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29/03/2006
-
21h35
da Folha Online
Leia trecho do livro "Lado B - Histórias de mulheres",lançado pela Edições GLS (104 páginas, R$ 22).
Amparo estava com catorze anos. Havia ficado mocinha e seus seios finalmente tinham aparecido. Suas nádegas se projetavam, agora, estufando a calçola. Amparo passa alguns momentos dos seus dias, quando estava sozinha, admirando as mudanças do seu corpo. Um dia, havia saído do banho, acabara de se enxugar e estava nua, se olhando, envergonhada --sua mãe e as freiras do colégio viviam martelando em sua cabeça que o corpo da mulher era a origem do sofrimento do homem--, quando Luísa entrou no quarto sem bater à porta. Ficaram se olhando, Luísa mais a Amparo que Amparo a Luísa. Não disseram nada. Beijaram-se como se isso fosse o esperado, o certo, ,desde o início dos tempos. Amparo soube então o porquê dos olhares "assassinos" das outras garotas. Da ruiva em especial.
Amparo nunca se sentira tão feliz em sua vida. Estava apaixonada e nas noites brancas coloridas por Luísa trocavam juras de amor: "Se tiver de te deixar, me mato!" Mas sabiam que um dia iam se separar e não teriam coragem de se matar. Dois meses foi o tempo que durou essa paixão. Ou melhor, dois meses durou essa paixão com sexo, pois sem ele já era antiga. Sá veio um dia e levou Amparo. Havia um pretendente rico, que não exigia grande dote além da virtude da moça. Em um jantar, Amparo foi apresentada àquele que queria ser seu marido e tomar dela o que ela só queria dar a Luísa. Mas a quem poderia contar semelhante descabimento?
Clóvis era velho. Tinha idade para ser seu pai. Não era feio nem bonito. Medíocre seria a palavra perfeita para descrever aquele homem. À noite, em sua cama, Amparo repetia baixinho, raivosamente: medíocre, medíocre, medíocre...
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Crítica: Lésbicas derrubam clichês em livro de contos
Leia trecho do livro "Lado B - Histórias de mulheres"
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Leia trecho do livro "Lado B - Histórias de mulheres",lançado pela Edições GLS (104 páginas, R$ 22).
Amparo estava com catorze anos. Havia ficado mocinha e seus seios finalmente tinham aparecido. Suas nádegas se projetavam, agora, estufando a calçola. Amparo passa alguns momentos dos seus dias, quando estava sozinha, admirando as mudanças do seu corpo. Um dia, havia saído do banho, acabara de se enxugar e estava nua, se olhando, envergonhada --sua mãe e as freiras do colégio viviam martelando em sua cabeça que o corpo da mulher era a origem do sofrimento do homem--, quando Luísa entrou no quarto sem bater à porta. Ficaram se olhando, Luísa mais a Amparo que Amparo a Luísa. Não disseram nada. Beijaram-se como se isso fosse o esperado, o certo, ,desde o início dos tempos. Amparo soube então o porquê dos olhares "assassinos" das outras garotas. Da ruiva em especial.
Amparo nunca se sentira tão feliz em sua vida. Estava apaixonada e nas noites brancas coloridas por Luísa trocavam juras de amor: "Se tiver de te deixar, me mato!" Mas sabiam que um dia iam se separar e não teriam coragem de se matar. Dois meses foi o tempo que durou essa paixão. Ou melhor, dois meses durou essa paixão com sexo, pois sem ele já era antiga. Sá veio um dia e levou Amparo. Havia um pretendente rico, que não exigia grande dote além da virtude da moça. Em um jantar, Amparo foi apresentada àquele que queria ser seu marido e tomar dela o que ela só queria dar a Luísa. Mas a quem poderia contar semelhante descabimento?
Clóvis era velho. Tinha idade para ser seu pai. Não era feio nem bonito. Medíocre seria a palavra perfeita para descrever aquele homem. À noite, em sua cama, Amparo repetia baixinho, raivosamente: medíocre, medíocre, medíocre...
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