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19/05/2006
-
11h37
MARY PERSIA
da Folha Online
Se você já leu "O Código Da Vinci", é uma pena. É provável que o longa-metragem de Ron Howard lhe desinteresse na maioria dos seus 149 minutos. Se não leu o best-seller de Dan Brown, talvez ainda reste alguma graça no filme de US$ 125 milhões que estréia nesta sexta-feira (19) nos cinemas.
O livro é um sucesso, certo? O filme é baseado no livro, certo? Logo, o filme será um sucesso, certo? Errado. Difícil saber se, nas telas, "O Código Da Vinci" repetirá a febre do livro. Se, por um lado, foi corajoso aceitar o desafio de filmar um best-seller de mais de 40 milhões de cópias vendidas (e o risco de ganhar milhões com isso), por outro é possível que estúdio, produtores, diretor e toda a sua turma tenham embarcado numa dedução equivocada.
O fato da obra de Brown ser um fenômeno de vendas significa que milhões de potenciais espectadores já sabem da ocultação da importância de Maria Madalena, das forças em torno desse segredo e da teoria da conspiração relatada pelo autor --os grandes trunfos do livro. Pior: a qualidade de best-seller do livro antecipa momentos-chave do roteiro (ainda que tenha sido modificado) e esvazia o fator surpresa, outro ponto de sustentação da obra.
Já na origem (o livro), "O Código Da Vinci" apresenta um roteiro repleto de chavões. No "cinemão" hollywoodiano, o pouco que se salvava queimou no inferno da obviedade. Sobrou para o elenco segurar a produção. Mas o carisma de Tom Hanks (Robert Langdon) e Audrey Tautou (Sophie Neveu) e a força de Ian McKellen (sir Leigh Teabing), Alfred Molina (bispo Aringarosa), Jean Reno (Bezu Fache) e Paul Bettany (Silas) ficaram limitados, presos à obrigação de contar uma história quase tal qual foi escrita.
Praticamente intocada no primeiro terço do filme, a saga iniciada na noite em que o diretor do museu do Louvre, Jacques Sauniére (Jean-Pierre Marielle), é assassinado vai aos poucos sendo mais abertamente reprocessada na adaptação de Akiva Goldsman (roteirista de "Cinderella Man - A Luta pela Esperança" e "Uma Mente Brilhante", ambos de Howard). Ao fim do longa, boa parte do destino dos personagens (Aringarosa, a família de Sophie e a relação dela com Langdon) foi redesenhada --não, naturalmente, no essencial.
As cenas de autoflagelação do vigário albino Silas, seguidor do Opus Dei, permaneceram --afinal, melhor não abrir mão do competente apelo "sangue e castigo", à moda "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson. Como se fosse necessário mais polêmica.
A idéia de mexer com os alicerces da Igreja Católica é, por si só, interessante, instigante e capaz de mover multidões, como se viu nos últimos meses. Sob esse aspecto, talvez não seja exagero apontar que o sucesso se deve tanto (ou mais) a Maria Madalena e a seus "oposicionistas" do que a Brown. A Howard resta rezar para que os milhões de leitores de Brown assistam ao filme.
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da Folha Online
Se você já leu "O Código Da Vinci", é uma pena. É provável que o longa-metragem de Ron Howard lhe desinteresse na maioria dos seus 149 minutos. Se não leu o best-seller de Dan Brown, talvez ainda reste alguma graça no filme de US$ 125 milhões que estréia nesta sexta-feira (19) nos cinemas.
Divulgação |
Filme estréia nesta sexta |
O fato da obra de Brown ser um fenômeno de vendas significa que milhões de potenciais espectadores já sabem da ocultação da importância de Maria Madalena, das forças em torno desse segredo e da teoria da conspiração relatada pelo autor --os grandes trunfos do livro. Pior: a qualidade de best-seller do livro antecipa momentos-chave do roteiro (ainda que tenha sido modificado) e esvazia o fator surpresa, outro ponto de sustentação da obra.
Divulgação |
Adaptação para o cinema custou US$ 125 milhões |
Praticamente intocada no primeiro terço do filme, a saga iniciada na noite em que o diretor do museu do Louvre, Jacques Sauniére (Jean-Pierre Marielle), é assassinado vai aos poucos sendo mais abertamente reprocessada na adaptação de Akiva Goldsman (roteirista de "Cinderella Man - A Luta pela Esperança" e "Uma Mente Brilhante", ambos de Howard). Ao fim do longa, boa parte do destino dos personagens (Aringarosa, a família de Sophie e a relação dela com Langdon) foi redesenhada --não, naturalmente, no essencial.
Divulgação |
Livro vendeu mais de 40 milhões de cópias |
A idéia de mexer com os alicerces da Igreja Católica é, por si só, interessante, instigante e capaz de mover multidões, como se viu nos últimos meses. Sob esse aspecto, talvez não seja exagero apontar que o sucesso se deve tanto (ou mais) a Maria Madalena e a seus "oposicionistas" do que a Brown. A Howard resta rezar para que os milhões de leitores de Brown assistam ao filme.
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