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29/09/2005
-
10h16
GUSTAVO FIORATTI
Colaboração para a Folha de S.Paulo
"Fofinhos" seria o adjetivo imediato e mais pueril para designar as figuras de cogumelos, coelhos, ursos e outros bichinhos que habitam as pinturas do artista britânico Gerard Hemsworth na exposição individual "Mushrooms in the Rain", na Brito Cimino.
Mas a memória não trai. Em grandes dimensões, as 16 acrílicas roubam a linguagem usada por ilustrações de fábulas para filtrar lembrança de smurfs, ursinhos gummies e outros catatais que renegamos ao deixar a infância.
A diferença é que, diante do trabalho de Hemsworth, a experiência passa por uma espécie de estranhamento para maiores: simples como os de Disney, seus traços são interrompidos por um grafismo minimalista, aparentemente sem nexo, muitas vezes abstrato. Como no caso de arcos simbolizando (quem sabe?) nuvens de algumas paisagens.
E, de "fofinha", aquela representação passa a "ingênua". "As crianças adoram meus quadros, mas os adultos os compreendem de maneira diferente", diz o artista. "À primeira vista, eles causam uma sensação de familiaridade. Mas, se você presta atenção, existe alguma coisa esquisita ali."
Além da proposta estética, que faz a imagem de uma chuva com pouquíssimos traços verticais, Hemsworth atribui valor especial ao tom narrativo de cada figura. Em uma delas, dois ursos pescam num lago. Há uma competição entre os dois, segundo o artista. Em outra, uma pequena ursa passa batom nos lábios, e "existe certo risco na imagem de uma criança imitando um adulto", divaga.
Os métodos de produção são simples: um computador mediano mataria em poucos minutos o desenho que ele passa pelo menos algumas horas lapidando, ainda que a impressão jamais alcançasse o mesmo resultado.
Pela geometria, pela facilidade do traço, pela homogeneidade das cores, em tudo os desenhos lembram a era da informática. "Vivo no tempo do computador, por isso as referências surgem. Mas o resultado que busco eu só consigo com a pintura. As dimensões de cada elemento, por exemplo, têm importância para mim."
Mushrooms in the Rain
Quando: ter. a sex., das 11h às 19h; e sáb., das 11h às 17h
Onde: galeria Brito Cimino (r. Gomes de Carvalho, 842, tel. 0/xx/11 3842-0635)
Quanto: grátis
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Gerard Hemsworth
Britânico causa estranhamento com série de desenhos "fofinhos"
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Colaboração para a Folha de S.Paulo
"Fofinhos" seria o adjetivo imediato e mais pueril para designar as figuras de cogumelos, coelhos, ursos e outros bichinhos que habitam as pinturas do artista britânico Gerard Hemsworth na exposição individual "Mushrooms in the Rain", na Brito Cimino.
Divulgação |
"A Question of Rhetoric", obra de Hemsworth |
A diferença é que, diante do trabalho de Hemsworth, a experiência passa por uma espécie de estranhamento para maiores: simples como os de Disney, seus traços são interrompidos por um grafismo minimalista, aparentemente sem nexo, muitas vezes abstrato. Como no caso de arcos simbolizando (quem sabe?) nuvens de algumas paisagens.
E, de "fofinha", aquela representação passa a "ingênua". "As crianças adoram meus quadros, mas os adultos os compreendem de maneira diferente", diz o artista. "À primeira vista, eles causam uma sensação de familiaridade. Mas, se você presta atenção, existe alguma coisa esquisita ali."
Além da proposta estética, que faz a imagem de uma chuva com pouquíssimos traços verticais, Hemsworth atribui valor especial ao tom narrativo de cada figura. Em uma delas, dois ursos pescam num lago. Há uma competição entre os dois, segundo o artista. Em outra, uma pequena ursa passa batom nos lábios, e "existe certo risco na imagem de uma criança imitando um adulto", divaga.
Os métodos de produção são simples: um computador mediano mataria em poucos minutos o desenho que ele passa pelo menos algumas horas lapidando, ainda que a impressão jamais alcançasse o mesmo resultado.
Pela geometria, pela facilidade do traço, pela homogeneidade das cores, em tudo os desenhos lembram a era da informática. "Vivo no tempo do computador, por isso as referências surgem. Mas o resultado que busco eu só consigo com a pintura. As dimensões de cada elemento, por exemplo, têm importância para mim."
Mushrooms in the Rain
Quando: ter. a sex., das 11h às 19h; e sáb., das 11h às 17h
Onde: galeria Brito Cimino (r. Gomes de Carvalho, 842, tel. 0/xx/11 3842-0635)
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