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28/10/2005
-
10h18
IRINEU FRANCO PERPETUO
Colaboração para a Folha de S.Paulo
Sensual, charmosa e vulcânica, Martha Argerich não é conhecida apenas no mundinho restrito da música erudita. Quem assistiu ao documentário "Nelson Freire", de João Moreira Salles, vai se lembrar dos longos cabelos negros (com fios brancos, é verdade) e da prosa cativante desta que é, sem exagero, uma das maiores pianistas da atualidade.
Argerich tem uma série de manias e idiossincrasias, e uma delas é a de nunca falar com a imprensa. Trazer uma hora de entrevista com ela talvez seja o maior mérito de "Martha Argerich, Conversas Noturnas", de Georges Gachot.
Nascida em Buenos Aires, em 1941, Argerich foi uma criança-prodígio, enviada para aperfeiçoamento para a Europa em 1955 pelo todo-poderoso presidente Perón. Vitórias nos concursos internacionais de Bolzano e Varsóvia impulsionaram uma brilhante carreira internacional, que não foi abalada pelos cancelamentos constantes. Em um trecho do filme, ela fala sobre a primeira vez em que desmarcou um concerto.
Ela tinha 17 anos e estava curiosa para ver o que aconteceria se faltasse a uma apresentação, alegando estar machucada. Para dar mais verossimilhança à história, infringiu-se uma lesão no dedo. O corte foi tão sério que teve de cancelar os recitais subseqüentes.
O documentário não conta a trajetória dela de maneira linear. Argerich é deixada solta, falando sobre música, compositores e repertório. O formato é simples: depoimentos da pianista são alternados com imagens de arquivo.
Carinho especial é devotado ao austríaco Friedrich Gulda, 11 anos mais velho e influência decisiva em sua carreira, que é mostrado tocando Beethoven, fumando e jogando pingue-pongue.
E que imagens! Trecho do "Concerto nº 1" de Liszt, sob regência de Leinsdorf, em 1973; pedaço do terceiro movimento do concerto de Ravel, em 91, sob a batuta de Dutoit, tocado com uma rapidez de perder o fôlego; e uma breve aparição em duo com Nelson Freire, no teatro Colón, em 99, são apenas alguns destaques, assim como uma raríssima ocasião em que a ouvimos tocando música popular ("Libertango", de Piazzolla). É a altíssima qualidade do fazer musical que faz de "Martha Argerich, Conversas Noturnas" um filme leve e gostoso de assistir.
Martha Argerich, Conversas Noturnas
Direção: Georges Gachot
Quando: hoje, às 16h, no Cine MorumbiShopping; e dia 2, às 17h, no Cine Olido
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Filme traz entrevista de pianista portenha
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Colaboração para a Folha de S.Paulo
Sensual, charmosa e vulcânica, Martha Argerich não é conhecida apenas no mundinho restrito da música erudita. Quem assistiu ao documentário "Nelson Freire", de João Moreira Salles, vai se lembrar dos longos cabelos negros (com fios brancos, é verdade) e da prosa cativante desta que é, sem exagero, uma das maiores pianistas da atualidade.
Argerich tem uma série de manias e idiossincrasias, e uma delas é a de nunca falar com a imprensa. Trazer uma hora de entrevista com ela talvez seja o maior mérito de "Martha Argerich, Conversas Noturnas", de Georges Gachot.
Nascida em Buenos Aires, em 1941, Argerich foi uma criança-prodígio, enviada para aperfeiçoamento para a Europa em 1955 pelo todo-poderoso presidente Perón. Vitórias nos concursos internacionais de Bolzano e Varsóvia impulsionaram uma brilhante carreira internacional, que não foi abalada pelos cancelamentos constantes. Em um trecho do filme, ela fala sobre a primeira vez em que desmarcou um concerto.
Ela tinha 17 anos e estava curiosa para ver o que aconteceria se faltasse a uma apresentação, alegando estar machucada. Para dar mais verossimilhança à história, infringiu-se uma lesão no dedo. O corte foi tão sério que teve de cancelar os recitais subseqüentes.
O documentário não conta a trajetória dela de maneira linear. Argerich é deixada solta, falando sobre música, compositores e repertório. O formato é simples: depoimentos da pianista são alternados com imagens de arquivo.
Carinho especial é devotado ao austríaco Friedrich Gulda, 11 anos mais velho e influência decisiva em sua carreira, que é mostrado tocando Beethoven, fumando e jogando pingue-pongue.
E que imagens! Trecho do "Concerto nº 1" de Liszt, sob regência de Leinsdorf, em 1973; pedaço do terceiro movimento do concerto de Ravel, em 91, sob a batuta de Dutoit, tocado com uma rapidez de perder o fôlego; e uma breve aparição em duo com Nelson Freire, no teatro Colón, em 99, são apenas alguns destaques, assim como uma raríssima ocasião em que a ouvimos tocando música popular ("Libertango", de Piazzolla). É a altíssima qualidade do fazer musical que faz de "Martha Argerich, Conversas Noturnas" um filme leve e gostoso de assistir.
Martha Argerich, Conversas Noturnas
Direção: Georges Gachot
Quando: hoje, às 16h, no Cine MorumbiShopping; e dia 2, às 17h, no Cine Olido
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