07/02/2006 - 10h21

Shows no CCBB-SP revelam Cuba além do Buena Vista

RONALDO EVANGELISTA
Colaboração para a Folha de S.Paulo

A música cubana é muito mais do que o Buena Vista Social Club --o grupo de artistas consagrado pelo documentário de Wim Wenders. Quem diz isso é o cubano radicado no Brasil Rodolfo de Athayde, coordenador do projeto "Música de Cuba", que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil entre hoje e o dia 21, sempre às terças-feiras.

"A idéia do projeto é mostrar que existe uma diversidade musical em Cuba, tanto na área jazzística quanto na de nossa própria música popular, que não passa necessariamente por esses clássicos do Buena Vista. Isso eu considero muito importante, porque a música cubana ficou muito marcada só pelo Buena Vista no Brasil", explica Athayde.

Trazendo três shows bastante representativos dessa diversidade cubana, o evento "Música de Cuba" acontece como parte da exposição "Soy Cuba", aberta no mesmo CCBB há uma semana, com 117 obras de 61 artistas.

A série abre hoje com o grupo Cuba Jazz Plus, criado para o evento, que reúne cinco músicos cubanos que nunca tocaram juntos, todos da mesma geração, formados pela Escola Superior de Artes de Havana. Em comum, o fato de não viverem mais em Cuba e terem levado a música do país por outros caminhos.

O pianista Yaniel Matos se mudou de Cuba para o Brasil há seis anos --aqui, tocou com Carlinhos Brown e liderou o Mani Padme Trio. De Nova York, vêm o baterista Dafnis Prieto e os irmãos Yosbany Terry (sax) e Junior Terry (baixo). O trompetista Julio Padrón é o único que ainda mantém residência na ilha, mas passa a maior parte de seu tempo fora, viajando e tocando com músicos cubanos. Todos têm entre 29 e 36 anos. No show, vão tocar músicas próprias e clássicos cubanos.

Ainda animado depois de ensaios durante todo o final de semana, o pianista explicou como vai ser o encontro improvisado: "Vai ser muito importante esse show porque é muito nova essa mistura da linguagem de cada um. A gente vai mostrar uma música muito contemporânea --o que está acontecendo agora no mundo latino de jazz. Vai ter um pouco de Brasil, um pouco de Cuba, um pouco de Nova York, tem influência de toda parte. Tem Egberto Gismonti, Thelonious Monk, Miles Davis, John Coltrane, Chucho Valdés, Elis Regina, música russa, está tudo junto".

Terça que vem se apresenta o lendário pianista Guillermo Rubalcaba, 78, pai do também lendário pianista Gonzalo Rubalcaba, 42. Conhecido e respeitado maestro em sua Cuba natal e um dos primeiros e mais expressivos pianistas do país, Rubalcaba pai traz ao Brasil a tradição do "danzón", estilo bastante popular na ilha no começo do século passado, considerado por alguns como um parente cubano do chorinho. Músico da mesma geração de Compay, Ibrahim, Omara, Eliades, Rubén e todo o Buena Vista, sua importância é similar, embora seja menos conhecido mundialmente.

Fechando o projeto, no dia 21, se apresenta a banda Jóvenes Clássicos del Son, criada há pouco mais de dez anos, formada por sete músicos ainda jovens.

Com a proposta de pegar a tradição da música da ilha e renová-la em clima festeiro, partindo de ritmos dançantes como salsa e merengue, eles fecham o evento no átrio do CCBB, promovendo um genuíno baile cubano.

Confira a programação de "Música de Cuba"

Hoje (7)
13h e 19h30
Cuba Jazz Plus, grupo formado por Yaniel Matos, Dafnis Prieto, Yosbany Terry, Junior Terry e Julio Padrón

Dia 14
13h e 19h30
Guillermo Rubalcaba, acompanhado de Ricardo Muñoz, Guillermo Gonzales Camejo, Emilio del Monte e Emilio del Monte Valdés

Dia 21
13h e 19h30
Jóvenes Clásicos del Son, formado por Pedro Lugo Martinez, Ernesto Reyes Proenza, Robin Félix Martínez, Osnel Rodríguez Otero, Roberto Javier Arderi Cuza, Minel Oreste West Meléndez e César Lozada Labrada

Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 3113-3651)
Quando: às terças, entre hoje e 21/2, às 13h e às 19h30
Quanto: R$ 6, por dia

Especial

Leia o que já foi publicado sobre o CCBB