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23/10/2006
-
20h57
SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online
Principal fato cultural de 2006, a popularização de sites de vídeo como YouTube e Dailymotion "matou" a exclusividade do "Fantástico" (Globo) na exibição de clipes de estrelas da música pop. No último domingo, a revista eletrônica da Globo mostrou "Jump", novo clipe de Madonna. Para internautas fãs da cantora, a sensação de ver o clipe no final do "Fantástico" era de déjà-vu, uma vez que, desde o início do mês, o vídeo já estava disponível na internet.
É óbvio que a maioria dos brasileiros viu o clipe pela primeira vez graças ao "Fantástico". Afinal, dos 187 milhões de brasileiros, só 21 milhões navegam na rede mundial de computadores. Mas essa pequena fatia de 11% da população é bastante visada pelos anunciantes devido ao seu maior poder aquisitivo. Exibir "Jump" com três semanas de atraso é um sinal de que a programação da TV, como é feita hoje, corre o risco de se tornar obsoleta para o público mais exigente.
A era do "vídeo na internet" representa um golpe na tradição do "Fantástico". Nos anos 80 e 90, os clipes mostrados pelo programa provocavam forte repercussão e até pautavam o restante da mídia. Foi o que ocorreu, por exemplo, em novembro de 1991 com o polêmico clipe "Black or White", de Michael Jackson, que encheu os olhos com a montagem eletrônica dos rostos de pessoas de diferentes culturas --na época, o "must" da tecnologia, hoje um recurso de micro caseiro.
Um intervalo de 15 anos faz muita diferença. Hoje é pouco provável que algum clipe exibido pelo "Fantástico" provoque burburinho semelhante ao de "Black or White". Naquela época, não existia internet nem YouTube para "furar" o programa da Globo. As facilidades de baixar vídeos só tendem a aumentar graças à expansão e barateamento das conexões rápidas de banda larga --menos de 30% dos internautas ainda ouvem o barulhinho irritante do modem da internet discada no país.
A revolução por que passam os aparelhos de TV também favorece a internet. Nos últimos dias, os letreiros dos pontos de ônibus de São Paulo receberam anúncios chamativos de um novo modelo de televisor de alta definição. No final de semana, a reportagem ouviu uma conversa de uma consumidora com um vendedor em uma loja na av. Paulista. Ela se interessou por uma TV de R$ 6 mil. O preço não parecia ser um problema. A mulher só fechou o negócio após um teste: o notebook foi conectado ao aparelho de TV e começou a navegar. Entraram no YouTube e abriram, em tela inteira, o clipe "Put Your Records On", de Corinne Bailey Rae. As imagens tinham uma resolução assustadora. A consumidora comprou uma TV para ver melhor a internet.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o "Fantástico"
Comentário: Clipe no "Fantástico" deixa de ser um acontecimento
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Editor de Ilustrada da Folha Online
Principal fato cultural de 2006, a popularização de sites de vídeo como YouTube e Dailymotion "matou" a exclusividade do "Fantástico" (Globo) na exibição de clipes de estrelas da música pop. No último domingo, a revista eletrônica da Globo mostrou "Jump", novo clipe de Madonna. Para internautas fãs da cantora, a sensação de ver o clipe no final do "Fantástico" era de déjà-vu, uma vez que, desde o início do mês, o vídeo já estava disponível na internet.
É óbvio que a maioria dos brasileiros viu o clipe pela primeira vez graças ao "Fantástico". Afinal, dos 187 milhões de brasileiros, só 21 milhões navegam na rede mundial de computadores. Mas essa pequena fatia de 11% da população é bastante visada pelos anunciantes devido ao seu maior poder aquisitivo. Exibir "Jump" com três semanas de atraso é um sinal de que a programação da TV, como é feita hoje, corre o risco de se tornar obsoleta para o público mais exigente.
A era do "vídeo na internet" representa um golpe na tradição do "Fantástico". Nos anos 80 e 90, os clipes mostrados pelo programa provocavam forte repercussão e até pautavam o restante da mídia. Foi o que ocorreu, por exemplo, em novembro de 1991 com o polêmico clipe "Black or White", de Michael Jackson, que encheu os olhos com a montagem eletrônica dos rostos de pessoas de diferentes culturas --na época, o "must" da tecnologia, hoje um recurso de micro caseiro.
Um intervalo de 15 anos faz muita diferença. Hoje é pouco provável que algum clipe exibido pelo "Fantástico" provoque burburinho semelhante ao de "Black or White". Naquela época, não existia internet nem YouTube para "furar" o programa da Globo. As facilidades de baixar vídeos só tendem a aumentar graças à expansão e barateamento das conexões rápidas de banda larga --menos de 30% dos internautas ainda ouvem o barulhinho irritante do modem da internet discada no país.
A revolução por que passam os aparelhos de TV também favorece a internet. Nos últimos dias, os letreiros dos pontos de ônibus de São Paulo receberam anúncios chamativos de um novo modelo de televisor de alta definição. No final de semana, a reportagem ouviu uma conversa de uma consumidora com um vendedor em uma loja na av. Paulista. Ela se interessou por uma TV de R$ 6 mil. O preço não parecia ser um problema. A mulher só fechou o negócio após um teste: o notebook foi conectado ao aparelho de TV e começou a navegar. Entraram no YouTube e abriram, em tela inteira, o clipe "Put Your Records On", de Corinne Bailey Rae. As imagens tinham uma resolução assustadora. A consumidora comprou uma TV para ver melhor a internet.
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