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03/07/2009 - 09h33

Parceria premiada com Jabuti apresenta segundo livro juvenil; leia trecho

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da Folha Online

Os escritores Carlos Heitor Cony e Anna Lee participam nesta sexta-feira (3) da Ciranda dos Autores da Flipinha, versão da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) voltada ao público infantil e a profissionais da área de educação.

Após a premiada parceria, que rendeu o Jabuti 2004 na categoria Reportagem/Biografia com o livro "O Beijo da Morte", os autores mergulham agora no universo juvenil. Cony é membro da Academia Brasileira de Letras e colunista da Folha de S. Paulo, e Ana Lee faz doutorado em literatura brasileira pela PUC-RJ, tendo como linha de pesquisa a obra do cineasta Glauber Rocha.

Divulgação
Os escritores Carlos Heitor Cony e Anna Lee são autores da série "Duda, Jacaré & Cia."
Os escritores Carlos Heitor Cony e Anna Lee são autores da série "Duda, Jacaré & Cia."

Os dois são autores da coleção "Duda, Jacaré & Cia.", que conta histórias de um grupo de adolescentes que moram no Rio de Janeiro. "O Monstro da Lagoa de Abaeté" (Galera Record, 2009) é o segundo livro da série.

Na nova aventura, Duda, Beta e Jacaré vão passar férias na Bahia. Mas a tranquilidade dá lugar a um mistério que os envolve: um monstro está assombrando as areias da Lagoa de Abaeté, assuntando turistas e moradores. Os três amigos vão fazer de tudo para desvendar o enigma.

Leia abaixo trecho do livro "O Monstro da Lagoa de Abaeté" que conta as férias de Duda, Beta e Jacaré na Bahia.

Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro.

*

(...)

Divulgação
"O Monstro da Lagoa de Abaeté" é o segundo livro da série Duda, Jacaré % Cia.
Livro é resultado da parceria entre Carlos Heitor Cony e Anna Lee

A Bahia pode ter muito programa bom, mas o melhor mesmo é curtir a praia, sem preocupação, deixar o tempo passar e ver a tarde cair, a brisa suave secando o corpo bronzeado, cheirando a mar e a vento. Beta não queria saber de outra vida. Passada a efusão pela chegada de Duda, ela sacudiu sua canga para tirar a areia e deitou-se, disposta a se bron zear o tanto que sua pele resistisse. Sua amiga também seguia o exemplo. Nada melhor do que não fazer nada, sob o sol luminoso da Bahia.

Ao contrário das duas garotas, Duda não conseguia ficar muito tempo parado. Também apreciava a praia, o sol, o mar. Mas depois de duas horas ali, bestando de barriga pra cima, começou a sentir vontade de fazer alguma coisa. Só que nem conversar podia, pois Beta e Manu pareciam dormir na modorra do início da tarde. Quando a fome apertou, foram até a avenida da praia e se encheram de cachorro-quente com muito ketchup - para horror de Duda, que desejava entrar num acarajé valente. Beta declarou que amava a Bahia, mas detestava o folclore. O jeito foi Duda enfrentar um misto-quente com Coca-Cola mesmo, o que transformou sua primeira tentativa de contato com a culinária baiana num fracasso.

Os três voltaram para a areia e Duda já estava doido para engrenar alguma atividade. Se ao menos Jacaré estivesse ali, eles poderiam bater bola. Mas sozinho, sem conhecer ninguém, tinha de aturar o silêncio das duas. Mesmo assim puxou conversa:

- Puxa, eu não sabia que aqui tinha tanto edifício...

Manuela deu trela:

- Isso é o que chamam de civilização. Dizem que, pouco antes, não havia nada isso. Minha mãe conheceu essa praia quando ainda era um areal. Mais para lá - e apontou na direção - era uma roça, só se ia lá para fazer piquenique. Depois veio a
corrida imobiliária, surgiu edifício por tudo que é lado, hotéis, cabeças de porco, o resultado aí está: poluição urbana.

- Poluição visual - comentou Duda. - Mas por que deixaram?

- Sei lá. Essa gente é forte, quando cisma de ganhar dinheiro, ganha mesmo.

- Devia haver uma lei proibindo certo tipo de edifícios em lugares como esse, do contrário, isso vira uma selva de concreto... Se já não virou.

- Que há lei, há. Na Lagoa de Abaeté, por exemplo, houve uma época em que diversos loteamentos e ocupações irregulares provocaram devastação das dunas, até que um Parque foi criado para preservar as belezas naturais da região, onde é proibida a construção de prédios ou casas...

- A lagoa é bacana mesmo?

Beta interrompeu:

- Você vai ver, logo mais.

- Mas de noite...

- Depois vamos lá de dia.

Um carro buzinou na avenida da praia. De início, os três nem olharam, mas com a insistência da buzina, Manu acabou se voltando:

- Ei, olha lá, estão nos chamando. É a galera da Naiá.

As duas garotas se levantaram e correram para o carro. Era um grupo de moças com quem elas já haviam se enturmado.

- E aí, tudo certo para hoje? - perguntou Beta.

- Viemos aqui justamente por isso... O programa furou - disse uma delas, a mais alta, que se chamava Bruna.

- Mas por quê? Vai fazer uma noite linda, de lua cheia... Não podemos perder a oportunidade...

Outra garota, de cabelos louros caindo até a cintura, contou o resto:

- Houve um acidente na lagoa. Apareceu um corpo boiando, estão achando que foi crime... A polícia interditou o local...

Duda comentou:

- É... estou vendo que a lagoa é mesmo enfeitiçada... Como não queriam desperdiçar aquela noite por falta de programa, decidiram se encontrar na casa de Naiá. Não fariam o luau como planejado, mas pelo menos curtiriam uma música. Além do mais, Naiá era uma ótima anfitriã, adorava receber os amigos, tudo que ela fazia acabava virando uma grande festa.

Beta não gostou muito da ideia, apesar de ter se aproximado de Naiá, sentia um pouco de ciúme dela, que, sabia, tinha praticamente se jogado pra cima de Duda lá no Rio. O jeito manso e dengoso com que a baiana falava com todos os garotos a deixava irritada, mas também não podia virar a chata da história. Topou o programa.

As meninas foram apresentadas a Duda: Bruna, Paty e Júlia. Em menos de quatro horas de Bahia, ele ficara conhecendo quatro garotas. Se não fosse comprometido, se não namorasse sério, talvez não tivesse tanta sorte.

Voltaram para casa quando o sol já se punha, lá atrás, nos lados de Itaparica. Duda apreciou o espetáculo, mesmo assim não perdeu a chance de detonar o pôr do sol baiano:

- O do Leblon é mais bonito.

Manu tinha um Palio. Deu carona para Duda até o hotel. Na despedida, Beta perguntou por Jacaré:

- Leva o Jaca também, a galera vai gostar dele.

- Se ele não for trabalhar... - informou Duda.

- O que ele veio fazer aqui? Algum crime?

- Não. Inventou uma reportagem sobre candomblé, religiões populares... e esse folclore todo da Bahia...

Beta ficou animada:

- Diga a ele que não se esqueça de mim. Quando for entrevistar uma mãe de santo, eu também quero ir. Estou louca para ver o jogo de búzios... Quero saber tudo sobre o meu futuro...

Duda prometeu que falaria com o amigo, mas não garantiu que ele pudesse ir à casa de Naiá.

- Por quê? - perguntou Manu, que estava a fim de conhecer o rapaz que viera do Rio e era repórter de um jornal carioca importante.

- Com essa história da lagoa, do corpo que apareceu boiando, tenho certeza de que Jacaré vai começar a fuçar por aí. No fundo, ele gosta mesmo é de fazer matérias policiais, se amarra num mistério.

- Mas o candomblé também é um mistério...

- Só que não dá defunto. E Jacaré adora essas coisas...

Duda subiu ao quarto. O amigo ainda dormia, dormira a tarde toda.

- Ei! Você desperdiçou o seu primeiro dia de Bahia!

Jacaré se sentou na cama, esfregou o rosto para espantar o sono:

- Estava pregado. Decidi começar a trabalhar hoje mesmo. Tenho um conhecido que trabalha num jornal daqui, ele vai me abrir as portas do candomblé. Não posso facilitar... Afinal, nunca fiz outra coisa a não ser no setor policial. Vai ser a minha estreia e tenho que me sair muito bem. Do contrário, nunca vou chegar à condição de repórter especial.

Duda comunicou que já tinha programa, iam todos para a casa de Naiá, ouvir música, cantar, dançar... essas coisas...

Jacaré fez uma careta:

- Pois eu prefiro trabalhar. Sinto alguma coisa no ar e meu faro nunca falha. Acho que vou ganhar o Prêmio Esso de Reportagem com essa matéria sobre as religiões da Bahia.

Duda, de repente, teve uma ideia:

- Sabe de uma coisa, Jaca? Apareceu um corpo boiando na Lagoa de Abaeté... O que você acha disso?

"O Monstro da Lagoa de Abaeté"
Autor: Carlos Heitor Cony, Anna Lee
Editora: Galera Record
Páginas: 112
Quanto: R$ 26,00
Como comprar: pelo telefone 0800-140090 ou no site da Livraria da Folha

 

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