08/12/2005 - 10h19

Fernanda Montenegro vê lado bom de Bia

KARINA KLINGER
da Folha Online

Os vilões sempre têm dois lados, o do repúdio e o da atração, e Bia Falcão, a personagem da atriz Fernanda Montenegro, 76, não foge à regra.

A poderosíssima empresária de "Belíssima" já é alvo de cartas dos fãs na Globo por causa do figurino classudo, da cor e do corte do cabelo e pela própria vilania. A malévola que sente prazer em atormentar a neta, a nora e o irmão tem atiçado o telespectador, que não quer vê-la morta, apesar de tudo.

Divulgação

Personagem de Fernanda Montenegro deve sair da trama

Só que desde o início da novela seu destino está selado. Em entrevista à Folha Online, a atriz havia dito que sua participação estaria restrita a 70 capítulos, o que significa que a personagem só tem mais 43 capítulos de vida, contando a partir de hoje.

Por outro lado, o autor da trama, Silvio de Abreu, já disse que não muda de idéia, apesar da personagem ser uma das responsáveis pela ótima audiência da trama, acima de 40 pontos de média no ibope, a malévola avó está com os dias contados. O mistério é que ela poderá não morrer, mas sumir de uma hora para outra.

Enquanto Bia Falcão continua com suas maldades, a atriz Fernanda Montenegro comemora a personagem, que, segundo ela, esconde qualidades como todo os seres humanos, não totalmente bons ou maus.

"Acredito nela porque acho que ninguém é tão bom ou tão mau. Acho que ela não enxerga a pouca humanidade que tem em relação a esses dois netos. Como ela não vê, não faz de propósito. Ela acha realmente que a neta é despreparada, que Vitória é uma desclassificada. Acho que ela não tem uma vontade consciente da maldade", acredita a atriz.

Para Fernanda, Bia guarda uma amargura, sua maldade não é patológica simplesmente. "Ela é uma personagem muita mais rica do que apenas fumar cigarro em cima das pessoas. É amargurada por causa da perda da filha e acho que esse tipo de acontecimento pode mudar o caráter de uma pessoa, o que aconteceu em seu caso", conclui.

Ficar mais capítulos no ar ou não não é um problema de não querer trabalhar para a veterana atriz, que tem em seu currículo obras importantes como "Central do Brasil", "O Auto da Compadecida", "Casa de Areia", entre outros. O empecilho, na visão da atriz, é que uma novela consome a vida do ator de uma maneira radical.

"O problema é que desde o momento em que você entra em uma novela, você leva um ano sem vida. É um trabalho muito duro, muito exigente. São seis capítulos por semana para decorar. Então você deixa de ler, deixa de sair, deixa de ver seus amigos, você morre para a vida. Não sei se as pessoas que se formam e vivem de TV têm esse tipo de problema, mas eu tenho", esclarece.

Sobre a sua performance, Fernanda evita comentários e segue a linha de discrição. "No meu caso, mais do que ver é fazer. Não gosto de me ver. A gente é exigente. Eu gosto de teatro porque eu não me vejo", revela.

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