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28/03/2006 - 16h24

"Não abandonei a ficção", diz Vargas Llosa

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da Ansa, em Lima

O escritor peruano Mario Vargas Llosa disse hoje em Lima, ao completar 70 anos, que se sente "um cidadão do mundo" e garantiu que, apesar de cultivar o ensaio, não abandonou a literatura de ficção.

"Não perdi a literatura de ficção", explicou o autor de "A Cidade e os Cachorros" em uma entrevista com a rádio RPP. "Apesar das idéias e os ensaios serem muito importantes, Jean Paul Sartre, filósofo francês que admirei muito na juventude, escolheria a criação."

"Não sei se devo receber parabéns ou pêsames, mas tenho que ter espírito esportivo com relação à minha idade", opinou Vargas Llosa. Em sua homenagem em Lima, o filme "A Festa do Bode", baseado em sua novela sobre a vida do ditador dominicano Leonidas Trujillo, foi exibido.

Vargas Llosa explicou que a Espanha é um dos países que o ajudaram desde o seu primeiro livro, "Os Chefes", publicado em 1959, com o qual ganhou o prêmio Leopoldo Alas. "Só tenho que agradecer à Espanha. Carlos Barral foi o poeta e editor que lançou 'A Cidade e os Cachorros' e teve uma fé no livro que eu mesmo não tive inicialmente."

Também agradeceu à Inglaterra, "que é o país ao qual mais devo politicamente". Ele também reconheceu que a Europa lhe deu disciplina. "Ali aprendi o que é escrever. É um trabalho que exige horário e disciplina."

Vargas Llosa explicou que, apresar de viver muitos anos fora do Peru, "sempre acompanhou as coisas peruanas, com muita paixão", e por isso o Peru está sempre presente no que escreve, mas acredita que sua "porção" européia é muito importante. "Não seria o escritor que sou sem todos os anos que vivi na Europa (...). Felizmente a vida me premiou me convertendo em um cidadão do mundo."

Mario Vargas Llosa nasceu em 1936 em Arequipa, sul do Peru, a segunda cidade mais importante do país, e foi premiado com o Príncipe de Asturias e o Rómulo Gallegos, entre muitas outras distinções que recebeu ao longo de sua extensa carreira literária.

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