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01/09/2006 - 09h00

Escândalo no "Zorra" expõe obsessão pela fama e riscos do "teste do sofá"

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DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online

A demissão de um diretor da Globo na semana passada reacendeu discussões morais sobre os atalhos seguidos por atores e modelos para garantir um lugar ao sol no disputado meio artístico. Obsessão da cultura de massa, a busca pela fama a qualquer custo cria exércitos de desesperados pelos holofotes.

Capazes de forjar artimanhas, eles também estão sujeitos a cair em golpes e "queimar" sua imagem. Um caminho clássico é o chamado "teste do sofá", prática que mistura sexo e oportunismo. Tudo por um "bico" em uma novela, minissérie ou peça de teatro.

"Conheço gente que já aceitou fazer o teste do sofá, inclusive homem. Isso acontece em todas as emissoras", diz a modelo Luiza Ambiel, ex-garota do extinto quadro "Banheira do Gugu", do programa "Domingo Legal" (SBT).

Luiza Ambiel relata convite de "teste do sofá", que incluía passeio de lancha no sábado. Autor da proposta conhecia marido da modelo

Ex-Globo, o humorista Dedé Santana já teve uma namorada que recebeu uma proposta de ir para a cama com um diretor "muito famoso" em troca de uma vaga em uma peça de teatro.

"Se ela tivesse aceito, eu matava", brinca o ex-integrante do programa "Os Trapalhões", sem revelar nomes.

Porta de entrada?

Programas humorísticos são apontados como a seara dos figurantes. Esse tipo de trabalho exige rara (ou nenhuma) experiência de interpretação --tampouco talento. O perfil atrai iniciantes e aventureiros prontos para cair nas graças de quem tem poder na escalação do elenco.

Divulgação
Dedé Santana, ex-Globo, diz que uma namorada já foi intimada a sentar no sofá
Dedé Santana, ex-Globo, diz que uma namorada já foi intimada a sentar no sofá
"As pessoas estudam, trabalham, fazem faculdade, aí vem outra que faz essas coisas antiprofissionais [para conseguir o papel]", diz o ator Alexandre Frota, que vive uma fase de "retórica light".

Na Globo, Fábio Guimarães, um dos diretores do humorístico "Zorra Total", foi demitido por "quebra de confiança", após circular um e-mail com mensagens eróticas e fotos pornográficas. O material sugere uma barganha --com ares de montagem-- entre o diretor e uma suposta figurante.

A moeda de troca seria um papel de maior destaque no programa exibido nas noites de sábado. A suposta mulher das fotos se identifica apenas como "Lu". A Globo nega que ela tenha trabalhado na atração. A emissora evita identificar quem espalhou o e-mail para a mídia. A Globo também nega a existência da prática do "teste do sofá" e informa que sempre toma providências (como a demissão de Fábio Guimarães) quando suspeita de um caso parecido. Guimarães não dá entrevista.

"Tem menina que começa saindo com segurança. Depois, vai para cama com câmera e auxiliar. Tudo para passar na mão de um bam-bam-bam", conta Luiza Ambiel, que atua na "A Praça É Nossa" (SBT) há 4 anos.

A atriz e modelo diz ter recebido inúmeras ofertas para o famigerado teste, inclusive convites para "passeios de lancha a dois". Todos os convites do gênero foram recusados, segundo ela. "Queria ter estômago e cabeça para encarar. Tudo seria mais fácil. Não precisaria ralar tanto. Se eu tivesse topado, hoje estaria bem de vida."

Caso "Zorra"

No "Zorra Total", o elenco está proibido de falar sobre o caso do diretor demitido, embora a Central Globo de Comunicação negue a existência de qualquer ordem oficial de censura. Bailarina do "Faustão", a modelo Ivonete Liberato já trabalhou no "Zorra Total".

Montagem
Com escândalo no "Zorra", famosos contam casos de "teste do sofá" no mundo artístico
Com escândalo no "Zorra", famosos contam casos de "teste do sofá" no mundo artístico
"Conhecia o Fábio de vista. Nunca chegamos a conversar. Tenho uma amiga que trabalhava com ele. Acho que algumas [figurantes] se insinuavam para ele. Ele me parecia uma pessoa séria", diz a vencedora do quadro "Dança dos Famosos", capa da revista "Sexy" de setembro.

Vanessa Klein, 30, trabalhava com Fábio Guimarães até o escândalo estourar. A atriz concorda que muitas garotas dão mole para os figurões em troca de favorecimento. "Ninguém sabe quem é essa Lu, eu acho que ela não passa de uma oportunista", diz.

Klein começou a trabalhar no humorístico há cinco anos. Neste sábado, ela estréia um quadro em que interpreta a empregada doméstica Shineide. "O Fabinho era um fofo", conta.

É raro alguém admitir ter feito a carreira graças à peneira íntima dos manda-chuvas da TV, como fez no passado a atriz Vera Fischer, em entrevista a uma revista masculina. Na época, não existia e-mail, câmera digital nem webcam para flagrar os termos da abordagem como supostamente ocorreu com Fábio Guimarães.

"Bom, quando eu tiver o prestígio da Vera Fischer, revelo quem foram os homens que fizeram as propostas para mim", brinca a modelo Luiza Ambiel. Figurões, tremei.

Colaborou SÉRGIO RIPARDO, editor da Ilustrada da Folha Online

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