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05/06/2006
-
14h41
DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
Para o músico e ativista Marcelo Yuka, 40, as causas do assalto que o deixou paraplégico e do assassinato do guitarrista do Detonautas Rodrigo Netto neste domingo não são díspares. Líder do F.U.R.T.O. (Frente Urbana de Trabalhos Organizados) e ex-baterista do Rappa, Yuka foi alvo de nove tiros, no dia 9 de novembro de 2000, que o deixaram preso a uma cadeira de rodas.
Quase seis anos depois, sua fala pausada e entremeada por uma difícil respiração --fruto de 16 cirurgias-- reverbera o mesmo recado. "Acredito que haja causas profundas para o que aconteceu com ele e comigo, desde estarmos num país campeão em diferenças sociais até termos uma Justiça que não é igualitária, mas voltada para quem tem grana", diz.
Yuka conheceu "os garotos do Detonautas" ainda quando tocava no Rappa. Um fato que chamou sua atenção foi o tratamento respeitoso que recebeu por parte deles, seja quando era baterista da banda antiga, seja quando se tornou cadeirante.
De acordo com Yuka, a dor causada pela morte de Rodrigo é "irreparável", mas não se limita a este caso. "A violência que está aí já não atinge apenas um certo cinturão de pobreza. É a desigualdade no seu lado mais bizarro, que, como vemos, já não pode ser contida pela simples repressão."
Mesmo antes de se tornar cadeirante por conta da violência, Yuka se esforçava em tornar sua própria trajetória um instrumento de luta social. Talvez por isso afirme que, assim como no seu caso, a perda de Rodrigo é um "fato horrível", mas que "precisa repercutir de forma positiva".
O músico também disse juntar seu pesar ao da família, pedindo que protestem não apenas neste momento. "Mesmo porque, talvez a dor nunca passe."
"Hipocrisia"
Ao ser informado que nesta manhã policiais do BOPE, do 4º Batalhão da PM e do Gtam (Grupamento Tático Militar) se dirigiam para uma megaoperação de caça aos criminosos no morro da Mangueira, Yuka classificou o ato como "mais uma epígrafe da hipocrisia brasileira".
Para ele, "não é subindo o morro da Mangueira que teremos justiça". "O que pode ser feito de forma mais duradoura é uma invasão de direitos sociais em comunidades carentes, hospitais e escolas", afirmou.
Assim como Yuka, outros músicos também comentaram a morte de Rodrigo Netto. A maioria deles expressou, além de tristeza pela perda, revolta por conta das cirscustâncias da morte.
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Marcelo Yuka aponta causas profundas para morte de Rodrigo Netto
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da Folha Online
Para o músico e ativista Marcelo Yuka, 40, as causas do assalto que o deixou paraplégico e do assassinato do guitarrista do Detonautas Rodrigo Netto neste domingo não são díspares. Líder do F.U.R.T.O. (Frente Urbana de Trabalhos Organizados) e ex-baterista do Rappa, Yuka foi alvo de nove tiros, no dia 9 de novembro de 2000, que o deixaram preso a uma cadeira de rodas.
Quase seis anos depois, sua fala pausada e entremeada por uma difícil respiração --fruto de 16 cirurgias-- reverbera o mesmo recado. "Acredito que haja causas profundas para o que aconteceu com ele e comigo, desde estarmos num país campeão em diferenças sociais até termos uma Justiça que não é igualitária, mas voltada para quem tem grana", diz.
Divulgação |
Para o músico Marcelo Yuka, a morte de Rodrigo é irreparável e suas causas profundas |
De acordo com Yuka, a dor causada pela morte de Rodrigo é "irreparável", mas não se limita a este caso. "A violência que está aí já não atinge apenas um certo cinturão de pobreza. É a desigualdade no seu lado mais bizarro, que, como vemos, já não pode ser contida pela simples repressão."
Mesmo antes de se tornar cadeirante por conta da violência, Yuka se esforçava em tornar sua própria trajetória um instrumento de luta social. Talvez por isso afirme que, assim como no seu caso, a perda de Rodrigo é um "fato horrível", mas que "precisa repercutir de forma positiva".
O músico também disse juntar seu pesar ao da família, pedindo que protestem não apenas neste momento. "Mesmo porque, talvez a dor nunca passe."
"Hipocrisia"
Ao ser informado que nesta manhã policiais do BOPE, do 4º Batalhão da PM e do Gtam (Grupamento Tático Militar) se dirigiam para uma megaoperação de caça aos criminosos no morro da Mangueira, Yuka classificou o ato como "mais uma epígrafe da hipocrisia brasileira".
Para ele, "não é subindo o morro da Mangueira que teremos justiça". "O que pode ser feito de forma mais duradoura é uma invasão de direitos sociais em comunidades carentes, hospitais e escolas", afirmou.
Assim como Yuka, outros músicos também comentaram a morte de Rodrigo Netto. A maioria deles expressou, além de tristeza pela perda, revolta por conta das cirscustâncias da morte.
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