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13/10/2005 - 16h47

Violeiro Passoca evoca Adoniran e João Pacífico

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JANAINA FIDALGO
da Folha de S. Paulo

Diz Passoca, 55, que a música dele fica onde começa a cidade e termina o campo e onde termina o campo e começa a cidade. A definição do violeiro pode soar imprecisa, em princípio, mas, ao escutar os três discos da caixa "Passoca - 30 Anos", nota-se esse caráter de "música de fronteira".

Neste lançamento, Passoca dá vazão ao seu lado intérprete ao passear pelo samba paulistano de Adoniran Barbosa, em canções inéditas, recuperar a simplicidade poética de João Pacífico e cantar os clássicos da música caipira.

Tudo isso --e também sua face autoral-- Passoca leva amanhã ao Sesc Pompéia, onde lança a caixa comemorativa dos 30 anos de carreira.

Nascido em Santos, Passoca criou-se nos arrabaldes de São Paulo. Do pai, morto quando ele tinha apenas um ano de idade, herdou uma coleção de discos.

"O meu pai trabalhava na Casa Bevilacqua, nos anos 30 e 40. Ele gostava de disco e dava muitos para a minha mãe", conta. "Eu subia no banquinho e punha os discos na vitrola. Tinha tudo: Orlando Silva, Luiz Gonzaga, Glenn Miller, Duke Ellington, Noel Rosa. Eu também ouvia muito rádio. Isso marcou a minha infância."

Se desde bem pequeno Passoca cantarolava, foi aos 12 anos seu primeiro contato com o violão -instrumento que aprendeu a tocar só. Anos depois, na faculdade de arquitetura, nasceu seu primeiro conjunto, o Flying Banana.

"A gente trazia aquela herança do tropicalismo, mas já havia uma intenção de cantar as coisas mais próximas do regional", recorda. "Nesse período comprei uma viola e comecei a burilar. Percebi que havia um repertório na minha memória dessas coisas que eu ouvia quando garoto."

Vanguarda paulistana

Em 1979, gravou "Que Moda", no qual incursiona pelo mundo caipira, com um pé em sua origem urbana. Anos depois, envolveu-se com expoentes da chamada "vanguarda paulistana": Arrigo Barnabé e Vânia Bastos (com quem foi casado e tem dois filhos). Em 1983, apadrinhado por Barnabé, gravou "Sonora Garoa". E, em 1992, fez "Sabiacidade".

"O tipo de coisa que eu fazia não interessava muito às gravadoras mais comerciais. Estou com 30 anos de profissão e a maior parte das pessoas não me conhece", diz.

Gravados originalmente com o incentivo da Lei Mendonça, "Breve História da Música Caipira" (1997) e "Passoca Canta Inéditos de Adoniran" (2000) são reeditados pela gravadora Atração Musical na caixa (R$ 50) que traz ainda um disco inédito: "Passoca Canta João Pacífico".

"Gravei "Breve História" porque percebi que a geração mais nova, que estava consumindo essas duplas sertanejas, estavam sem referência da cultura caipira. Senti que eles precisavam escutar os compositores da década de 40."

E os sambas de Adoniran? "Ouvi no rádio um senhor chamado Juvenal Fernandes, que foi amigo do Adoniran, dizendo que tinha uma pasta cheia de letras. Fui falar com o Juvenal, e ele tinha uma fita com 40 músicas e letras, cantadas sem acompanhamento por vários compositores", conta.

"Musicalmente não era o Adoniran, eram outros compositores. O que costurava aquilo era o texto dele, a letra. Escolhi o que eu conseguiria, como intérprete, dar o recado."

No show, acompanhado de Thomas Howard, Renato Anesi, Thomas Roher e Adriano Busco, Passoca canta "Curió", "Tristeza do Jeca", "Lagartixa", "Cabocla Tereza" e "Relógio da Paulista".

Serviço
Passoca
Quando: amanhã, às 21h
Onde: Sesc Pompéia --teatro (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 4 a R$ 12

Especial
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