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07/11/2006 - 09h37

Exposição traz 138 retratos feitos por Juan Esteves desde 1986

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EDER CHIODETTO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

O que pode acontecer em 20 anos na história da arte de um determinado lugar? É tempo suficiente para artistas surgirem, se firmarem e, por fim, abrirem fronteiras inexploradas às novas gerações?

Os 138 retratos de artistas do livro "Presença", que Juan Esteves lança hoje com exposição na Fundação Stickel, em São Paulo, tendem a responder afirmativamente a essa questão. Realizados desde 1986, uma parte destes retratos foi feita para esta Ilustrada durante os oito anos em que Esteves atuou como repórter-fotográfico da Folha.

Após esse período, Esteves levou o projeto adiante até constituir hoje um acervo fotográfico de referência sobre artistas dos últimos 20 anos, incluindo, além dos artistas plásticos que estão em "Presença", um grande número de músicos, cineastas, escritores, fotógrafos, arquitetos e artistas de outras áreas, tanto brasileiros quanto estrangeiros.

Referências dos artistas

Após tanto tempo, reunir esses retratos e colocá-los em perspectiva, remontando as intrincadas histórias de referências de cada artista, as escolas e tendências de cada um deles, é um exercício que pode constituir um mosaico rico da história da arte brasileira recente.

É um mosaico nada linear e bastante intuitivo, posto que é uma narração da história feita não com dados oficiais mas sim com uma soma de expressões e olhares ávidos, atentos, aflitos e sonhadores que permeiam as páginas de "Presença".

No ensaio que abre o livro, o crítico de arte Olívio Tavares de Araújo remonta e costura, impulsionado pelos retratos de Esteves, os passos evolutivos da arte no Brasil, começando pelo modernismo, que no livro se faz presente pelo retrato do pintor pernambucano Cicero Dias (1907-2003).

Depois, Esteves passa por outros momentos --concretismo, Grupo Rex, Escola Brasil, Geração 80, Ateliê Abstração--, chegando às novas gerações para citar ao final a inserção da fotografia no circuito oficial das artes, representada pelos retratos dos fotógrafos Sebastião Salgado, Cristiano Mascaro e German Lorca, entre outros.

Fotos em preto-e-branco

Todos os retratos são em preto-e-branco e na maioria deles os artistas estão olhando para a câmera, geralmente em seus ateliês. Há uma clara renúncia do fotógrafo pela busca do flagrante e por imagens dos artistas em atividade, por exemplo.

Juan Esteves opta por composições estudadas, pela pose e pela luz precisa que ora resvala para uma dramaticidade maior realçando o alto contraste, ora se torna suave e mostra o artista envolto pelo ambiente. Mas é na direção do olhar dos artistas e na riqueza de detalhes que "Presença" ganha força e unidade, além de se filiar mais claramente à "straight photography" (fotografia direta) idealizada, entre outros, por Edward Weston (1886-1958), na década de 30.

Esse tipo de fotografia privilegia a "apresentação em vez da interpretação", valorizando a profundidade de campo e o detalhamento. Um meio eficaz para Esteves falar de seu tempo e de seus ídolos realçando o humanismo das relações e a crença na arte como força propulsora da vida.

PRESENÇA
Quando: abertura hoje, às 20h, para convidados; de seg. a sex., das 14h às 20h; sáb., das 11h às 15h; até 30/11
Onde: Fundação Stickel (r. Ribeirão Claro, 37, Vila Olímpia, SP, tel. 3849-8906)
Quanto: entrada franca
Livro: R$ 120 (208 págs.); ed. Terceiro Nome/Fundação Stickel

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