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17/02/2006 - 02h10

U2 segue soberano na cena da música

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LÚCIO RIBEIRO
Colunista da Folha de S.Paulo

"Hellooooo, Luciooooooooooooooo!!!"
Só para situar, essa aí em cima é uma fala de Bono, atendendo ao telefone para uma entrevista ao Brasil.

"O que significa seu nome? É italiano? Como é a pronúncia certa?"

A entrevista era minha com ele, mas a primeira bateria de perguntas veio do astro do U2, a principal banda do mundo em atividade hoje. Já era a maior em 1998, ano em que veio pela primeira vez ao Brasil com a avassaladora PopMart Tour, razão pela qual a entrevista estava acontecendo. Já era provavelmente a maior quando lançaram "The Joshua Tree" em 1987 e conquistaram a América. Já era uma das principais quando "War", o terceiro álbum, veio à tona, cheio de hinos e palavras diretas às pendengas Inglaterra/Irlanda.

Bono é político falando a um jornalista desconhecido, surgiu político metendo o rock em feridas religiosas, é político falando em Davos e na ONU. É tão político que foi eleito uma das pessoas mais importantes do planeta em 2005, pela revista "Time". Não (só) pela qualidade de líder da maior banda deste mesmo planeta.

Bono é tão político que enjoa. Enjoa ele próprio. No final do ano passado, disse em entrevista à BBC de Londres que quase foi mandado embora do U2 pelos outros integrantes por usar tanto o microfone para lutar pelas causas que defende na mesma medida que pelas músicas que canta.

"Houve um momento recentemente que eu tive medo de ser botado para fora do U2 por ser chato demais. Essa coisa contra a fome pode cansar. E a primeira função de uma banda de rock é ela não ser chata."

O engraçado de Bono é que, quanto mais ele tenta ser não-político, mais político ele fica. Na primeira oportunidade, Bono sempre tenta negar o que ele muito é.

"Você nunca pode se comprometer, se render. Nunca deve se esquecer que está interpretando o papel de um pop star. Você sempre será uma estrela do rock desde que não vire uma celebridade. Eu tenho orgulho de não ser uma celebridade", disse Bono a este jornalista na mesma entrevista do "Helloooooo, Luciooooooooooo!!!".

Enquanto Bono encara suas encruzilhadas e, principalmente, as encruzilhadas dos outros, sua banda-monstro vai transformando o cantor no monstro que é.

O U2, diferentemente de 99% das bandas velhas ou reformadas, ainda consegue ser importante para a cena atual (atual nos anos 90 e agora nos anos 00). Seus discos, por mais que não tenham a qualidade e a "pegada" de outrora, têm longevidade impressionante. Suas músicas duram anos na cabeça das pessoas. Suas turnês são cada vez mais milionárias.

A esta altura, o U2 fala para várias gerações. Não é à toa que a busca de ingressos para ver Bono cantar e discursar cause tanto estrago em tantos países, ricos ou pobres. E na fila sob o sol, chuva, telefones ocupados, gente passando na frente e cambista vendendo lugar, é nítido ver adolescentes, 20 e poucos, 30 e tantos, quarentões. Bono joga o jogo do rock como ninguém. Toca belas velharias sentimentalóides como "With or Without You" e atinge corações. Costuma impingir atitude "raivosa" e "rock'n'roll" com "Vertigo", logo no começo de seus shows, e faz parecer que a música nem é menos importante para o rock hoje do que, por exemplo, "Seven Nation Army", do White Stripes. Mas, ao mesmo tempo, empresta a marca U2 para dar nome a uma série especial de iPods e ainda convida a platéia a mandar mensagens de texto via celular na politizada "One".

São vários Bono no preço de um doloroso ingresso para ver o U2. Bono político chato, Bono pop, Bono antigo, Bono moderno, e o Bono pessoa-mais-importante-do-mundo-hoje. Escolha o seu Bono e vá ver o cara. No mínimo, os quatro caras, três instrumentos e as grandes canções da banda estarão lá para você.

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