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07/12/2005 - 10h23

Desenhos de Amilcar ganham livro

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MARIO GIOIA
da Folha de S.Paulo

O ano Amilcar de Castro tem um dos seus capítulos finais hoje, com o lançamento do livro "Preto no Branco - A Arte Gráfica de Amilcar de Castro", na Casa das Rosas, em São Paulo, às 19h.

Principal homenageado da 5ª Bienal do Mercosul, um dos principais nomes do Ano do Brasil na França e foco de exposição na galeria Millan Antonio, em São Paulo, Amilcar (1920-2002) realizou uma importante obra gráfica, com destaque para a reforma que assinou, em 1957, nas páginas do "Jornal do Brasil".

"Ele tem um papel fundamental na história gráfica brasileira, com importância equivalente a da sua escultura dentro das artes plásticas brasileiras", afirma Yanet Aguilera, que fez a organização e seleção de "Preto no Branco".

Antes de Amilcar repaginar o visual do diário carioca, os jornais tinham suas primeiras páginas quase que inteiramente dominadas por textos. O artista utilizou a fotografia e espaços em branco para renovar de forma irreversível o aspecto gráfico da imprensa brasileira. "Amilcar produziu a mais significativa experiência gráfica na imprensa nacional com a reforma no JB", afirma o filósofo e professor de estética da USP, Franklin de Mattos.

Mattos foi quem convidou o artista mineiro para outro projeto-chave nas artes gráficas nacionais, o "Jornal de Resenhas", que começou a ser publicado em 1999 como resultado de uma parceria entre a Folha, a Discurso, a USP, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a Unesp (Universidade Estadual Paulista).

"Ele era meio durão, nunca ficava completamente satisfeito, mas sempre foi tranqüilo trabalhar com ele", conta Mattos, um dos editores do "Jornal de Resenhas", que deixou de circular em 2004. Para ele, "Preto no Branco" tem o mérito de reunir as experiências gráficas de Amilcar em diferentes periódicos brasileiros. "O livro cobre uma lacuna. Não havia um estudo de fôlego sobre a produção gráfica completa do artista."

O projeto gráfico do livro, assinado por Eliane Stephan e Ana Starling, leva em conta as características da obra do artista. "É uma releitura do sofisticadíssimo estilo de Amilcar, que constrói o design das páginas equilibrando o branco, as letras e as fotos ou ilustrações", diz Aguilera. Logo no primeiro capítulo, "Pulsões do Construtivismo", a primeira parte do texto é exibida com só uma coluna vertical, cercada de branco.

O poeta e crítico de arte Ferreira Gullar, um dos principais teóricos do neoconcretismo e colunista da Folha, lembra que as mudanças não agradaram a todos. Na revista "Manchete", nos anos 50, seu proprietário, Adolfo Bloch, fez ressalvas ao trabalho de Amilcar, de Janio de Freitas [agora colunista da Folha] e de Gullar. "Quando nós fizemos a paginação da matéria sobre o Manuel Bandeira em que dois terços da página eram em branco, ele [Bloch] ficou furioso dizendo que nós estávamos estragando papel (...)", conta Gullar em depoimento no livro.

Preto no Branco - A Arte Gráfica de Amilcar de Castro
Organização: Yanet Aguilera
Editora: Discurso/UFMG
Quanto: R$ 90 (R$ 72 no lançamento, hoje, às 19h, na Casa das Rosas - av. Paulista, 37, SP, tel. 0/xx/11/3285-6986)

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