrake e a Bengala Swaine", o anti-herói usa um arsenal de recursos para evitar a incriminação de uma suposta condessa e a sua própria --a bengala de que mais gosta é a arma utilizada para matar o marido de uma de suas amantes. Ele se safa, mas deixa claro, no final, que continua presa fácil de mulheres difíceis e histórias idem.

Fonseca cria tramas paralelas que servem mais para aumentar o número de páginas do que para incrementar a narrativa. Na segunda novela, as peripécias da animada Jéssica ainda têm o tempero picante que não pode faltar em um livro do autor. Mas, na primeira, o caso do parvo farmacêutico Remy Gagliardi não ajuda muito. Mesmo sem o vigor do passado, é um prazer reencontrar Mandrake e outros personagens que o cercam, como o policial Raul, a enxadrista Berta e o sócio Weksler. Sobre este, uma curiosidade: nas histórias anteriores, ele se chamava Wexler; Fonseca escreve agora o nome correto de Luiz Weksler, que foi seu colega de faculdade e sócio em um escritório de advocacia que funcionou entre 1949 e 1951.

E é sempre um prazer ler uma história escrita por Rubem Fonseca. Se ele se repete, está no seu direito como grande autor, ser humano e saudável octogenário.

Veja abaixo o ranking dos livros mais vendidos:

Ficção

1 - "Memória de Minhas Putas Tristes" - Gabriel García Márquez(ed. Record, R$ 24,90, 128 págs.)
2 - "O Código Da Vinci" - Dan Brown (ed. Sextante, R$ 39,90, 480 págs.)
3 - "Fortaleza Digital" - Dan Brown (ed. Sextante, R$ 29,90, 336 págs.)
4 - "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras" - Jô Soares (ed. Companhia das Letras, R$ 35, 256 págs.)
5 - "Anjos e Demônios"- Dan Brown (ed. Sextante, R$ 39,90, 464 págs.)
6 - "O Código Da Vinci - Edição Ilustrada" - Dan Brown (ed. Sextante - R$ 59,90, 400 págs.)
7 - "Mandrake - A Bíblia e a Bengala" - Rubem Fonseca (ed. Companhia das Letras - R$ 32, 200 págs.)
8 - "As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu" - Mitch Albom (ed. Sextante, R$ 19,90, 192 págs)
9 - "O Zahir" - Paulo Coelho (ed. Rocco, R$ 35, 316 págs.)
10 - "Quando Nietzsche Chorou" - Irvin D. Yalom (ed. Ediouro, R$ 44, 412 págs.)

Não-ficção

1 - "Amor É Prosa, Sexo É Poesia" - Arnaldo Jabor (ed. Objetiva, R$ 29,90,199 págs.)
2 - "Almanaque Anos 80" - Luiz André Alzer e Mariana Claudino (ed. Ediouro, R$ 49, 304 págs.)
3 - "Perdas & Ganhos" - Lya Luft (ed. Record, R$ 21,90, 128 págs.)
4 - "As Mulheres Francesas Não Engordam" - Mireille Guiliano (ed. Campus, R$ 39, 220 págs.)
5 - "O Chef Sem Mistérios" - Jamie Oliver (ed. Globo, R$ 68, 256 págs.)
6 - "Esquadrão da Moda" - Susannah Constantini e Trinny Woodall (ed. Globo, R$ 38, 144 págs.)
7 - "No Bunker de Hitler" - Joachim Fest (ed. Objetiva, R$ 27,90, 189 págs.)
8 - "Cabeça de Porco" - MV Bill e Luiz Eduardo Soares (ed. Objetiva, R$ 37,90, 282 págs.)
9 - "Hitler V.1" - Joachim Fest (ed. Nova Fronteira, R$ 52, 528 págs)
10 - "Apenas uma Garotinha - A História de Cássia Eller - Ana Claudia Landi (ed. Planeta, R$ 35, 296 págs.)

Auto-ajuda e esotéricos

1 - "O Monge e o Executivo" - James Hunter (ed. Sextante, R$ 19,90, 144 págs.)
2 - "Jesus, o Maior Psicólogo que Já Existiu" - Mark Baker (ed. Sextante, R$ 19,90, 192 págs.)
3 - "Nunca Desista de Seus Sonhos" - Augusto Jorge Cury (ed. Sextante, R$ 19,90, 160 págs.)
4 - "Pais Brilhantes, Professores Fascinantes" - Augusto Jorge Cury (ed. Sextante, R$ 19,90, 174 págs.)
5 - "Freakonomics" - Stephen J. Dubner (ed. Campus - R$ 45, 266 págs.)
6 - "Querido Papai - Bradley Trevor Greive (ed. Sextante - R$ 19,90, 96 págs.)
7 - Por Que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor" - Allan Pease (ed. Sextante, R$ 19,90, 204 págs.)
8 - "Não Leve a Vida Tão a Sério" - Hugh Prather (ed. Sextante, R$ 19,90, 160 págs.)
9 - "Você é Insubstituível" - Augusto Jorge Cury (ed. Sextante, R$ 9,90, 112 págs.)
10 - "Um Amor de Verdade" - Zibia Gasparetto (ed. Vida E Consciência, R$ 27, 416 págs.)

A lista é feita com base na soma do número de exemplares vendidos entre 12/7 e 18/7, divulgado pelas seguintes livrarias: Siciliano (todo o país), Saraiva (todo o país), Laselva (todo o país), Sodiler (Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Maceió, Natal), Cultura (São Paulo, Porto Alegre e Recife), Fnac (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília), Livraria da Vila (São Paulo), Nobel (São Paulo), e Livrarias Curitiba (Curitiba, Londrina, Florianópolis, Joinville, Porto Alegre)

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