Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/09/2009 - 08h32

Documentário mostra mulher que fingiu ser sobrevivente do 11 de Setembro

Publicidade

ANDREA MURTA
da Folha de S.Paulo

Tania Head se tornou nos primeiros anos após o 11 de Setembro a mais célebre sobrevivente do ataque às Torres Gêmeas. Sua história de superação e perda --enquanto ela fugia, ferida, do 78º andar da torre sul, o noivo, David, morria na torre norte-- chegou a milhares de pessoas no mundo todo.

Divulgação
Alicia Esteves Head, que se apresentava como Tania Head, em cena do filme vai ao ar pelo GNT
Alicia Esteves Head, que se apresentava como Tania Head, em cena do filme vai ao ar no GNT

Em pouco tempo, ela se tornou presidente da associação de sobreviventes. Chegou a ser recebida por políticos de primeira grandeza dos EUA. Só em 2006 a verdade veio à tona. Tania Head nunca existiu.

A mulher loira, baixinha e gordinha que causou tanta compaixão e admiração no país se chama, na verdade, Alicia Esteves Head. É espanhola e nem sequer estava em Nova York quando o World Trade Center foi destruído. A família do suposto noivo jamais ouvira falar dela. Os e-mails semanais que enviava a outros sobreviventes narrando a luta para livrar-se do trauma eram fantasia.

A saga de uma das mentiras mais bem contadas da última década será exibida hoje às 21h pelo canal pago GNT, na estreia do documentário "A Impostora do 11/9". Uma mistura de imagens de arquivo, entrevistas e depoimentos de sobreviventes (verdadeiros), o filme trabalha bem com elementos de tensão e emoção, e não só pela sensibilidade do tema ou pelos contos reais de heroísmo.

Repúdio e gratidão

Gerry Bogacz, cofundador da Rede de Sobreviventes, foi uma das pessoas tocadas por Tania.

Ele trabalhava no 82º andar da torre norte e diz no documentário ter compartilhado vários desabafos com a impostora.

Bogacz conta ter percebido, ao longo do tempo, discrepâncias em seus relatos. Algumas vezes, ela dizia que era noiva; outras, casada. Ao descobrir que o bombeiro voluntário Welles Crowther, que morreu nos ataques, salvou diversas pessoas, Tania incorporou a presença dele em sua história.

Ainda assim, Bogacz --como outros-- só mudou de posição quando o "New York Times" finalmente publicou uma reportagem questionando a veracidade da experiência dela, em setembro de 2006.

Mesmo depois de saber a verdade, muitos mantiveram dose de gratidão, como a sobrevivente Carrie Sullivan. "Ela fez muitas coisas boas por nós. É é difícil descartar tudo isso", diz.

Tania colaborou de verdade. Não só doou dinheiro como transformou o grupo de sobreviventes em uma organização oficial. Obteve financiamento do governo. Conseguiu permissão para a primeira visita de sobreviventes ao marco zero, em 2003. Foi guia voluntária do local --os primeiros a ouvi-la foram o prefeito Michael Bloomberg e o ex-prefeito Rudolph Giuliani, durante inauguração do memorial pelas vítimas.

Alicia deixou os holofotes sem nunca se explicar. Como jamais lucrou financeiramente, seu comportamento nos EUA não foi criminoso. Acredita-se que ela tenha deixado o país.

Algum tempo depois, segundo o documentário, os sobreviventes reais receberam um e-mail que dizia que ela havia cometido suicídio. Mas, a esta altura, ninguém sabe mais no que acreditar.

A IMPOSTORA DO 11/9
Direção: James Cruemel
Quando: hoje, às 21h, no GNT
Classificação: livre

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página