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30/09/2005 - 10h49

5ª Bienal do Mercosul se volta ao passado

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FABIO CYPRIANO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Porto Alegre

Enquanto bienais se voltam mais para o futuro, apontando novas direções, ou para o presente, ressaltando tendências, a 5ª Bienal do Mercosul é inaugurada hoje, em Porto Alegre, voltada ao passado.

Com uma montagem "acadêmica", que coloca, nos dois espaços mais suntuosos da capital gaúcha, os artistas do núcleo histórico e divide em cinco pavilhões no cais do porto e na Usina do Gasômetro os selecionados contemporâneos por suportes --pintura, instalação, fotografia e vídeo-, a Bienal está mais para uma exposição museológica do que uma mostra do tipo bienal.

"Essa é uma bienal que aposta mais na formação do público, com trabalhos que mostram certa experiência e maturidade, do que em novas carreiras. Há muita resistência à arte contemporânea no meio da arte, há militantes contra arte contemporânea, é preciso ampliar o público", diz Paulo Sergio Duarte, curador da mostra.

Com isso, Duarte evita outra tendência das bienais, que é tornar tais eventos um centro de experimentação e diálogo entre os agentes da cena contemporânea.

"Creio que esse diálogo existe hoje em outros meios. Há 30 anos era diferente, a Bienal tinha mesmo de exercer essa função, pois havia poucos espaços de intercâmbio. Agora, o que parece acadêmico e velho é, na verdade, um novo tempo", defende o curador.

Com o tema geral de "Histórias da Arte e do Espaço", a Bienal está dividida em quatro vetores: "Da Escultura à Instalação", "Transformações do Espaço Público", "Direções do Novo Espaço" e "A Persistência da Pintura", sendo que os dois primeiros se dividem em núcleos históricos e contemporâneos. A mostra tem ainda Amilcar de Castro como artista homenageado, com mais de 80 obras alocadas em todos os vetores.

"Essa bienal pertence mais à arte do que ao autor, não é uma bienal autoral, com tese, não existem grandes estrelas que não se conectam; aqui se buscou um território contínuo", conta Duarte.

Com isso, o curador não assume riscos e cria uma bienal sem grandes tensões. No núcleo histórico de "Histórias da Arte e do Espaço", no Santander Cultural, encontra-se o grupo que partiu do movimento concreto para novas experiências no espaço, como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape, sem, no entanto, apresentar seus trabalhos mais radicais. Oiticica, por exemplo, é visto apenas nos "Metaesquemas".

No espaço ao lado, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) está o núcleo histórico "A Persistência da Pintura", também constituído basicamente por artistas com tendências construtivas, como Aluísio Carvão, Hércules Barsotti e Waldemar Cordeiro.

No vetor "Transformações do Espaço Público", com 11 intervenções públicas, quatro delas se tornarão permanentes, com obras de Carmela Gross, José Resende, Mauro Fuke e Waltércio Caldas, todas ainda a serem montadas.

É no cais do porto e na Usina do Gasômetro que a arte contemporânea marca de fato presença, no entanto contida pela divisão dos suportes, como se a pintura dialogasse apenas com a pintura, a instalação com a instalação e assim sucessivamente, o que gerou comentários descontentes por parte dos artistas.

"Para o público é bom, para o artista talvez não seja, mas há um espaço muito generoso para todos eles", afirma Duarte.

No vetor "Persistência da Pintura", o destaque fica por conta de artistas que rompem com a tela e levam a pintura para novos suportes, como as próprias paredes, caso de Sandra Cinto, do chileno Camilo Yañes e do argentino Juan Tessi, além do gaúcho Carlos Pasquetti, que apresenta polaróides e colagens.

Já em "Da Escultura à Instalação", participam artistas de renome, como Ernesto Neto, Jac Leirner, Rivane Neuenschwander e Waltércio Caldas, entre outros.

A mostra ganha, de fato, a tensão costumeira das bienais na Usina do Gasômetro, em "Direções do Novo Espaço", onde estão as fotografias e vídeos, e os mais jovens artistas brasileiros --e eles são poucos-- selecionados para a mostra: Thiago Rocha Pitta e Laura Erber.

Ser jovem não representa necessariamente criar uma arte do futuro, mas não se pode esquecer que Ivan Serpa, que está no núcleo histórico, ganhou um prêmio na 1ª Bienal de São Paulo, em 1951, aos 27 anos. Teria sido bom ver mais promessas em Porto Alegre e não tantos artistas consolidados.

5ª Bienal do Mercosul
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a dom., das 9h às 21h. Até 4/12
Onde: Novos espaços no centro de Porto Alegre, entre eles Santander Cultural e Museu de Arte do Rio Grande do Sul, e cinco galpões no cais do porto
Quanto: entrada franca

O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da Fundação Bienal do Mercosul

Especial
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