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21/03/2006 - 09h11

Documentário exibe Herbert Vianna pouco visto

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Logo no início do documentário "Herbert Bem de Perto", de Roberto Berliner e Pedro Bronz, está a cena que praticamente o resume. O vocalista e guitarrista dos Paralamas do Sucesso aparece, em 1995, exaltando sua autoconfiança e dizendo que, se acontecesse uma tragédia em sua vida, ele conseguiria tudo de novo.

"Estou perplexo de o mané aí não saber bem o que ele está falando", diz o Herbert de dez anos depois, olhando para sua antiga imagem de uma cadeira de rodas, conseqüência da queda de ultraleve que sofreu em 2001.
O humor banhado de tristeza da frase traduz as dualidades da vida de Herbert --vítima de uma tragédia e herói por ter conseguido viver para além dela-- e do filme, que explora muito os paralelos entre o passado e o presente do protagonista.

Três partes

Na verdade, existem três filmes "Herbert Bem de Perto" --título que faz alusão a "Bethânia Bem de Perto" (1966), de Julio Bressane, e à música "De Perto", do último CD do Paralamas.

O primeiro, de 52 minutos, será exibido neste ano no canal pago AE & Mundo (DirecTV), patrocinador do documentário e parceiro da TV Zero, produtora de Berliner. O segundo, de cerca de 70 minutos, está inscrito na mostra competitiva do festival É Tudo Verdade, e passará domingo, às 21h30, no cine Odeon, no Rio, e na próxima terça-feira, às 21h, no Cinesesc, em São Paulo.

E ainda há um terceiro, um longa-metragem entre 80 e 90 minutos, no qual se poderá aproveitar mais das cerca de 200 horas de imagens que formam o material bruto do documentário.

"A primeira vez que filmei os Paralamas foi em 83, no Circo Voador [no Rio]. Depois, filmei muitas outras vezes e me tornei amigo deles", conta Berliner, 48, que dirigiu videoclipes do grupo, como "Alagados", e os especiais "V, o Vídeo" (1987) e "Vamo Batê Lata" (1995).

A proximidade explica o acesso a cenas da vida privada de Herbert. Em outro momento forte do filme, a equipe mostra a ele imagens de sua mulher, a inglesa Lucy Needham, morta no acidente de ultraleve. É uma parte incômoda, parece apelação, mas o próprio Herbert pede para voltar o vídeo; quer ver mais.

"Foi ebulição imediata", lembra ele, hoje, da relação com Lucy, mãe de seus três filhos --que ainda não falam no documentário, mas poderão vir a gravar algo para o longa-metragem.

Intimidade

A proximidade de Berliner abriu as portas da família. Os pais, Hermano e Tereza, falam como, provavelmente, nunca tinham falado antes. A mãe, de maneira comovente, diz que Herbert chegou a morrer, mas que Lucy lhe pediu para voltar e criar os filhos. Hermano Vianna, o irmão antropólogo, também participa, e afirma que, clichê ou não, Herbert é um exemplo de fato para as pessoas.

"Procuramos ressaltar a importância das famílias Paralamas e Vianna para o Herbert. São elos muito fortes", diz Berliner.

A "família Paralamas" conta com o baixista Bi Ribeiro, o baterista João Barone e o empresário José Fortes, que dão vários depoimentos. Curiosamente, de todos os que aparecem no filme, o único que chora é Fortes, quando lembra ter ouvido dos médicos, em 2001, que Herbert tinha "chance remotíssima de vida". "Não falei isso para ninguém", recorda.

"Nesse filme, quem chora é o empresário", brinca o co-diretor Pedro Bronz, 32, responsável por pinçar do material bruto as imagens que seriam utilizadas e buscar outras nos arquivos da TV Globo e da gravadora EMI.

Da Globo vieram as imagens do Rock in Rio de 1985, primeiro grande salto do Paralamas. É curioso ver que, mesmo pouco conhecido, Herbert bota banca na platéia por ter vaiado Eduardo Dussek e Kid Abelha na véspera: "Por que não ficam em casa aprendendo a tocar guitarra?"

O casamento fracassado com Paula Toller, vocalista do Kid, não está no documentário. Temas como drogas ou brigas do grupo no passado, também não. O acidente está, é claro, mas se evitou, para o bem do ritmo do filme, investigar as causas da queda. "Não queríamos julgar ninguém nem entrar em um campo especulativo", explica Berliner.

É uma produção, portanto, emotiva, dirigida por um amigo, sem revelações bombásticas. Mas cativa pelas falas e imagens raras, entre elas a de Herbert no hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, fazendo fisioterapia e tocando guitarra em pé, em uma maca que suspende o seu corpo. São as únicas imagens do cantor na vertical depois do acidente.

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