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28/10/2005 - 10h11

Documentários elevam som da mostra

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LUCIO RIBEIRO
Colunista da Folha de S.Paulo

Sete anos de produção, 1.500 horas de filmagens e um Grande Prêmio do Júri de Sundance depois, chegou ao Brasil via Mostra o documentário "Dig!" (2003). Na atual temporada de shows de rock, pode ser considerado mais uma grande atração.

O filme traça a trajetória na cena pop de dois bons amigos (e depois amargos rivais), Anton Newcombe e Courtney Taylor, músicos iniciantes, talentosos e de gênios diferentes. É o retrato do nascer e da ascensão da banda Dandy Warhols, de Taylor, e do nascer e da desgraça do Brian Jonestown Massacre, de Newcombe.

Os dois grupos iniciam carreira em clubecos sujos de Portland, Oregon, com o mesmo propósito: "Sinto que há uma revolução acontecendo. Vamos dominar o mundo com nossa música". O que também pode ser traduzido como "detonar todas as drogas" e "sair todas as noites".

Ondi Timoner, amiga de Taylor e Newcombe, acompanha os dois músicos através de shows e gravações, altos e baixos, amores e obsessões, prisões e ameaças de morte, tudo em seu limite. Sempre tendo como pano de fundo a indústria da música no geral e a cena independente em particular.
A câmera de Timoner é mais focada em Newcombe, um pouco porque ele é mais talentoso que Taylor, mas principalmente porque é bem mais explosivo, furioso, "incompreendido". Newcombe é o próprio rock star, mesmo que ninguém de fora do circuito indie de Portland saiba disso.

Enquanto Newcombe trata seus companheiros de banda como imbecis e quase não conseguem terminar um só show sem o pau quebrar, Taylor segue na paz com seus amigos de Dandy Warhols e parte para assinar o primeiro contrato e gravar o primeiro CD.

"Dig!" não quer passar a mensagem de que um comportamento "família" é meio caminho para o sucesso de uma banda de rock e que a autodestruição não está com nada. Mas é interessante ver como o acaso e os meandros da indústria da música podem levar duas bandas pequenas que faziam shows conjuntos em bares quaisquer à seguinte cena, lá para o final do filme: na mesma época em que o Dandy Warhols chega a tocar no palco principal do britânico Reading Festival, talvez a principal reunião de bandas do mundo, o documentário flagra mais uma explosão de raiva de Newcombe com seus companheiros, chegando de um show em um boteco americano vazio, abrindo a porta da van e jogando todos os instrumentos do grupo na rua.

A ironia da história é que, hoje, com "Dig!" lançado nos cinemas, o Dandy Warhols amarga as piores críticas ao seu quinto álbum, recém-lançado. E o Brian Jonestown Massacre encerrou turnê lotada nos EUA e agora vai tocar na Ásia e na Europa. Graças a "Dig!".

Dentro da linha "filmes para ouvir", a Mostra exibe hoje, às 16h10, na Sala UOL, o excelente "Festival Express" (2003). Estrelando Janis Joplin, The Grateful Dead, Buddy Guy, The Band e Flying Burrito Brothers, mostra uma pouco lembrada excursão de astros da hora pelo Canadá por cinco dias no verão de 1970.

"Festival Express" tem seu charme não só por ser uma impressionante janela de uma época bem particular da história da música e do comportamento jovem. Também porque o festival foi financeiramente um desastre (os hippies faziam motim e pregavam entrada grátis para os shows) e tudo foi tão tumultuado que as gravações ficaram perdidas por 30 anos.

Também dentro da programação "sonora" do evento cinematográfico, "Ponha a Agulha sobre o Registro" (2004), que passa segunda, às 19h, no Cineclube Vitrine, fala da música eletrônica. Filmado numa conferência sobre o gênero em Miami, traz mais de 40 entrevistas sobre o fenômeno da figura do DJ como ídolo popular e é recheado por cena de bastidores de clubes e discotecagens.

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