07/05/2006 - 10h07

Visual da mocinha de "Belíssima" sai de moda

LAURA MATTOS
VIVIAN WHITEMAN
da Folha de S.Paulo

De volta a "Belíssima", Bia Falcão vai comemorar: "Os vestidos daquela vagabundinha da Vitória enfim saíram de moda!".

Flagrada pelas câmeras de um shopping, a vilã interpretada por Fernanda Montenegro e antes dada como morta certamente reparou nas vitrines que desapareceu o visual hippie-chique da mocinha de Cláudia Abreu. Seus leves vestidos de algodão fizeram tanto sucesso no verão --das sofisticadas lojas dos Jardins às populares do Bom Retiro-- que as coleções de inverno agora em alta optaram por abandonar esse estilo.

Vitória, porém, segue fiel aos vestidos de alcinha, mesmo ao contracenar com personagens com blusa de manga comprida e outras peças do frio. Fora o uniforme de presidiária que foi obrigada a usar, nunca colocou uma calça, apesar da chegada do outono e da troca de coleções. De ultra-hype, como diz a turma da moda, teria virado brega?

A stylist e designer de acessórios Chiara Gadaleta dá seu veredicto: "Os ciclos de moda têm uma vida. Lançadores de tendência detonam a novidade, grandes marcas absorvem e, por último, magazines populares. Quando isso ocorre, os lançadores já começaram outro ciclo. Não que aquela roupa se transforme de repente em brega, mas fica antiga, datada".

O estilista Walter Rodrigues, um dos preferidos das celebridades no Brasil, reforça: "De fato, o figurino da Vitória estourou de um jeito muito forte, foi adotado por mulheres de Caruaru a Novo Hamburgo. A sensação de uma certa saturação é real, o que cria um desejo de novidades".

Mas ele acredita que uma virada radical no visual da moça é desnecessária e poderia prejudicar a essência da personagem. "Ela poderia incorporar novos elementos sem perder suas características. Um vestido mais curto com uma bota, uma jaqueta de couro mais justa e com cara de antiga e bons cardigans de tricô já seriam suficientes para representar uma evolução plausível no visual dela."

Já Dudu Bertholini, da marca hype paulistana Neon, vai além: "É claro que a Vitória não vai virar rocker só porque é uma tendência forte do inverno, mas poderia chacoalhar o visual nessa nova fase que vive. Colocaria nela algumas saias com cintura marcada, cores mais expressivas, jaquetinhas curtas e um bom spencer."

A figurinista de "Belíssima", Gogóia Sampaio, diz que está incorporando aos poucos peças de inverno em Vitória. Mas os vestidos vão continuar, sentencia. "O vestido é traço da personalidade dela. Estou acompanhando a mudança da moda, usando mais seda, tudo mais industrial. Mas ela não pode perder a pele exposta."

Para os dias frios, Vitória colocará sobre os vestidos boleros de tricô e crochê, em alta nas novas coleções. E também vai usar bota.
Tudo bem, novela é novela, mas nas ruas essas roupinhas já não são bregas? "Tudo o que vira muito popular, atinge grandes massas, fica brega, as pessoas usam errado, aquela coisa", admite.

Ela, no entanto, faz uma ressalva: "Tudo depende de como o visual é montado. É claro que você não vai botar um vestido de algodão. Mas se colocar um de seda, uma bela bota, um casaquinho de tricô ou crochê, é a coisa mais inglesa que existe. É um estilo, não uma tendência da moda".
Ok, mas usar vestido todo dia não enjoa? "Uma grande parte das pessoas usa calça jeans todo dia, seja verão ou inverno. Em São Paulo, então, é uma loucura. Isso é que é estranho para mim."

O autor de "Belíssima", Silvio de Abreu, diz que o endurecimento da personalidade de Vitória após a prisão não justifica uma mudança de visual: "Ela realmente mudou, aceitou a herança do marido, abriu o restaurante, tem enfrentado todas as mazelas que aparecem na sua vida. Não é mais a menina feliz e despreocupada que andava solta pelas ilhas da Grécia, só não entendo por que teria de mudar o visual. Seu problema não era externo, era interno".

Gogóia encerra a questão com bom humor. "Isso é sinal de sucesso, porque agora era hora de vocês [jornalistas] estarem falando de "Cobras & Lagartos" [a nova novela das sete] ou "Páginas da Vida" [próxima das oito], mas continuam ligando para mim!"

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