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21/01/2006
-
10h04
DANIEL CASTRO
Colunista da Folha de S.Paulo
A direção da TV Record decidiu ontem questionar formalmente o Ibope pelo "sumiço" dos cinco minutos em que sua novela "Prova de Amor" superou o "Jornal Nacional" (Globo), quarta-feira.
Na medição prévia feita na Grande São Paulo, enviada pelo Ibope em tempo real às emissoras, "Prova de Amor" chegou a abrir quatro pontos de vantagem sobre o "JN" (25 a 21 pontos, às 20h30). No relatório com os dados consolidados, remetido pelo instituto às redes no dia seguinte, em nenhum minuto a Record vence a Globo. A "vantagem" de quatro pontos das 20h30 "virou" a favor da Globo: no consolidado, nesse momento o "JN" aparece com 26 pontos, contra 25 da Record. Cada ponto na Grande SP equivale a 52 mil domicílios.
"Causou-nos muita estranheza essa variação de um dia para o outro. Se houve erro, por que só os números da Globo cresceram? É muito estranho que a emissora líder tenha crescido cinco pontos sem que houvesse variação no total de televisores ligados. Não foi um simples arredondamento, o que deixa a Record muito chateada", afirmou ontem Alexandre Raposo, presidente da emissora.
O Ibope não se pronunciou ontem sobre o questionamento da Record em relação à variação entre a audiência prévia e a consolidada, que prejudicaram a emissora e favoreceram a Globo.
Procurado pela Folha, o instituto se limitou a enviar por e-mail, via sua assessoria de imprensa, o seguinte texto: "O Ibope divulga diariamente dados de audiência com características técnicas conhecidas pelas emissoras e aprovadas por auditorias contínuas. O Ibope não comenta os dados obtidos pelas emissoras".
Para a Record, o "sumiço" dos cinco minutos em que a novela "Prova de Amor" bateu o "Jornal Nacional" continua sendo um mistério tão intrigante quanto o suposto assassinato da vilã Bia Falcão em "Belíssima".
Até ontem, segundo Alexandre Raposo, presidente da Record, o Ibope não havia fornecido nenhuma explicação formal do que teria ocorrido. O instituto, informalmente, teria dito apenas que houve problemas técnicos.
Raposo decidiu ontem enviar uma carta ao Ibope formalizando a "estranheza" da emissora. Pediu também ao instituto uma reunião para receber explicações.
"Não estamos questionando se o Ibope não é sério. Mas é muito estranho que só os dados da Globo cresçam da prévia para o consolidado", afirmou Raposo.
A posição do executivo é a mais "polida" dentro da Record. Nos bastidores da TV, há muita indignação --o relatório consolidado do Ibope já está sendo chamado de "tapetão", uma alusão ao futebol que se ganha fora de campo.
Extraoficialmente, técnicos do Ibope afirmam que a variação entre a audiência prévia e a consolidada ocorre porque o relatório oficial (consolidado) incorpora domicílios que, por algum problema técnico, não enviaram dados em tempo real para medição preliminar. Há ainda casos de exclusão de domicílios considerados "viciados" (em que o televisor permanece ligado durante muito tempo em um único canal) ou de medidores com defeito.
É normal uma variação de até dois pontos entre a prévia e o consolidado, embora diretores do Ibope já tenham dito, em palestras, que o ideal seria alterar só um ponto. Mas variação como a das 20h30 de quarta-feira, de cinco pontos a favor da Globo, pode ter sido inédita. "Nunca ouvi falar numa variação tamanha como essa. É realmente estranha", afirma Antonio Rosa Neto, diretor da Dainet, empresa que presta consultoria de mídia a anunciantes.
"O Ibope não terá outra alternativa a não ser dizer que houve um erro. Se o Ibope não se preservar numa gestão transparente, com conselhos [formados por TVs, anunciantes e publicitários] que lhe dêem legitimidade, vai sofrer críticas sempre", completa Rosa Neto, que acompanha o mercado há 30 anos.
Na quinta-feira, "Prova de Amor" voltou a vencer o "JN" na prévia, por 24 a 23,7 pontos, às 20h23. No consolidado, no entanto, as duas redes empataram em 24,2 pontos.
Histórico
Se o resultado preliminar de quarta-feira fosse considerado oficialmente como vitória da Record, não seria a primeira vez que uma emissora superaria no Ibope o "Jornal Nacional", o intervalo mais caro da televisão brasileira (cada 30 segundos em rede nacional custam R$ 292 mil).
Em 14 de janeiro de 2000, a Band venceu o telejornal ao exibir o jogo Corinthians x Vasco, pelo primeiro Mundial de Clubes da Fifa. No confronto com o "JN", a Band marcou 31,5 pontos, contra 25,8.
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Colunista da Folha de S.Paulo
A direção da TV Record decidiu ontem questionar formalmente o Ibope pelo "sumiço" dos cinco minutos em que sua novela "Prova de Amor" superou o "Jornal Nacional" (Globo), quarta-feira.
Na medição prévia feita na Grande São Paulo, enviada pelo Ibope em tempo real às emissoras, "Prova de Amor" chegou a abrir quatro pontos de vantagem sobre o "JN" (25 a 21 pontos, às 20h30). No relatório com os dados consolidados, remetido pelo instituto às redes no dia seguinte, em nenhum minuto a Record vence a Globo. A "vantagem" de quatro pontos das 20h30 "virou" a favor da Globo: no consolidado, nesse momento o "JN" aparece com 26 pontos, contra 25 da Record. Cada ponto na Grande SP equivale a 52 mil domicílios.
"Causou-nos muita estranheza essa variação de um dia para o outro. Se houve erro, por que só os números da Globo cresceram? É muito estranho que a emissora líder tenha crescido cinco pontos sem que houvesse variação no total de televisores ligados. Não foi um simples arredondamento, o que deixa a Record muito chateada", afirmou ontem Alexandre Raposo, presidente da emissora.
O Ibope não se pronunciou ontem sobre o questionamento da Record em relação à variação entre a audiência prévia e a consolidada, que prejudicaram a emissora e favoreceram a Globo.
Procurado pela Folha, o instituto se limitou a enviar por e-mail, via sua assessoria de imprensa, o seguinte texto: "O Ibope divulga diariamente dados de audiência com características técnicas conhecidas pelas emissoras e aprovadas por auditorias contínuas. O Ibope não comenta os dados obtidos pelas emissoras".
Para a Record, o "sumiço" dos cinco minutos em que a novela "Prova de Amor" bateu o "Jornal Nacional" continua sendo um mistério tão intrigante quanto o suposto assassinato da vilã Bia Falcão em "Belíssima".
Até ontem, segundo Alexandre Raposo, presidente da Record, o Ibope não havia fornecido nenhuma explicação formal do que teria ocorrido. O instituto, informalmente, teria dito apenas que houve problemas técnicos.
Raposo decidiu ontem enviar uma carta ao Ibope formalizando a "estranheza" da emissora. Pediu também ao instituto uma reunião para receber explicações.
"Não estamos questionando se o Ibope não é sério. Mas é muito estranho que só os dados da Globo cresçam da prévia para o consolidado", afirmou Raposo.
A posição do executivo é a mais "polida" dentro da Record. Nos bastidores da TV, há muita indignação --o relatório consolidado do Ibope já está sendo chamado de "tapetão", uma alusão ao futebol que se ganha fora de campo.
Extraoficialmente, técnicos do Ibope afirmam que a variação entre a audiência prévia e a consolidada ocorre porque o relatório oficial (consolidado) incorpora domicílios que, por algum problema técnico, não enviaram dados em tempo real para medição preliminar. Há ainda casos de exclusão de domicílios considerados "viciados" (em que o televisor permanece ligado durante muito tempo em um único canal) ou de medidores com defeito.
É normal uma variação de até dois pontos entre a prévia e o consolidado, embora diretores do Ibope já tenham dito, em palestras, que o ideal seria alterar só um ponto. Mas variação como a das 20h30 de quarta-feira, de cinco pontos a favor da Globo, pode ter sido inédita. "Nunca ouvi falar numa variação tamanha como essa. É realmente estranha", afirma Antonio Rosa Neto, diretor da Dainet, empresa que presta consultoria de mídia a anunciantes.
"O Ibope não terá outra alternativa a não ser dizer que houve um erro. Se o Ibope não se preservar numa gestão transparente, com conselhos [formados por TVs, anunciantes e publicitários] que lhe dêem legitimidade, vai sofrer críticas sempre", completa Rosa Neto, que acompanha o mercado há 30 anos.
Na quinta-feira, "Prova de Amor" voltou a vencer o "JN" na prévia, por 24 a 23,7 pontos, às 20h23. No consolidado, no entanto, as duas redes empataram em 24,2 pontos.
Histórico
Se o resultado preliminar de quarta-feira fosse considerado oficialmente como vitória da Record, não seria a primeira vez que uma emissora superaria no Ibope o "Jornal Nacional", o intervalo mais caro da televisão brasileira (cada 30 segundos em rede nacional custam R$ 292 mil).
Em 14 de janeiro de 2000, a Band venceu o telejornal ao exibir o jogo Corinthians x Vasco, pelo primeiro Mundial de Clubes da Fifa. No confronto com o "JN", a Band marcou 31,5 pontos, contra 25,8.
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