22/09/2006 - 10h09

MAM remonta exposição de arte concreta de 1956

GUSTAVO FIORATTI
do Guia da Folha

No ápice da discussão sobre o valor da figuração na arte moderna no Brasil, o MAM de São Paulo abraçou a radicalização do grupo Ruptura, formado por artistas da vanguarda paulistana, e organizou a "1ª Exposição Nacional de Arte Concreta", em 1956. A proposta era evidenciar um olhar mais purista sobre os geométricos. Cinqüenta anos depois (na quarta, dia 27), a mesma mostra, longe do calor dos manifestos vanguardistas da época, é reconstituída pelo MAM como "Concreta 56. A Raiz da Forma".

A reconstituição foi trabalhosa. Lorenzo Mammi, que organiza a sessão com pinturas, esculturas e fotografias, tinha poucas referência para saber o que havia feito parte da exposição. Um convite com o nome dos participantes foi o princípio parco, que ganhou volume com o relato de publicações e em uma série de 18 fotografias da família do artista plástico Hermelindo Fiaminghi, que participou do evento. Na lista do convite ainda estavam Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Geraldo de Barros, Helio Oiticica, Luis Sacilotto, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro e Willys de Castro.

A ortodoxia que a mostra propunha tinha ainda o apoio de Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Ferreira Gullar, poetas que incluíram a palavra na reordenação geométrica proposta pelas artes visuais. A adesão dos poetas também percorre o trabalho de reconstituição, com pesquisa de João Bandeira.

Visuais e poesia intercalam-se na sala maior do museu e são complementadas, na sala Paulo Figueiredo, por uma sessão de design que não fez parte da mostra original. A exibição de propagandas, capas de discos (algumas assinadas por Lygia Clark) e mobiliários retrata o vínculo entre arte concreta e o processo de industrialização.

Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, portão 3, parque Ibirapuera, região sul, tel. 5549-9688). Ter. a dom.: 10h às 18h. Até 3/12. Ingr.: R$ 5,50.

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