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DVD de Coleção Folha exibe clássico de Hawks
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da Folha de S.Paulo
Os créditos de "Uma Aventura na Martinica", atração da Coleção Folha Clássicos do Cinema do domingo que vem, impressionam: Humphrey Bogart e Lauren Bacall à frente do elenco; Howard Hawks na direção; roteiro de William Faulkner e Jules Furthman a partir de um livro de Ernest Hemingway (originalmente chamado "To Have and Have Not").
Hemingway, na verdade, não gostava do romance --e o projeto, curiosamente, nasce daí. Amigo do escritor, o cineasta Howard Hawks teria apostado que poderia transformar seu pior livro em um bom filme.
Arte Folha | ||
Num primeiro momento, Hemingway riu da proposta e a recusou, mas, quando se viu com dificuldades financeiras, voltou à ideia. Hawks então convenceu a Warner a comprar os direitos de adaptação.
O romance de Hemingway se passa em Cuba, onde o autor viveu boa parte de sua vida, e conta a história de um americano contrabandista de rum que vive entre Havana e Key West.
O primeiro roteiro, assinado por Jules Furthman, era bastante fiel ao livro, mas a possibilidade de surgirem problemas diplomáticos com Cuba, ainda sob a presidência de Fulgêncio Batista, levou o estúdio encomendar um novo roteiro a William Faulkner, que transferiu a trama para a colônia francesa da Martinica, no Caribe.
Essa mudança fez com que o filme fosse constantemente comparado a "Casablanca", que a própria Warner havia produzido dois anos antes, com grande sucesso. Como em "Casablanca", a trama se passa em uma colônia francesa sob o regime do governo de Vichy (aliado dos nazistas), com Bogart à frente de um romance com um pano de fundo histórico.
O personagem de Bogart em "Uma Aventura...", porém, guarda diferenças importantes. Harry é um expatriado americano que trabalha acompanhando turistas ricos em seu barco. Quer se manter à margem da situação política até que conhece Marie "Slim" (Lauren Bacall), uma jovem sem dinheiro para voltar para casa.
Para conseguir ajudá-la, aceita a proposta de integrantes da resistência e aluga seu barco para levar um de seus líderes.
Autor de quase 50 filmes dos mais diversos gêneros, entre eles os clássicos "Scarface" (1932) e "Onde Começa o Inferno" (1959), Hawks deixou como marca um estilo direto.
"Nunca emprego artifícios, conto minha histórias da forma mais simples, como qualquer um as veria, colocando a câmera à altura do olhar de um homem", disse certa vez.
"Uma Aventura na Martinica", segundo o crítico da Folha Inácio Araujo, no texto que faz parte deste volume, é o triunfo deste princípio.
"Ele dizia, e é fácil concordar, que se trata da coisa mais fácil do mundo. É evidente, porém, que não basta colocar a câmera à altura do homem para chegar a bons filmes. Seu segredo consistiu, em grande medida, em perguntar-se qual a estatura de um homem. Isto é: o que faz de um homem um homem?", destaca o crítico.
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