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28/07/2006 - 18h24

Courtney Love recria sua vida em mangá para meninas

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FAUSTO SALVADORI FILHO
da Folha Online

No mundo real, ela é uma estrela pop de baixa magnitude, mais conhecida do público por ser a viúva de um grande astro que se suicidou do que pelos seus discos, que vendem cada vez menos. Já nos quadrinhos, Courtney Love é uma princesa de um mundo alienígena, que ao cair na Terra torna-se uma das cantoras mais famosas do planeta.

Courtney, 42, é uma das autoras do mangá (história em quadrinhos japonesa) "Princess Ai", que a editora Conrad acaba de lançar no Brasil. No gibi, dirigido ao público adolescente feminino, a viúva de Kurt Cobain --vocalista da mítica banda Nirvana, que se suicidou em 1994-- cria uma versão de si própria num universo de fantasia. Até Kurt Cobain marca presença, através do personagem Kent, jovem compositor louro e depressivo, autor de letras "tristes" e "profundas", por quem a protagonista Ai (amor, em japonês, como Love, em inglês), se apaixona.

Divulgação
Princess Ai é Courtney Love em versão "gothic lolita", mais romântica e ingênua
Princess Ai é Courtney Love em versão "gothic lolita", mais romântica e ingênua
Mas, como se trata de um shoujo (mangá para meninas, principalmente adolescentes), a Courtney de papel é mais romântica, menos escandalosa e mais bem sucedida do que seu alter-ego de carne e osso.

Caixa-vagina

Batizada Courtney Michelle Harrison, Courtney Love nasceu num lar desajustado e, após um histórico de conflitos familiares e passagens por reformatórios juvenis, emancipou-se aos 16 anos de idade. No gibi, a personagem Ai também vem de um histórico familiar complicado e sai de casa cedo. Fruto de um amor proibido entre um terráqueo e uma alienígena, Ai cai em Tóquio desmemoriada, sem qualquer lembrança do passado.

Na sua busca pela própria identidade, Ai torna-se rapidamente uma estrela pop, seguindo uma trajetória bem menos conturbada do que a de Courtney, que por várias vezes teve de fazer bicos como stripper antes que sua carreira de cantora deslanchasse. Ela alcançaria relativo sucesso à frente da banda Hole, com quem lançou seis álbuns entre 1991 e 1998. Mesmo assim, Courtney sempre esteve à sombra de Kurt Cobain, considerado o grande poeta da Geração X, com quem ela se casou em 1991 e teve uma filha, Francis Bean, hoje com 15 anos.

No gibi, a chave para o passado de Ai está numa caixa em forma de coração --que é o nome de uma canção do Nirvana, "Heart-shaped box", cuja letra teria sido inspirada na vagina de Courtney. No mangá, a caixa naturalmente tem um papel bem mais ingênuo.

Divulgação
Courtney Love: afastada da vida artística para se tratar das drogas
Courtney Love: afastada da vida artística para se tratar das drogas
Enquanto Ai, a Courtney Love do gibi, enfrenta alienígenas assassinos enviados pelo seu planeta natal e tem de lutar para salvar a Terra, seu alter-ego do mundo real enfrentou outros tipos de demônios. Além do suicídio de seu Kent, Courtney enfrentou sérios problemas com o abuso de drogas. Virou uma das favoritas dos tablóides por seus escândalos, como mostrar os seios durante o programa do entrevistador David Letterman, e amargou idas e vindas a clínicas de reabilitação. Por conta do vício, chegou a perder por quase dois anos a guarda de Francis.

A Princesa Amor do mundo real participou de vários filmes e teve pelo menos um desempenho marcante, como a junkie autodestrutiva de "O Povo contra Larry Flynt" (Milos Forman, 1996). Ela chegou a ser indicada ao Globo de Ouro por sua atuação, mas não faltou quem ironizasse seu desempenho dizendo que Courtney estava apenas interpretando a si mesmo.

Garotas sujas

Uma produção nipo-americana, "Princess Ai" foi lançada em 2004 na revista japonesa "Wings" e editada nos EUA em forma de livro pela editora Tokyopop, especializada em mangás. Além de Courtney, a criação de "Princess Ai" contou com o trabalho de Ai Yazawa, criadora de "Nana", um dos maiores sucessos dos shoujo, com milhões de exemplares vendidos no Japão e na Europa.

Yazawa ajudou a criar o visual de Ai, seguindo o estilo "gothic lolita", uma moda de rua criada por jovens no Japão que mistura elementos da Inglaterra vitoriana com uma sensualidade adolescente. O roteiro é de D.J. Milky, com a colaboração de Courtney, e a arte é de Misaho Kujiradou.

A trajetória de sucesso de Ai, a revista, também contrasta com a trajetória de Courtney. "Princess Ai" vendeu muito bem nos EUA e no Japão e inspirou vários produtos de merchandising: bonecas, diários, camisetas, cards e um sem-número de acessórios femininos. Além disso, a personagem tornou-se uma presença constante nos eventos de cosplay (em que os participantes se vestem como personagens de quadrinhos). Uma versão do mangá em desenho animado (anime), "The Ai-Land Chronicles", está em produção e deve ser lançada em 2008.

"Princess Ai" teve três volumes no exterior. O primeiro, Destituição, é o que a Conrad acaba de lançar. Os demais, Iluminação e Evolução, devem ser lançados nos próximos dois meses. No final de sua trilogia, Ai já não contava com a colaboração direta de sua inspiradora Courtney.

No mesmo ano do lançamento de "Princess Ai", Courtney gravou seu primeiro álbum solo, "America's Sweetheart", que recebeu algumas críticas positivas, mas foi um fracasso de público. Nos dois anos seguintes, Courtney trocaria a vida artística pelas clínicas de reabilitação. Longe das telas e dos palcos pelos últimos dois anos, a cantora busca o renascimento em seu segundo disco solo, a ser lançado ainda neste ano, com o sugestivo título de "Como garotas sujas se limpam".

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