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23/09/2005 - 10h03

"Vinicius" emocional põe de lado o "poetinha"

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LUIZ FERNANDO VIANNA
Da Folha de S.Paulo, no Rio

Plural até no nome, como brincou Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes aparece em vários formatos em "Vinicius", de Miguel Faria Jr.: diplomata, poeta clássico, poeta moderno, compositor, boêmio, político, apaixonado compulsivo. Mas uma faceta, pelo menos, o diretor diz ter lutado para deixar de fora.

"Eu não quis a figura do 'poetinha'. É até uma coisa carinhosa das pessoas mas é também uma falta de respeito porque o limita às histórias folclóricas de mulheres, porres, Ipanema. Vinicius era também isso, mas não só isso", disse Faria, anteontem, na sessão para a imprensa do filme. Ontem, "Vinicius" foi o cartaz da abertura do Festival do Rio e, hoje (23), tem duas sessões para o público.

A decisão de Faria exigiu um equilíbrio delicado: deixar o "poetinha" folclórico de lado e, ainda assim, dar ao documentário um clima informal, fiel ao jeito de Vinicius de Moraes.

"Não queria que tivesse uma cara didática, jornalística, que fosse um documentário frio. Queria mais emoção do que informação", resumiu.

Por esta razão, a cronologia não é rígida, sendo o filme mais dividido por temas do que por datas. E, também por isso, não há legendas dizendo os títulos das músicas cantadas.

Além das interpretadas por pessoas que dão depoimentos, como Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil, há algumas que artistas convidados cantam, entre eles Adriana Calcanhotto, Mônica Salmaso, Mart'Nália e Zeca Pagodinho.

"Queria outra geração cantando, pessoas de praias diferentes. Por isso, o leque é tão aberto", explicou Faria, que convidou até três rappers (MS Bom, Nego Jeff e Lerov) para improvisar em cima do poema "Blues para Emmet".

Esses números musicais seguem o fio condutor do filme, um show de cabaré sobre Vinicius preparado por dois atores, Camila Morgado e Ricardo Blat. Eles interpretam alguns poemas e dão algumas informações sobre a vida do poeta. Mas estão nos depoimentos a força do filme.

Faria colheu 16 depoimentos, entre os quais se destacam os de Tônia Carrero, sobre o Vinicius refém das paixões; de Ferreira Gullar, sobre a capacidade do amigo de "inventar a vida" com alegria; e dos amigos e parceiros Edu Lobo e Chico Buarque, sobre música, tristezas e histórias engraçadas.

"Vinicius é o contrário dos dias de hoje, quando tudo busca um resultado, um objetivo, é pragmático", diz Chico em um dos melhores momentos do filme, em que ressalta a generosidade do poeta e seu desprendimento de coisas materiais.

A ligação de Faria com Vinicius é antiga: ele foi casado com a primogênita Susana Moraes, co-produtora e entrevistada do filme --o poeta teve cinco filhos e nove casamentos. E dirigiu, em 1983, "Para Viver um Grande Amor", adaptação do musical "Pobre Menina Rica", de Carlos Lyra e Vinicius.

"Eu detesto esse filme. Estava maluco na época, e errei a mão. Agora, estou pagando uma dívida com Vinicius", disse Faria.

Vinicius
Direção: Miguel Faria Jr.
Com: Chico Buarque, Caetano Veloso, Ferreira Gullar e outros
Quando: hoje (23), às 15h e às 21h15
Onde: Estação Ipanema 1 (r. Visconde de Pirajá, 605, Rio, tel. 0/xx/21 2279-4603)
Quanto: R$ 12

Especial
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