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28/10/2006
-
10h51
SERGIO SALVIA COELHO
Crítico da Folha de S.Paulo
Há duas razões para se ver os Shakespeares mudos, resgatados dos arquivos do British Film Institute: uma teatral, outra cinematográfica. O teatro sendo escrito em areia, como cunhou Peter Brook: por exemplo, são poucas as ocasiões de se ver o registro de uma apresentação em 1911 da então famosa companhia inglesa de sir Frank Benson, em um Ricardo 3º que, diante de telões pintados e gestos grandiloqüentes, faz esquecer a ausência de diálogos.
Embora o distanciamento histórico nos dê uma impressão de ingênuo canastronismo, esse padrão pré-Stanislavski de interpretação resgata um teatro de convenções precisas.
Com esse enfoque, é fascinante ver Florence Turner, uma das primeiras estrelas do cinema americano, fazer Viola na "Noite de Reis", de Charles Kent, de 1910 --ou, naquele ano, os italianos da Film d'Arte, nas versões de Gerolamo Lo Savio para "Rei Lear" e "O Mercador de Veneza".
Nesse contexto, é fácil ver como o teatro emprestava prestígio a uma arte recém-nascida. Não ocorria a ninguém nessa indústria incipiente deslocar a câmera, por exemplo --fixa no meio da cena, são os atores que entram e saem de campo.
O plano americano e o close ainda não tinham sido inventados, e o único efeito propriamente cinematográfico era o desaparecimento ou o surgimento instantâneo, vindo diretamente do universo do mágico francês Méliès.
Esse universo onírico é reforçado pelas tentativas de recuperar a cor --e temos películas caprichosamente pintadas à mão pela Film d'Arte, em um grande trabalho de restauração. A ausência de som é recompensada pela trilha sonora de Laura Rossi, que a Mostra traz requintadamente ao vivo, com o Quarteto Portinari da Osesp. Um sonho a ser compartilhado.
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Crítico da Folha de S.Paulo
Há duas razões para se ver os Shakespeares mudos, resgatados dos arquivos do British Film Institute: uma teatral, outra cinematográfica. O teatro sendo escrito em areia, como cunhou Peter Brook: por exemplo, são poucas as ocasiões de se ver o registro de uma apresentação em 1911 da então famosa companhia inglesa de sir Frank Benson, em um Ricardo 3º que, diante de telões pintados e gestos grandiloqüentes, faz esquecer a ausência de diálogos.
Embora o distanciamento histórico nos dê uma impressão de ingênuo canastronismo, esse padrão pré-Stanislavski de interpretação resgata um teatro de convenções precisas.
Com esse enfoque, é fascinante ver Florence Turner, uma das primeiras estrelas do cinema americano, fazer Viola na "Noite de Reis", de Charles Kent, de 1910 --ou, naquele ano, os italianos da Film d'Arte, nas versões de Gerolamo Lo Savio para "Rei Lear" e "O Mercador de Veneza".
Nesse contexto, é fácil ver como o teatro emprestava prestígio a uma arte recém-nascida. Não ocorria a ninguém nessa indústria incipiente deslocar a câmera, por exemplo --fixa no meio da cena, são os atores que entram e saem de campo.
O plano americano e o close ainda não tinham sido inventados, e o único efeito propriamente cinematográfico era o desaparecimento ou o surgimento instantâneo, vindo diretamente do universo do mágico francês Méliès.
Esse universo onírico é reforçado pelas tentativas de recuperar a cor --e temos películas caprichosamente pintadas à mão pela Film d'Arte, em um grande trabalho de restauração. A ausência de som é recompensada pela trilha sonora de Laura Rossi, que a Mostra traz requintadamente ao vivo, com o Quarteto Portinari da Osesp. Um sonho a ser compartilhado.
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