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24/03/2006 - 10h18

Líder do Arctic Monkeys diz ter "coisa" com Brasil

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LÚCIO RIBEIRO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Austin (EUA)

Os 363.735 britânicos que compraram o disco deles na primeira semana de lançamento não podem estar errados. David Bowie, Mick Jagger e Noel Gallagher, fãs declarados deles, não podem estar errados. O festival South by Southwest, com 1.400 bandas e 65 bares, reservar um galpão gigante para o show deles não podia estar errado. A banda inglesa Arctic Monkeys, no quesito "música que importa hoje", é mesmo a tal.

"Ei, Alex. Seu disco vai ser lançado no Brasil e eu queria falar um pouco sobre ele. Podemos conversar amanhã?", disse a reportagem da Folha a Alex Turner, 20, o líder do grupo que é fenômeno da internet, chacoalhou a parada de álbuns do Reino Unido, está no meio de uma turnê nos EUA (13 shows esgotados) e, naquele momento, aproveitava a fama indie bebendo com companheiros de bandas no pequeno bar Eternal, que só pode vender bebidas para maiores de 21.

Jack Plunkett/AP
A banda Arctic Monkeys
A banda Arctic Monkeys
"Eu não sei o que vão me dizer para fazer amanhã. Sei que tenho alguns programas de rádio, uma TV e um jornal americano para atender. Você vai ao show amanhã. Consegue chegar mais cedo lá?", falou Alex Turner, que acabou de sair da adolescência, mas carrega no rosto tantas espinhas que parece estar no auge dela.

"Você é do Brasil?", indagou Turner. "Eu tenho uma coisa com o Brasil. Sonho algumas vezes que eu estou no país. Como é o rock lá? Adoraria ir para o Brasil."

O papo continuou e Turner falou do zunzum todo que cerca o Arctic Monkeys, os shows nos EUA e a vida de novo rock star.

"Os shows aqui na América têm sido intensos. O bom é que nunca sabemos o que vamos encontrar. Tem lugares que já nos adoram sem nunca ter nos ouvido. Tem lugares que já não gostam da gente de cara, por causa da falação por causa do lançamento do nosso disco na Inglaterra e das vendagens. Eu não ligo e só me divirto. Tudo é novo para nós", afirmou.

O primeiro CD do Arctic Monkeys, "Whatever People Say I Am, That's What I Am Not", será lançado no Brasil pela Trama no começo de abril. Quando saiu na Inglaterra, no fim de janeiro, bateu o recorde de "o disco de estréia que mais vendeu na primeira semana na história da música inglesa". Fora do Reino Unido, segue causando estragos. Bateu no 24º lugar nas paradas americanas: é o mais alto posto alcançado por uma banda indie de guitarras desde que a "Billboard" existe.

Na Inglaterra, a "monkemania" move a garotada. Considerado poeta da nova geração, junto do problemático Pete Doherty, Turner canta o dia-a-dia de um moleque inglês. Mas mistura nas letras a azaração de uma menina bonita numa pista de dança a citações a Shakespeare, como em "I Bet You Look Good on the Dancefloor". A música é o primeiro single oficial da banda, que também bateu no primeiro da parada britânica.

"A música 'Dancefloor' não é sobre nenhuma menina em particular. É sobre milhares de garotas que já me puseram nessa situação de olharem para mim num clube ou bar, eu ficar interessado, mas depois dizerem que eu imaginei que elas estavam olhando", afirmou Turner, sobre o tal primeiro single que, quando chegou às lojas, o Arctic Monkeys já era conhecidíssimo por freqüentadores da internet e já abarrotava seus shows pela Inglaterra.

Hoje em dia, por causa do Arctic Monkeys, isso com as meninas não deve estar acontecendo muito mais, não? "Agora não muito", disse, sorrindo, enquanto tentava dar alguma atenção à performance da banda Dirty Pretty Things, que é o Libertines de nome novo, no Eternal. O Arctic Monkeys, de Turner, só tocaria no dia seguinte.

"O Libertines foi a principal banda da Inglaterra dos últimos anos. Minha predileta, depois de Oasis", disse o líder do Arctic Monkeys, que confirmou ter desenvolvido sua guitarra tocando músicas de Libertines e Strokes. Porta-voz dos teens ingleses (como o primeiro) e fenômeno de internet (como o segundo), o Arctic Monkeys parece ser um produto mais bem acabado do melhor de Libertines e Strokes. Mas com uma performance ao vivo bem mais empolgante.

A banda lembra inclusive o Oasis quando apareceu, num paralelo ao resgate do orgulho britânico que os Gallagher ajudaram a causar, nos anos 90, época de domínio da estética grunge americana. Com influência até na moda street da periferia das cidades inglesas, o Arctic Monkeys provocou uma onda de procura por camisetas pólo britânicas, tal qual os meninos da banda usam, indicando um esgotamento do estilo "chav", que com calças de agasalhos Nike e camisetas folgadas, imitava os rappers dos EUA.

O Arctic Monkeys não tem encantado só os mais novos. O jornalista pop, radialista e escritor britânico Andrew Collins escreveu na adulta revista "Word" que a banda de Turner mudou sua vida e é a melhor coisa que ele vê na música desde os Smiths.

No show no South by Southwest dava para desenhar um quadro do que é esse Alex Turner. Ele carrega a animosidade de Liam Gallagher, o olhar perdido de Kurt Cobain e às vezes o deboche de Johnny Rotten.

"Quando o disco sai no Brasil? Abril? Aparece no show amanhã, para conversarmos mais", disse Turner. Apareci. Antes e depois do show, mas não havia a menor condição de chegar perto deles.

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