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14/10/2005 - 18h47

Gilberto Gil diz que sente "falta da música"

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MARÍA CARMONA
da France Presse, em Paris

O ministro brasileiro da Cultura, Gilberto Gil, fez nesta sexta-feira em Paris uma ardente defesa da Convenção sobre a Diversidade Cultural, que será submetida na próxima semana à conferência geral da Unesco, e se declarou "satisfeito" com seu trabalho ministerial, embora reconheça que "lhe falta um pouco" de música.

Gilberto Gil, que presidirá a delegação brasileira nos debates sobre Cultura nessa instância internacional, será condecorado no domingo por seu colega francês, Renaud Donnedieu de Vabres, com a medalha Grande Oficial da Legião de Honra, o maior grau desta distinção francesa.

O ministro será condecorado tanto por seu desempenho como ministro da Cultura (e sua defesa da diversidade cultural) quanto por sua carreira artística.

"São duas coisas distintas. Minha carreira de músico é um veículo para meu espírito, para expressar minhas preocupações, minha forma de ver a vida. Essencialmente, para me comunicar com as pessoas. Estou sentindo falta disto agora, pois não posso compor e escrever canções. O trabalho de ministro me toma muito tempo", disse.

"Mas, pelo menos, consigo fazer alguns shows, o que me satisfaz, me anima, porque faço a parte que mais gosto: atuar, cantar", acrescentou.

"Quanto a meu papel como ministro, estou contente. Estou contente com a forma como faço meu trabalho, porque me dedico a fundo, mas também fico satisfeito com os resultados. Acredito que tivemos ocasião de propor formas novas de atuar no campo cultural, de fazer com que o Brasil ocupe um lugar importante no cenário internacional nas questões culturais", explicou.

"E, no Brasil, estamos implementando projetos novos, inclusive em setores da população que antes estavam excluídos da cultura e da possibilidade de apresentar suas formas de expressão. Tudo isto me traz muita satisfação", disse Gil.

O ministro lembrou a importância da Convenção da Unesco sobre a proteção da diversidade dos conteúdos culturais e das expressões artísticas, afirmando que o "Brasil a defendeu com entusiasmo", porque "a diversidade cultural é um elemento constituinte da identidade do país".

Gil sublinhou a importância de que a Convenção consagre "a dualidade dos bens culturais, reconhecendo não apenas sua dimensão econômica, comum aos demais bens, mas também uma dimensão propriamente cultural, de criatividade humana".

Ao ser perguntado se a oposição dos Estados Unidos a essa Convenção limita o peso jurídico do texto, o ministro afirmou: "Temos que avançar apesar das dificuldades impostas pela realidade e pela conjuntura atual".

Ele lembrou a retirada do apoio dos Estados Unidos ao Protocolo de Kyoto sobre a emissão de gases de efeito estufa.

"Nós deixamos de avançar porque os Estados Unidos se opuseram ao protocolo? Acredito que temos de continuar avançando, que a existência deste instrumento fará com que os países contrários terminem aceitando gradualmente a necessidade das medidas adotadas", argumentou.

"A Convenção não resolverá definitivamente todos os problemas, os que surgirem terão de ser resolvidos mediante diálogo, mas a Convenção estabelecerá uma dinâmica de reconhecimento mundial", sustentou.

Gilberto Gil falou com entusiasmo do sucesso das diversas manifestações do Ano do Brasil na França. "A presença do Brasil na França foi grande, variada, rica em diversos setores. O público aproveitou as exposições, as peças, os filmes e os concertos musicais", expressou.

"Houve todo tipo de manifestação cultural brasileira, inclusive nas pequenas cidades. Também tivemos discussões teóricas, simpósios e seminários acadêmicos sobre temas econômicos e científicos. Mostramos um Brasil amplo e diverso. Foi muito positivo", concluiu.

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