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31/12/2005 - 09h01

Record rescinde com Casoy e quer lançar clone do "JN"

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RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

A direção da TV Record rescindiu ontem à tarde o contrato com o jornalista e âncora Boris Casoy, 64, que venceria no final de 2006.

Segundo a Folha apurou, a intenção da emissora é fazer do "Jornal da Record", apresentado por Casoy, um "clone" do "Jornal Nacional", da Globo, a partir de 2006, ano de eleições presidenciais. A proposta de se assemelhar ao concorrente havia sido feita ao âncora cerca de oito meses atrás.

A direção sugeriu, inclusive, que ele dividisse a bancada com uma mulher, seguindo a linha do casal William Bonner e Fátima Bernardes. Casoy, cujo contrato prevê liberdade editorial, não concordou. O "Jornal da Record" está entre os três maiores faturamentos da rede e nos últimos meses teve crescimento de audiência (sete pontos), impulsionado pela bem-sucedida novela "Prova de Amor".

Em entrevista à Folha, Casoy apenas confirmou a rescisão, disse que já a esperava e que os termos de rompimento foram amigáveis. Ele deverá fazer um acordo com a Record para receber a multa por rescisão contratual.

Casoy, que já recebeu convites de outras redes, afirmou que não planeja se aposentar agora, apesar de não ter ainda outro trabalho em vista. Ele viaja hoje ao exterior e só deve retornar em 30 dias.

Além dele, Dácio Nitrini, diretor-executivo, Sallete Lemos, comentarista econômica e âncora-substituta e Selma Lins, editora-chefe, foram cortados. A decisão pegou a equipe do "Jornal da Record" de surpresa. Sallete Lemos foi informada ao chegar à Redação para apresentar o telejornal, já que estaria de plantão no lugar de Casoy. Às pressas, a repórter Cristina Scaff foi convocada.

A rescisão ocorreu após reunião na sede da rede, na Barra Funda (SP), entre o âncora e dirigentes da casa. Casoy liderava uma "estrutura à parte", com equipes de reportagem e produção separadas dos demais jornalísticos, e se reportava diretamente à presidência. Não era vinculado à direção de jornalismo, nas mãos de Douglas Tavolaro, responsável pelos outros telejornais, que agora assumirá o "Jornal da Record".

A emissora não anunciou quem o substituirá. Há meses, surgiram rumores de que Carlos Nascimento, da Band, fora sondado, mas a Record descarta esse nome.

Casoy negou ontem ter sofrido pressão da Igreja Universal (dona da Record) desde sua admissão, há oito anos. "Pelo contrário. Todas as vezes em que houve tentativas de interferência política por parte do governo Lula --e a pressão foi forte --, a Record me defendeu com unhas e dentes."

Segundo a Folha apurou, a presidência da Record relatou a Casoy que o governo não admitia críticas e que teria chegado a sugerir nomes para substituí-lo e a ameaçar corte de publicidade estatal no "Jornal da Record". Também teria reclamado da cobertura dada a temas desgastantes para o Planalto, como o caso Celso Daniel e a CPI do Banestado.

Casoy chegou à Record em junho de 97, vindo do SBT, onde comandou por nove anos o "TJ Brasil". O jornal tinha bom ibope e ressuscitou o então incipiente jornalismo da TV de Silvio Santos.

Na Record, assinou por dois anos e meio, naquela que foi considerada a maior contratação da história do canal. O contrato foi renovado por quatro anos em 98, e por mais dois anos em 2002. O acordo previa outro programa, o "Passando a Limpo". Em seu site, a Record descreve Casoy como "um dos profissionais de maior credibilidade no país", cujos comentários são "uma marca no telejornalismo brasileiro".

A Folha tentou entrevistar o diretor de jornalismo ontem, mas foi informada de que ele estava em reunião com a presidência. A reportagem também não localizou a direção de comunicação.

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