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08/08/2006 - 09h39

Criada há 25 anos nos Estados Unidos, MTV enfrenta crise

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THIAGO NEY
da Folha de S.Pauloe

A adolescente cresceu. Emissora que se propõe a falar com o jovem, a MTV completa 25 anos de vida neste mês. Nesse relacionamento com a música pop, a data ilumina a encruzilhada vivida pelo casal --aquele momento conhecido e temido por muitos: a hora de discutir a relação.

Em 1º de agosto de 1981, "Video Killed the Radio Star", dos Buggles, inaugurava as transmissões da MTV nos EUA. Menos pelas qualidades artísticas, a canção foi escolhida por simbolizar a chegada da nova era. A partir de então, gravadoras, artistas e público teriam que se adaptar à realidade do clipe.

Mas, aos poucos, a emissora foi mudando. Paulatinamente, os clipes foram sumindo para dar lugar a programas variados. Estratégia para conservar a audiência jovem. "A MTV sempre procurou permanecer jovem e evoluir de acordo com sua audiência. Para isso, é importante espelhar nossa audiência deste momento, e não a audiência do passado." Assim Marnie Black, porta-voz da MTV norte-americana, justificou a tímida (ou falta de) comemoração da chegada desses 25 anos.

Se nos anos 80 e nos 90 a MTV permanecia como principal veículo de divulgação de artistas pop, há alguns anos ela se vê obrigada a dividir atenções com outras TVs e internet.

"A última grande revolução da própria MTV, a ponto de influenciar comportamento, moda etc., foi com o grunge. A MTV não foi responsável pelo advento do grunge, mas a bandeira dela estava lá na frente quando o grunge apareceu", diz o ex-VJ Fábio Massari, que esteve na MTV entre 1991 e 2003.

"Num contexto de You Tube, MySpace e dos sites dos próprios artistas, a MTV precisa se reinventar", opina o videoartista Lucas Bambozzi. Para o pop, a MTV perdeu importância.

"É a referência principal de comportamento jovem. Mas, em relação à música, não mais", analisa o apresentador da TV Globo Zeca Camargo, que trabalhou na MTV entre 1990 e 1994. "Assiste-se a um clipe onde você quiser, ele está disponível todos os lugares. Sou de um tempo em que ia para casa para assistir à estréia de "Like a Prayer", da Madonna, em 1989. Era um evento. Hoje você dá uns toques no computador e assiste ao novo clipe da Madonna."

Ao olhar para a MTV, tanto a dos EUA como sua irmã brasileira, nascida em outubro de 1990, nota-se que a "Music Television" está cada vez menos música. Para alguns, isso é inevitável. "Deve-se elogiar que não é mais a mesma. A MTV não pode falar com a mesma pessoa que assistia à emissora no início dos anos 90, alguém que tenha 40 anos. Tem de falar com quem tem 15 anos. E se depender só de música, vira uma TV velha", aponta Camargo.

Já André Vaisman, ex-executivo da MTV entre 1993 e 1998 e hoje diretor de programação e produção da Play TV, afirma que a rival teve, no Brasil, o papel de afirmar o pop nacional.

"A MTV soube trabalhar bem com as gravadoras durante os anos 90. Agora, você nunca viu a MTV fazer uma crítica negativa sobre um artista brasileiro. Não é uma TV em que caiba a crítica musical. A MTV teve a missão, nos anos 90, de criar um universo pop no brasil. Não havia isso, o mercado brasileiro era quase nada. O pop dos anos 80 foi sumindo. Quantas bandas dos anos 80 sobreviveriam efetivamente sem a MTV? Umas três. Paralamas, Barão e Legião, talvez. Com o apoio da MTV, outros artistas puderam prosseguir carreira."

Mas Vaisman critica a atual grade de programação da emissora. "A MTV emburreceu. Olhando para o próprio umbigo, se cativou demais em fazer TV e deixou de lado o que tinha de mais importante, que era a música. Ao abandonar isso, corre o risco de virar uma emissora voltada para o auditório. Hoje, ela é quase um SBT jovem fingindo que é classe AB."

Ainda que esteja exibindo menos clipes, a MTV continua a atrair artistas e diretores para sua órbita. "A MTV ainda é o principal canal. É um atestado de qualidade. É uma certeza de que o clipe foi bem feito", afirma Mauricio Eça, 36, diretor de mais de cem videoclipes.

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