Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/06/2006 - 19h15

Comentário: Sem inovação, TV diversifica baixaria no 1º semestre

Publicidade

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

A Globo recuperou o prestígio da "novela das oito" com "Belíssima", após o fiasco de "América", e reanimou o "Fantástico" com o polêmico documentário "Falcão - Meninos do Tráfico". A Record constrangeu o "Jornal Nacional" no ibope com "Prova de Amor", clone dos folhetins da emissora carioca, e ameaçou incomodar a Globo no filão da teledramaturgia. Engessado pela mão de ferro de Silvio Santos, o SBT seguiu sem foco, atirando para todos os lados (reality show, jornalismo, novela), preso a velhas fórmulas e atrações mexicanas (salve, Chaves). Com dívidas e ameaças de prisão de diretores, a "Rede TV!" cortou programas, demitiu pessoal e tentou se segurar com o sucesso do "Pânico", após o fim da "era da baixaria" de João Kléber. A Band perdeu Carlos Nascimento para o SBT e, durante os ataques em São Paulo, deu uma infeliz "barriga" (jargão para informação errada): a falsa entrevista de Roberto Cabrini por telefone com Marcola, líder do PCC.

Divulgação
Gafes e efeitos toscos mancham "Belíssima"
Gafes e efeitos toscos mancham "Belíssima"
Divulgação
Homer Simpson e Record desafiam "Jornal Nacional"
Homer Simpson e Record desafiam "Jornal Nacional"
Esses foram os principais capítulos do primeiro semestre de 2006 na TV aberta brasileira, que termina junho com a overdose verde-amarela da "Copa do Mundo" na Alemanha. Nesse campo, a Globo reina, sozinha, com as transmissões dos jogos --resta à concorrência usar depois as imagens das partidas com o símbolo da Globo no canto direito da tela. Nos últimos seis meses, a Record falou grosso e cavou espaço na mídia para promover suas atrações. No próximo dia 17 de julho, a chamada "emissora da Igreja Universal do Reino de Deus" estréia "Bicho do Mato", novela que vai substituir a bem-sucedida "Prova de Amor, com a árdua missão de manter o ibope com uma trama ambientada no Pantanal.

Periferia grita "tá dominado"

Já o SBT patina. A novela "Cristal" só é lembrada na mídia porque um dos seus atores sofreu um derrame durante as gravações. Desde a estréia, a trama recebeu críticas negativas. A emissora de Silvio Santos só não foi pior por causa do sucesso da novela mexicana "Rebelde", que virou uma sensação com crianças e adolescentes brasileiros. Mas o mérito, digamos "artístico", do produto é da Televisa. O SBT virou um celeiro de factóides. Só dá história anticlímax: as eternas insatisfações e ameaças de trocar de emissora por parte de Adriane Galisteu, de Hebe, de Gugu Liberato. O "novo" telejornalismo, anunciado com estardalhaço em 2005, foi chocho. Ana Paula Padrão e Carlos Nascimento estão apagados.

Divulgação
"BBB" acaba, mas quem leva é o caseiro Francenildo
"BBB" acaba, mas quem leva é o caseiro Francenildo
No primeiro semestre, o tom popularesco da TV se acentuou, com a desculpa de retratar cenas do "Brasil profundo", das periferias, dos morros, das favelas, em temas sobre violência (tráfico de drogas, por exemplo) e sexualidade (explosão do funk). Palavrões, narrações piegas, retumbantes ou sensacionalistas, imagens de nudez e flagrantes de crimes são cada vez mais freqüentes. Por exemplo, os ataques do PCC foram um prato cheio para o "Brasil Urgente" (Band), de Luiz Datena, e o telejornal de Marcelo Rezende na Rede TV!.

Sexo, ciências ocultas e letras apagadas

Rodrigo Paiva/Folha Imagem
"Fala Que Eu Te Escuto", na Record, anima "corujão" da TV
"Fala Que Eu Te Escuto", na Record, anima "corujão" da TV
Multiplicaram-se também os programas do tipo "show da realidade", versões brasileiras de formatos criados nos EUA e Europa. O "BBB6" salvou o verão da Globo, apesar da mesmice dos perfis dos participantes escolhidos e das tramas exibidas (os conflitos de convivência entre o Brasil pobre e rural com o Brasil urbano e classe média, entre feios e gordos versus lindos e sarados). "Ídolos" chegou a empolgar a tela do SBT, mas sobraram questionamentos sobre a lisura do programa --uma candidata foi expulsa após descoberta sua ligação com um dos jurados. Na seara dos programas juvenis, a briga foi boa entre "Floribella" (Band), "Rebelde" (SBT) e "Malhação" (Globo). Xuxa estreou nova atração, mas o ibope segue sem brilho. Na Record, Eliana só renovou contrato.

Divulgação
"Casseta" entrevista FHC, sinal dos tempos
"Casseta" entrevista FHC, sinal dos tempos
A baixaria explícita e descarada, como nos tempos de João Kleber e filhotes, foi um pouco mais maquiada pelos produtores, mas se diversificou: se antes estava sitiada nos programas policialescos, agora eclode com força total em todos os gêneros da TV. O sexo (dá-lhe Rita Cadillac e ex-BBBs das capas da "Playboy" e "Sexy") , ciências ocultas (dá-lhe Inri Cristo e Mãe Dinah) e letras apagadas (dá-lhe Bruna Surfistinha) continuaram no cardápio de telebarracos, como o Superpop (Rede TV!). O SBT imitou, sem sucesso, o "Talking Sex", de Sue Johanson, exibido pelo canal pago GNT, enquanto Gugu petisca o sucesso das bandas RBD e Calypso e explora curiosidades do mundo animal. E até o religioso "Fala Que Eu Te Escuto" (Record) ganhou audiência com reportagens sobre cirurgia de hímen e o "sexo desenfreado" do baile funk.

Vesgo e Silvio, termômetro de popularidade?

Ana Ottoni/Folha Imagem
Receita desanda à tarde, como no programa de Palmirinha
Receita desanda à tarde, como no programa de Palmirinha
As colunas sociais da TV, como Amaury Jr. (Rede TV!") e "Estilo Ramy" (Gazeta), ficaram em luto (morte do mestre do gênero Athayde Patrese, 64, no dia 3 de março) e foram alvo de chacota com a série "Minha Nada Mole Vida' (Globo) com Luiz Fernando Guimarães. Ser abordado na entrada de uma festa pela dupla Silvio e Vesgo, do "Pânico", ou trocar bitocas virou um termômetro de popularidade dos artistas, inclusive da Globo. Já o "Casseta & Planeta" perdeu Bussunda, que morreu na Copa da Alemanha.

Nas tardes da TV, ler jornal e revista ainda é o principal esporte dos programas femininos, como "A Tarde É Sua" (Rede TV!), de Sonia Abrão, cujo "mérito" do semestre foi realizar no palco a remoção a laser de pêlos do rosto de uma "mulher barbada". Mais bizarrices estão à espreita no segundo semestre, com o início da campanha das eleições na telinha. A MTV já deu o tom: prepare os ovos e os tomates.

Leia mais
  • Relembre 15 micos do primeiro semestre de 2006
  • Crítica: "Jornal Nacional" adoça Copa com bate-bola de casal 20
  • Análise: Sem Bussunda, "Casseta" revive drama de "Os Trapalhões"

    Especial
  • Enquete: Escolha o pior mico do primeiro semestre dos famosos
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página