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26/10/2005
-
10h23
LEONARDO CRUZ
Editor-Assistente de Ilustrada
Antes de tudo, um aviso: é preciso ter estômago para saborear "Dumplings". Seu diretor, Fruit Chan, usa o horror para criticar a busca pela beleza eterna, pela pele sem rugas, pelo corpo impecável --algo tão comum à Hong Kong atual, palco do filme, quanto a qualquer outra sociedade ocidentalizada.
Os tais "dumplings" do título estão no coração da cozinha cantonesa. Espécie de trouxa de arroz recheada com marisco, carne ou vegetais, é um prato tradicional na China, de consumo diário. E quem o prepara é a jovem Mei (Ling Bai), autora da receita do "dumpling" perfeito, de excelente sabor e prometidos efeitos rejuvenescedores.
Quem encara a iguaria é a sra. Lee (Maggie Cheung), atriz veterana, movida pela vaidade e pelo desejo de reconquistar o marido, mais interessado em garotinhas, e assombrada por reprises de novelas onde aparece jovem.
O segredo da receita está em seu recheio, fetos humanos, mais eficazes do que qualquer botox ou plástica e responsáveis por cavalares doses de náusea no espectador desavisado. E é no recurso ao nojento (e ao profano) para atingir a beleza que Fruit Chan mostra que o homem de hoje está disposto ao inadmissível para satisfazer seus desejos estéticos.
"Dumplings" é a versão estendida do curta homônimo que o diretor fez para "Três... Extremos", filme em episódios exibido neste ano no Festival do Rio.
Com mais tempo, Fruit Chan pôde abordar outro nervo exposto, este bem típico de seu país: as recorrentes (e muitas vezes ilegais) práticas de aborto, especialmente quando a criança é menina. Dado o rígido controle da taxa de natalidade na China, muitos pais recorrem ao aborto quando sabem que não terão um garoto.
Ex-cirurgiã, Mei cria uma rota de tráfico de fetos, comprando corpos em hospitais chineses e fatiando-os na mesa da cozinha de seu apartamento em Hong Kong.
Dumplings
Direção: Fruit Chan
Quando: amanhã, às 17h10, no Frei Caneca Arteplex; e sexta, às 16h40, no Cine Bombril
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Fruit Chan critica a busca pela beleza eterna em "Dumplings"
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Editor-Assistente de Ilustrada
Antes de tudo, um aviso: é preciso ter estômago para saborear "Dumplings". Seu diretor, Fruit Chan, usa o horror para criticar a busca pela beleza eterna, pela pele sem rugas, pelo corpo impecável --algo tão comum à Hong Kong atual, palco do filme, quanto a qualquer outra sociedade ocidentalizada.
Os tais "dumplings" do título estão no coração da cozinha cantonesa. Espécie de trouxa de arroz recheada com marisco, carne ou vegetais, é um prato tradicional na China, de consumo diário. E quem o prepara é a jovem Mei (Ling Bai), autora da receita do "dumpling" perfeito, de excelente sabor e prometidos efeitos rejuvenescedores.
Quem encara a iguaria é a sra. Lee (Maggie Cheung), atriz veterana, movida pela vaidade e pelo desejo de reconquistar o marido, mais interessado em garotinhas, e assombrada por reprises de novelas onde aparece jovem.
O segredo da receita está em seu recheio, fetos humanos, mais eficazes do que qualquer botox ou plástica e responsáveis por cavalares doses de náusea no espectador desavisado. E é no recurso ao nojento (e ao profano) para atingir a beleza que Fruit Chan mostra que o homem de hoje está disposto ao inadmissível para satisfazer seus desejos estéticos.
"Dumplings" é a versão estendida do curta homônimo que o diretor fez para "Três... Extremos", filme em episódios exibido neste ano no Festival do Rio.
Com mais tempo, Fruit Chan pôde abordar outro nervo exposto, este bem típico de seu país: as recorrentes (e muitas vezes ilegais) práticas de aborto, especialmente quando a criança é menina. Dado o rígido controle da taxa de natalidade na China, muitos pais recorrem ao aborto quando sabem que não terão um garoto.
Ex-cirurgiã, Mei cria uma rota de tráfico de fetos, comprando corpos em hospitais chineses e fatiando-os na mesa da cozinha de seu apartamento em Hong Kong.
Dumplings
Direção: Fruit Chan
Quando: amanhã, às 17h10, no Frei Caneca Arteplex; e sexta, às 16h40, no Cine Bombril
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