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16/04/2006 - 11h01

Sem convite para filmar, Sonia Braga volta à TV

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MARCELO BARTOLOMEI
Colaboração para a Folha de S. Paulo, do Rio

De volta ao Brasil para a mais longa temporada de trabalho em 18 anos de estadia nos EUA, a atriz Sonia Braga, 55, está magoada com o cinema nacional. Por falta de convites para filmar, ela volta à TV, veículo que impulsionou o início de sua carreira. "Os cineastas acham que não podem pagar o meu cachê", afirma.

A.Campbell/Folha Imagem
Atriz Sônia Braga vai atuar na novela "Páginas da Vida"
Atriz Sônia Braga vai atuar na novela "Páginas da Vida"
Mas o fator financeiro parece importante: pesou na decisão de voltar ao Rio. Ela negou uma proposta (ninguém fala em valores) da Record e ficou na Globo, que ofereceu mais. Na novela "Páginas da Vida", de Manoel Carlos, prevista para julho, ela viverá Tônia, artista plástica internacionalmente conhecida que, coincidentemente, também volta ao seu país de origem. Sonia --que admite ter feito plástica para "rejuvenescer" e evitar personagens "acabados"-- deve permanecer no país por um ano --ou mais, se lhe oferecerem mais papéis. "Moro onde trabalho", diz a atriz.

Folha - Por que você voltou?
Sonia Braga - Eu sempre ensaiei voltar. Mas ninguém me chamava para trabalhar da maneira como eu queria. Recebi vários convites, mas nada que me interessasse. Nada que valesse abandonar o que estava fazendo nos Estados Unidos para ficar aqui. Agora, é um prazer voltar, fazer a novela, reencontrar amigos que fazem parte da minha vida.

Folha - Vale a pena interromper sua carreira nos EUA para fazer novela no Brasil?
Braga - Eu moro onde trabalho. Um diretor indiano me convidou para fazer um filme lá. Se me interessar, eu vou. Tudo o que eu fiz nos EUA foi importante para mim. Meu trabalho lá é muito importante para a representação latino-americana no cinema mundial.

Folha - Você representa o cinema nacional no exterior. Por que não participa mais dele?
Braga -Quem disse que um diretor brasileiro não pode me pagar? Claro que pode, é só negociar. Eu estou aqui e quero filmar. Gostaria de trabalhar com Guel Arraes, Fernando Meirelles e Carlos Diegues. O cinema brasileiro precisa de dinheiro, claro. Quem disse que dinheiro não traz felicidade? Não se pode mais depender do Estado. O nosso cinema não é realmente uma indústria.
Outra coisa: não há roteiristas. É preciso escrever papéis para a Fernanda Montenegro, grande atriz. Quando ela voltou do Oscar [indicada por "Central do Brasil", em 1999], demorou a fazer outro filme. Isso deveria ter sido imediato, se utilizando do prestígio que ela ganhou em Hollywood. Se o cinema não é uma prioridade, saiba que ele pode trazer divisas ao país.

Folha - Por que os diretores brasileiros deveriam chamá-la?
Braga - Tenho certeza de que eles ainda não precisaram de mim. Se eu fizer um filme com todas as características do nosso povo e para a platéia brasileira, e esse filme viajar, tenho uma vantagem em poder divulgar melhor nosso cinema no exterior. Quando fiz "Dona Flor e Seus Dois Maridos", não falava uma palavra em inglês. Fora isso, tenho muitos amigos.

Folha - Você se orgulha da carreira internacional que fez?
Braga - Fiz um pouco de tudo, inclusive um filme gay, "Testosterona" (2003). Fiz mulheres latinas, o que me orgulha muito. É importante para os hispânicos dos EUA que a gente trabalhe lá. Antes mesmo de ser uma cidadã norte-americana, participo de uma fundação que cria bolsas de estudos para latinos em universidades importantes. Essa visão de que os latinos fazem trabalhos não muito importantes é falsa, pois divulgam a nossa cultura e a nossa arte.

Folha - Você volta em ano de eleições. Pretende votar?
Braga - O meu voto é secreto. Minhas lutas serão sempre em relação à minha área, à minha profissão. Tem muita coisa que eu não entendo do Brasil. Mas sempre lutei por minha classe e para que haja empregos, principalmente.

Folha - Como será sua personagem?
Braga - Não sei muito dela ainda. Eu quero que as mulheres da minha idade se identifiquem comigo. Nesse momento, quero exercer minha profissão de uma maneira bacana, que chame a atenção para minha personagem.

Folha - Você fez plástica recentemente? Incomoda-se em falar sobre isso?
Braga - Claro que não! Eu sempre disse que não iria fazer, mas quando era jovem. Fiz em 2001, com o [Ivo] Pitanguy. Chegou um momento da minha carreira em que eu decidi que não queria mais ser a mãe doente e acabada do filme. Percebi isso depois de "Olhar de Anjo" (2001), com a Jennifer Lopez. Eu não gostaria de ter de fazer implante de silicone; botox eu já coloquei um pouquinho. Atualmente eu parei com esportes, mas eu gosto muito de jogar tênis e de fazer pilates. Mas as pessoas não têm idéia do esforço que é manter o peso. Afinal, eu preciso entrar nos vestidos que ganho dos meus amigos estilistas.

Folha - Você ganha vestidos! Sabia que a doação de vestidos para a mulher do ex-governador de São Paulo gerou um escândalo na política?
Braga - Não, não sabia. Mas ela não poderia ganhar mesmo. É a lei, né? Já eu, posso.

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