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17/05/2006 - 13h24

Confira os supostos erros de "O Código Da Vinci"

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da France Presse, em Paris

O livro "O código Da Vinci" utiliza as receitas do romance histórico, mas, enquanto alguns estudiosos aplaudem sua audácia de trazer à tona temas praticamente banidos da sociedade, outros especialistas enumeram uma série de possíveis erros que a obra pode conter.

Em seu romance, Dan Brown, que se apresenta como cristão e afirma que simplesmente quer suscitar um debate sobre as religiões, conta que a Igreja Católica conspira há 2.000 anos para esconder a descendência de Jesus, fruto de sua união com Maria Madalena, e assim lutar contra o antigo culto pagão do feminino sagrado.

O livro começa com um prefácio que cita uma sociedade secreta --o Priorado de Sião, fundado em 1099 segundo "pergaminhos encontrados em 1975, na Biblioteca Nacional francesa (BN)"-- e o Opus Dei, "obra católica muito controvertida". Brown assegura que "todas as descrições de monumentos, obras de arte, documentos e ritos secretos mencionados são autênticos".

Mas seu romance, segundo os estudiosos e religiosos tradicionalistas, possui inúmeros erros, a ponto de insinuarem que "o autor distorceu intencionalmente os dados com o objetivo de criar uma obra polêmica e destruir a tradição cristã", segundo afirma o dominicano Jean-Michel Maldamé, professor do Instituto Católico de Toulouse.

O Priorado de Sião foi fundado em 1956 por adeptos do esoterismo que elaboraram e entregaram seu estatuto à BN, segundo Marie-France Etchegoin e Frédéric Lenoir, autores do livro "Código da Vinci: a Investigação", um dos muitos que foram lançados para aproveitar o sucesso espetacular da obra original.

O romance inclui um monge assassino do Opus Dei, um instituto secular que não possui monges. E, apesar de "certas reticências que possam ter diante de certos comportamentos da Obra, em particular as pressões na hora de atuar em relação ao jovens, não se tem o direito de lançar calúnias, nem inventar", escreveu o teólogo jesuíta Bernard Sesboüé, autor livro "O Código Da Vinci Explicado a Seus Leitores".

Há especialistas que acusam as descrições de lugares, obras e documentos de serem fantasiosas. Por exemplo, na igreja parisiense de Saint Sulpice, o obelisco seria, na realidade, um instrumento astronômico do século 18, e as letras "P" e "S" não aludiriam ao Priorado de Sião e sim a São Pedro e São Sulpício.

Na pintura de "A Última Ceia", de Leonardo Da Vinci, o personagem situado à direita de Jesus seria João, segundo a tradição pictórica, apesar de o romance afirmar que se trata de Maria Madalena, representada de forma andrógina.

Divindade

Existiriam também os erros em relação ao cristianismo: segundo a trama, foi o imperador Constantino que adotou, no século 4, o conceito da divindade de Cristo, por razões políticas, e quem selecionou os quatro evangelhos oficiais.

Na realidade, segundo esses estudiosos, os cristão acreditavam desde o início na divindade de Cristo. O Concílio de Nicéia (325 d.C.) se limitou a confirmar isso. Os evangelhos foram escritos no século 1º, e no século 2 já havia um consenso sobre os quatro canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João).

Os evangelhos descartados, considerados apócrifos, são conhecidos há muito tempo, em particular o Evangelho de Judas, recentemente traduzido, e os Evangelhos Gnósticos, redigidos nos séculos 3 e 4 e utilizados no final dos anos 1980 por estudos feministas norte-americanos que afirmavam que Madalena foi afastada da direção da então recém-nascida Igreja Católica pelos apóstolos de Jesus simplesmente porque era mulher e, portanto, segundo os preceitos judaicos vigentes, um elemento inferior".

Maria Madalena seria, segundo esses especialistas, uma fusão de três mulheres citadas na Bíblia: Maria de Magdala, Maria de Betânia e uma pecadora.

Dawn defende a tese de muitos estudiosos de que Jesus foi um verdadeiro feminista e tinha, entre seus seguidores, várias mulheres discípulas. Madalena, sua principal apóstola, teria sido difamada como uma mulher desonrada ou até mesmo "possuída por demônios" pelos apóstolos que não compartilhavam da atitude liberal de Jesus. Dessa forma, como em outras mensagens de Jesus, os apóstolos teriam distorcido as orientações de seu mestre.

Os fundamentalistas não concordam com essa hipótese e, apesar de a Igreja Católica ter absolvido Madalena --somente há alguns anos--, o fato é que ela passou para a história mundial como a mais conhecida das prostitutas.

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