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04/10/2005 - 09h38

DVD salva mercado musical

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

O mercado fonográfico brasileiro recuperou em 2004 o terreno perdido em 2003, mas pode ver desaparecer neste ano parte do que reconquistou. Essa gangorra é a imagem resultante do relatório divulgado ontem pela ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), que apresenta os números do ano passado e a prévia do primeiro semestre de 2005.

Entre 1997 e 2002, o mercado formal caiu 50%. O abismo se aprofundou em 2003: em relação ao ano anterior, caíram as cifras movimentadas (R$ 726 milhões para R$ 601 milhões) e as unidades vendidas (75 milhões para 56 milhões). A temporada 2004 foi de alívio: R$ 706 milhões (17% de crescimento) e 66 milhões (18%).

"Preferimos não falar em crescimento [em 2004], porque o mercado sofreu vários revezes nos últimos anos. Tivemos uma pequena recuperação por causa de uma melhor situação macroeconômica do país e do grande aumento da venda de DVDs", avalia o diretor-geral da ABPD, Paulo Rosa.

Mas o alívio pode ter sido temporário. Nos primeiros seis meses deste ano, já se constatou um recuo de 12,9% em valores e 19,4% em unidades vendidas.

"Em 2005, a situação do consumo se deteriorou no Brasil. E a venda de DVDs está apresentando retração em todo o mundo. Mas acreditamos que, no final do ano, o resultado dos DVDs ainda será positivo", diz Rosa. Para ele, a tendência de queda no mercado pode ser atenuada pelos lançamentos de final de ano.

O super-herói das gravadoras brasileiras é mesmo o DVD. A venda dos discos audiovisuais mais do que dobrou em 2004: 101% em valores (R$ 180 milhões) e 107% em unidades vendidas (7,3 milhões). Em nenhum outro país houve um crescimento desse porte. Nos CDs, a recuperação nacional foi de apenas 2,9%.

Os DVDs respondem hoje por 26% da receita das empresas do país, enquanto nos EUA a fatia é de 5% e, no Japão, líder no segmento, é de 11%. O Brasil é o sétimo no ranking dos DVDs, enquanto é só o 12º no geral --subiu uma posição desde o ano passado, ultrapassando o México.

Para Rosa, é inevitável que as gravadores continuem apostando nos DVDs, ainda que variando seu formato, hoje mais voltado para a reprodução de shows.

O proprietário da independente Trama, João Marcello Bôscoli, acha que as grandes empresas estão dando um tiro no pé. "Essa noção de que o DVD substitui o CD é uma loucura. A música não pode perder uma mídia exclusiva. Se não tomarmos cuidado, pode haver um colapso, pois é uma mídia cara para a gravadora. E não são todos os artistas que funcionam como imagem", diz Bôscoli.

"A participação dos DVDs, para os independentes, é menos importante do que para as 'majors', pela natureza dos custos. A tendência também é de crescimento, mas ainda são necessários uns dois ou três anos para estabilizar", disse Pena Schmidt, presidente da ABMI (Associação Brasileira de Música Independente).

O alívio brasileiro contribuiu para que a América Latina seja a região com o melhor desempenho em 2004: aumento de 9,2% em unidades e 12,6% em valores, movimentando US$ 1 bilhão. Das outras regiões, só a América do Norte cresceu: 2,6% em unidades e 2,2% em valores. Essa variação se deve à recuperação do líder mercado americano: mais 2,6% em valores (US$ 12,1 milhões).

Usher, com "Confessions", foi quem mais vendeu CDs no mundo em 2004, superando Norah Jones, Eminem, U2 e Avril Lavigne. No Brasil, os sertanejos continuam fortes, com Leonardo e Bruno & Marrone encabeçando o top 20 de CDs. Ivete Sangalo, terceira nos CDs, lidera os DVDs.

Mas, nas gavetas criadas pela indústria, o pop/rock continua predominando nas vendas: 34% dos CDs e 41% dos DVDs. Um dos principais responsáveis é o U2, com "How to Dismantle an Atomic Bomb": sétimo na lista de CDs e segundo na de DVDs.

Em 2004, a ABPD não aferiu o quinhão da pirataria, mas Paulo Rosa acredita que ele esteja estabilizado na faixa de 2003, 52%.

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