17/03/2006 - 13h44

Polêmica e recordista em traduções, cientologia expõe na 19ª Bienal

da Folha Online

Uma das religiões mais polêmicas do mundo, a cientologia marca presença na 19ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que vai até domingo no Pavilhão do Anhembi (zona norte da capital). A igreja aproveita o evento para lançar a "Coleção Scientology - Algo Pode Ser Feito a Respeito". São 19 títulos do escritor e filósofo norte-americano L. Ron Hubbard (1911-1986), criador da religião.

Idealizada por Hubbard na década de 50 e disseminada nas últimas quatro décadas, a cientologia se baseia em alguns axiomas religiosos
--entre os quais o fato de que seres humanos agem mecanicamente e podem ampliar seu nível de consciência e espiritualidade com muita leitura e, principalmente, com as misteriosas sessões de "audição".

As audições são sessões na quais os membros se submetem a uma espécie de "questionário" feito por um instrutor enquanto usam um aparelho vagamente semelhante a um detector de mentiras, o "e-meter". Tal aparelho localizaria, durante as sessões, os "locais" onde a pessoa tem traumas, bloqueios emocionais, desvios ou outras psicopatologias.

Os inimigos da cientologia podem ser encontrados em profusão na internet. São milhares de sites de ex-membros, intelectuais ou fiéis de outras religiões, que a tratam como seita enganosa, embuste ou pseudo-ciência. Em países como a Alemanha (especialmente em cidades como Berlim e Leipzig), a rejeição até hoje é imensa.

Wundt e a psicologia experimental

"Pudera. Foi lá que nasceu a psicologia experimental de Wilhelm Wundt (1832-1920). Quando a Cientologia chegou à Alemanha afirmando que o ser humano é um ser espiritual, os psiquiatras e seus afiliados simplesmente enlouqueceram. Não há como controlar uma pessoa se ela sabe que é um espírito", rebate Lucia Winther, fundadora da cientologia no Brasil (aqui a religião tem 15 mil membros).

Seu mais famoso seguidor é Tom Cruise, 43, que já deu diversas declarações à imprensa internacional defendendo seus preceitos.

Divulgação

"Pai" da cientologia foi traduzido para 65 idiomas

John Travolta, os cantores Robbie Williams e Isaac Hayes também estão entre os seguidores da cientologia. Hayes chegou a tomar uma decisão drástica em relação à série de animação "South Park", em que interpretava o cozinheiro Chef: abandonou a produção e deixou de dublar o personagem devido a "ridicularizações inapropriadas" relativas à sua religião.

Os livros lançados na Bienal se propõem a responder a diversas questões, como fracasso profissional e financeiro, relacionamentos partidos, imoralidade, analfabetismo, drogas e delinqüência juvenil. Os títulos têm em média 45 páginas e custam R$ 15.

De acordo com o site da Igreja da Cientologia, Ron Hubbard entrou recentemente para o Guinness como o autor mais traduzido do mundo
--em 65 línguas--, ultrapassando a marca oficial de Sidney Sheldon, que detinha o registro no livro dos recordes com 51 idiomas.

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