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01/11/2006 - 09h49

"O Violino", que concorre na Mostra, propõe diversão com reflexão

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

Um velho violinista que perdeu uma das mãos e um capitão do Exército à caça de forças rebeldes têm seus caminhos cruzados no filme "O Violino".

Onde e quando é um enigma que o cineasta mexicano Francisco Vargas Quevedo, 38, fez questão de preservar, neste seu primeiro longa, concorrente ao troféu de melhor filme da 30ª Mostra de SP. O título tem hoje sua última sessão no festival.

Quevedo, que é também o roteirista de "O Violino", afirma que a indeterminação de tempo e espaço é um recurso que usou para que "o espectador não possa se esquivar do filme".

Américas

Esquivar-se, na opinião do diretor, seria identificar a trama do filme com um país e um período específicos, quando, na verdade, ela é pertinente "ao México e a outros países da América Central e da América Latina, em distintas épocas".

Don Plutarco (Don Ángel Tavira), o violinista, sobrevive da pequena agricultura e de sua música, ao lado do neto e do filho, que integra um núcleo de guerrilha rural contra um governo de traço militar.

O capitão (Dagoberto Gama) faz da pequena propriedade de Don Plutarco sua base de operações para caçar os guerrilheiros da região. Apaixonado pela música sem ser capaz de executá-la, o militar obriga o violinista a tocar para ele, num ritual de concertos particulares.

Filmado em preto-e-branco e com a câmera da mão, "para ficar próximo do registro documental", conforme diz Quevedo, "O Violino" expressa o objetivo do diretor de fazer "um cinema que possa comover e divertir mas que também toque em assuntos poucas vezes tratados no cinema comercial, como a miséria, os direitos humanos e a repressão".

O filme foi recebido com entusiasmo nos Festivais de San Sebastián e de Cannes, onde Tavira foi eleito melhor ator na seção Um Certo Olhar.

O diretor conheceu o músico (que de fato não possui uma das mãos) quando preparava um documentário sobre a música calentana --originária da região de Tierra Caliente--, que está em processo de extinção.

"É um camponês descendente de uma família de músicos, que toca, ensina na escola e está muito preocupado com a possibilidade de desaparecimento dessa forma popular da música mexicana", diz Quevedo.

Além de Tavira, quase todo o elenco de "O Violino" é formada por atores não-profissionais. "Trabalhei com apenas quatro profissionais", conta o diretor. No México, o mais conhecido é Gama, que está também no elenco do inédito "Déficit", primeiro filme dirigido pelo ator Gael García Bernal ("Babel", "Amores Brutos").

A boa acolhida de "O Violino" chamou a atenção não apenas para Don Ángel Tavira e sua causa em favor da música mas sobretudo para Quevedo, apontado pela crítica internacional como uma revelação da nova safra de talentos latinos.

O diretor evita elogiar a si mesmo. "Não acho apropriado eu dizer "meu estilo'", afirma. "Isso é para quem tem uma obra de verdade, com mais de 20 filmes." No entanto, ele diz notar uma característica comum aos diretores de sua geração na América Latina.

"Acho que, em resposta às dificuldades que temos para filmar em nossos países, acabamos nos encaminhando para um tipo de cinema feito com o mínimo de recursos, mas com muita urgência, o que parece ser uma pequena tendência e sem dúvida revela muitas propostas frescas", afirma.

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