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05/04/2006 - 10h12

MAM-SP traz retrospectiva de Alfredo Volpi

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GABRIELA LONGMAN
da Folha de S.Paulo

Novamente no MAM-SP, novamente a curadoria de Olívio Tavares de Araújo, novamente Alfredo Volpi. Vinte anos depois da exposição "Volpi 90 Anos", o museu paulistano inaugura hoje "Volpi, a Música da Cor", mais nova retrospectiva do pintor italiano (1896-1988) que transformou a arte brasileira.

A mostra traz ao público 140 obras que percorrem diferentes fases do artista, de suas paisagens de beira-mar às emblemáticas fachadas e bandeirinhas, passando pela influência do movimento concretista na década de 50. Em comum a todas, o trabalho rigoroso com a cor e "algo de anonimato, como numa cantiga de roda, como num finíssimo artesanato", nos termos do crítico Rodrigo Naves, autor do ensaio "Anonimato e Singularidade em Volpi", publicado no livro "A Forma Difícil" (editora Ática).

"Volpi é um dos grandes artistas brasileiros que equivocadamente não foram reconhecidos no exterior. Como acabamos sendo muito pautados pela crítica internacional, isso o afastou do diálogo com movimentos contemporâneos", diz Naves.

Não obstante o relativo desconhecimento no circuito internacional, Volpi parece cada vez mais se consolidar, na opinião de críticos e artistas, como o grande pintor brasileiro.

Importância

"Volpi figura como ponto de partida na consolidação da nossa arte moderna. Se a arte era um arquipélago com ilhas de modernidade, a partir de Volpi ela ganha um território mais consistente e contínuo", diz o crítico Paulo Sérgio Duarte. Segundo ele, a partir de Volpi, a pintura adquire um caráter de exterioridade, se volta para o mundo. "Um quadro de Volpi ocupa sempre mais espaço do que só um quadro de Volpi", diz.

Para o também crítico e curador Tadeu Chiarelli, o mérito do artista está, entre outras coisas, em "continuar dizendo sobre a possibilidade da pintura pintando. Cada vez mais ele se constitui como referência para a pintura".

Para o pintor Paulo Pasta, Volpi é o melhor e mais completo pintor brasileiro. "Ele faz uma equação muito sofisticada da cultura popular. Sua potência para a cor é equiparável à de Matisse, que, por sinal, era seu pintor favorito. Sua "simplicidade" me lembra Manuel Bandeira."

Trabalhos de Pasta e de outros pintores influenciados por Volpi, como Marco Gianotti, também poderão ser vistos na exposição paralela organizada pelo museu. A mostra "Ao Mesmo Tempo o Nosso Tempo" também apresenta obras do acervo do MAM representativas do grupo Santa Helena e da Família Artística Paulista, grupos com os quais Volpi teve ligação.

Descoberta de obras

Segundo o curador Olívio Tavares de Araújo, uma das vantagens da exposição sobre a anterior é o processo recente de catalogação desenvolvido pelo Projeto Volpi. Se até meados da década de 90 cerca de 400 obras eram conhecidas, esse número se multiplicou por seis, permitindo um olhar mais preciso sobre sua trajetória.

"Assim, há aqui mais de 30 telas inéditas, que nunca foram publicamente apresentadas, e em torno de 20 não conhecidas nem sequer através de reproduções em livros", diz Olívio, que conviveu com Volpi a partir de 1971 e filmou um documentário sobre o artista --que também será exibido na mostra.

Nascido em Lucca, na Itália, o pintor emigrou com os pais para o Brasil antes dos dois anos de idade. Instalado no bairro do Cambuci, desenvolveu sua carreira como pintor-decorador de frisos, florões etc., ornamentando prédios e palacetes paulistanos. Só a partir da década de 30 que viria a se tornar pintor de cavalete, fazendo sua primeira exposição quando já contava com 45 anos.

"Volpi não se perturbava com o mundo ao redor, não se preocupava com o sucesso. Conservava intacto seu lado de artesão e operário", conta Olívio, que se lembra do artista usando seus singelos tamancos mesmo depois de receber o prêmio de Melhor Pintor Nacional na Bienal de 1954. Outra lembrança do curador é a do cheiro que carregavam os quadros de Volpi: o do óleo de cravo que ele usava na solvência da têmpera.

Volpi - A Música da Cor
Quando: abertura hoje, às 19h30; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 2/7
Onde: MAM (parque Ibirapuera, s/nº, portão 3, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quanto: R$ 5,50; entrada franca aos domingos

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