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19/01/2006 - 10h28

Gravadora vende CDs de Mozart por menos de um euro

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da France Presse, em Paris

O selo holandês Brilliant Classics fez barulho às vésperas do aniversário de nascimento de Mozart ao publicar a obra completa do músico, em uma coleção de 170 discos, por menos de 100 euros. O empreendimento tem feito sucesso.

Na França, chegou ao mercado no fim de setembro uma caixa com mais de 10 mil minutos de música, cuja venda bateu a casa das 70 mil unidades, quantidade pouco usual no setor clássico, que tem apenas 5% do mercado nacional.

A distribuidora francesa Abeille Musique espera chegar ao disco de ouro (100 mil exemplares vendidos) perto da data do 250º aniversário do nascimento de Mozart, em 27 de janeiro.

No período de Natal, o produto chegou a ficar esgotado. "Um verdadeiro mercado negro começou a existir: alguns aproveitaram a penúria momentânea para vender pelo triplo ou quádruplo do preço", segundo a Abeille Musique.

Para realizar o projeto diminuindo os custos ao máximo, o diretor artístico da Brilliant Classics, Pieter van Winckel, que não é nenhum novato em matéria de estratégia comercial agressiva, reeditou gravações com licenças, as quais já estavam publicadas e rentabilizadas. Para produzir ele mesmo mais da metade das gravações propostas, recorreu quase sempre a artistas jovens e pouco conhecidos. O selo também se limitou a um trabalho editorial minimalista (nenhuma informação em papel).

Aceita pela crítica, a coletânea não teve de enfrentar uma forte competição. A Universal decidiu pôr no mercado novamente sua coletânea completa Philips de 1991, mas a um preço bem mais alto.

O procedimento do produtor holandês e da distribuidora francesa não suscita uma aprovação unânime. Num artigo publicado no fim de dezembro pelo jornal "Le Monde" e assinado por cerca de vinte artistas, Patrick Zelnik (presidente da Naïve) e Louis Bricard (fundador do selo Auvidis) lamentavam o fato de que "fizeram os consumidores acreditarem que o valor de um disco equivale a uma rodela de CD".

A distribuidora respondeu no mesmo jornal com um título provocador: "Sou eu o assassino de Mozart?". "Se a solução dos problemas do disco clássico consistisse em colocá-lo obrigatoriamente caro, seria uma notícia genial", ironizou Yves Riesel, fundador da Abeille Musique, que defendeu a "inovação artística e comercial".

Na França, o debate foi mais além do pequeno círculo de amantes e profissionais da música clássica. O crítico de rock Michka Assayas lembrou na revista "VSD" o "risco comercial inteligentemente calculado" de um produtor que oferece a qualquer um, por quase nada, o que um megalomaníaco de antes demorou uma vida --e uma fortuna-- para comprar. "É uma revolução comparável à de Gutenberg, que acabou com o negócio dos monges copistas", opinou.

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