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15/09/2005 - 17h37

Maria Rita chega mais livre e intimista em disco sincero

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MARY PERSIA
da Folha Online

O primeiro "chegou chegando", para mostrar quem era e a que veio. Agora, a coisa é mais embaixo --ou mais para dentro. "Segundo" chega nesta sexta-feira às lojas trazendo Maria Rita mais dona de si e do que produz.

Reprodução
CD chega nesta sexta
CD chega nesta sexta

"Cada disco conta uma história diferente. A do primeiro não vai se repetir nesse", considera Maria Rita, 28 anos recém-completados, deixando claro que "Segundo" não tem necessariamente que seguir a mesma trajetória do seu disco de estréia em 2003 (800 mil cópias vendidas). "Digo que o meu primeiro foi o meu segundo. As cobranças foram maiores [em 2003]. Sentia a pressão de todos os lados."

Agora, ela afirma ter tido liberdade até para decidir quando lançar um novo trabalho. E a hora chegou. "Eu me senti já 'cansada' do [primeiro] disco. Perdi Tom Capone [amigo e produtor do primeiro disco], tive filho, tanta coisa aconteceu... Ficou meio arrastado."

Luciana Cavalcanti/FI
Primeiro disco foi lançado há dois anos
Primeiro disco foi lançado há dois anos
A despeito de não ter uma única composição sua no álbum ("Ainda não está na hora", diz ela) e de dividir a produção com Lenine, "Segundo" (que chega em CD e CD com DVD) é um disco bastante autoral, da escolha do repertório à sonoridade final. "Veio num momento bastante intimista, e isso está bem representado. É uma coisa mais branca, limpa", diz a cantora. Tudo gravado ao vivo, ao mesmo tempo dentro do estúdio, para suprir uma necessidade de "mostrar o cru, o orgânico, o mais honesto possível". "Foi uma coisa natural. Fomos ensaiando as músicas e a sonoridade foi ficando tão linda que resolvemos deixar aquilo ali."

O álbum (que será trabalhado em mais de 50 países, contra os pouco mais de 30 em 2003) tem 11 faixas, mais um bônus --"Conta Outra", gravada em show e cuja versão em estúdio pode ser baixada na internet utilizando o código gravado no encarte dos CDs originais. Maria Rita conta que chegou a ouvir 1.200 músicas, mas entrou no estúdio com apenas 14 ou 15 composições.

Pela terceira vez, a cantora colhe uma música do repertório de "Bloco do Eu Sozinho", de Los Hermanos: "Casa Pré-Fabricada". Há ainda outra composição de Marcelo Camelo, a africana "Despedida", inédita, cujo batuque vem do chão do estúdio. Outra percussão pouco usual vem das unhas da cantora, batidas numa caneca plástica para marcar o ritmo do boogie "Feliz", canção à moda Rita Lee (segundo Maria Rita, foi inspirada em "Só de Você").

Divulgação
Cantora produziu "Segundo" ao lado de Lenine
Cantora produziu "Segundo" ao lado de Lenine
A cantora, aliás, discorda de que tenha "descoberto" Marcelo Camelo, como andaram dizendo. "Não fiz favor nenhum", diz Maria Rita. "Só mostrei quão versáteis são as composições dele. É tudo de bom. Ele pode fazer os rocks dele lá, e depois eu transformo."

Sem fama, mas igualmente eleito pela cantora, Rodrigo Maranhão, do grupo Monobloco, é responsável por duas faixas do disco ("Caminho das Águas", primeira música de trabalho, e o samba "Recado"). A relação vem do primeiro disco, em que suas músicas não entraram porque o repertório já estava fechado, diz Maria Rita.

Do vencedor do Oscar de melhor canção (com "Al Otro Lado del Rio", de "Diários de Motocicleta") Jorge Drexler, que conheceu em São Paulo, gravou "Mal Intento", em espanhol. E há ainda Edu Lobo, Chico Buarque, Moska, e Marcelo Yuka e O Rappa, de quem regravou "Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero)", que chegou a ela primeiro em clipe. Com as fortes imagens gravadas na memória, voltou-se para a letra e se surpreendeu. "Sempre tive essa vontade de me voltar para esse lado [social]."

Mudanças

Dentre as tantas mudanças que sofreu desde 2003, uma das mais fundamentais foi a maternidade, diz Maria Rita. "Agora não sou só cantora, também sou mãe", diz ela, que em julho de 2004 deu à luz Antonio, filho do diretor de cinema Marcus Baldini. "Com a maternidade, a gente se sente mais forte e as metas ficam mais claras."

Nesses dois anos de sucesso, ela descobriu que a dor e a delícia da fama partem, no fundo, da mesma questão: não ter as rédeas de toda a situação. "É ruim porque não tenho controle. Para um virginiano, então... Por outro lado, é muito bom porque você perde a ansiedade de controlar tudo." Afirma que ainda não entendeu a sua condição de celebridade --e não entender, ou não querer entender, foi a forma que encontrou para lidar bem com tudo isso, sem sobrecarregar a cabeça. Ser filha de Elis, ela continua a dizer, nunca a incomodou, e não seria agora que incomodaria.

Cada vez mais Maria Rita do que filha de Elis, ela afirma ter a intenção de sempre se mostrar de verdade. Por isso, comprou a idéia de um DVD mostrando a produção em estúdio, em companhia do pianista Tiago Costa, do contrabaixista Sylvinho Mazzucca e do baterista Cuca Teixeira.

"O DVD mostra só isso [a verdadeira Maria Rita]. Tinha dia que eu estava sem maquiagem, descabelada", lembra ela. "Claro que a vaidade pega. A gente se preocupa tanto em aparecer bem em respeito ao público... Mas havia uma preocupação de passar essa imagem de uma pessoa que não é estrela, diva, intocável", ressalta.

Produção

Maria Rita afirma ter ficado indecisa quanto à produção do disco após a morte de Capone. "Estava bem insegura", relata. E veio o nome de Lenine. No começo, ficou nervosa --Lenine e Chico Buarque são seus maiores ídolos, declaradamente. Mas, por ser também artista, o pernambucano estabeleceu sintonia perfeita com a cantora, dando-lhe tanta liberdade que não se nota a sua mão no disco.

E, já que produziu o disco com um ídolo, do outro a cantora decidiu gravar "Sobre Todas as Coisas", de Chico Buarque e Edu Lobo, oriunda do disco "O Grande Circo Místico". Mas trabalhar com Chico, se depender de Maria Rita, está fora de questão. Bastou a dificuldade de respirar o mesmo ar de Lenine. "Fico gaga só de pensar [em trabalhar com Chico Buarque]. Deixa pra lá. O cara é muito gênio."

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