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17/11/2006
-
10h55
IRINEU FRANCO PERPETUO
Colaboração para a Folha de S.Paulo
Gaúcho que passou a maior parte da vida no Rio, Radamés Gnattali (1906-1988) atuou com igual desenvoltura no campo da música erudita e da popular; contudo, esta última vertente foi a mais privilegiada nas comemorações de seu centenário de nascimento, como atestam dois CDs recém-lançados.
Tal discrepância já podia se observar, em certo grau, no período de vida do compositor. Apesar do acabamento refinado, as peças eruditas de Radamés, em um idioma tonal que mesclava neoclassicismo e as correntes mais atualizadas da música popular urbana da época, desagradavam às correntes brasileiras de vanguarda, mais interessadas nas novidades pós-serialistas pregadas por Boulez e Stockhausen.
Por outro lado, na música popular, não seria exagero creditar a Gnattali a "invenção" de um jeito brasileiro de escrever arranjo. O arranjador, o compositor e o intérprete se entrelaçavam no gaúcho de modo inseparável, e sua excelência nas três atividades vem sendo continuamente reverenciada por músicos populares brasileiros. Uma reverência que, por vezes, chega a beirar a filologia. Como no caso do Novo Quinteto, que, em disco lançado pela Rob Digital, não almeja menos do que reconstituir a sonoridade do quinteto que era capitaneado por Gnattali, ele próprio um pianista imaginativo.
Henrique Cazes (guitarra) "herdou" de Chiquinho do Acordeom as partituras originais do grupo, e organizou, em 2000, um quinteto com o intuito de não só tocar o repertório do conjunto mas de recriar seu estilo. O resultado é de uma fidelidade de dar inveja à escola de interpretação "autêntica" de música barroca com instrumentos de época.
Já "Radamés em Companhia" propõe uma releitura do legado do gaúcho, pelas lentes de Marcos Nimrichter (piano e acordeom) e Caio Márcio (violão e guitarra). Correm-se mais riscos, e os resultados são, em conseqüência, mais desiguais; abrilhantam o álbum, de qualquer forma, o timbre cristalino de Zé Renato, em "Amargura" e a verve violonística de Guinga, em "Perfume de Radamés".
Radamés Gnattali 100 Anos
Artista: Novo Quinteto
Gravadora: Rob Digital
Quanto: R$ 19,80
Radamés em Companhia
Artista: Marcos Nimrichter e Caio Márcio
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 28,90
Especial
Leia tudo o que já foi publicado sobre Radamés Gnattali
Instrumentistas comemoram centenário de Radamés Gnattali
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Colaboração para a Folha de S.Paulo
Gaúcho que passou a maior parte da vida no Rio, Radamés Gnattali (1906-1988) atuou com igual desenvoltura no campo da música erudita e da popular; contudo, esta última vertente foi a mais privilegiada nas comemorações de seu centenário de nascimento, como atestam dois CDs recém-lançados.
Tal discrepância já podia se observar, em certo grau, no período de vida do compositor. Apesar do acabamento refinado, as peças eruditas de Radamés, em um idioma tonal que mesclava neoclassicismo e as correntes mais atualizadas da música popular urbana da época, desagradavam às correntes brasileiras de vanguarda, mais interessadas nas novidades pós-serialistas pregadas por Boulez e Stockhausen.
Por outro lado, na música popular, não seria exagero creditar a Gnattali a "invenção" de um jeito brasileiro de escrever arranjo. O arranjador, o compositor e o intérprete se entrelaçavam no gaúcho de modo inseparável, e sua excelência nas três atividades vem sendo continuamente reverenciada por músicos populares brasileiros. Uma reverência que, por vezes, chega a beirar a filologia. Como no caso do Novo Quinteto, que, em disco lançado pela Rob Digital, não almeja menos do que reconstituir a sonoridade do quinteto que era capitaneado por Gnattali, ele próprio um pianista imaginativo.
Henrique Cazes (guitarra) "herdou" de Chiquinho do Acordeom as partituras originais do grupo, e organizou, em 2000, um quinteto com o intuito de não só tocar o repertório do conjunto mas de recriar seu estilo. O resultado é de uma fidelidade de dar inveja à escola de interpretação "autêntica" de música barroca com instrumentos de época.
Já "Radamés em Companhia" propõe uma releitura do legado do gaúcho, pelas lentes de Marcos Nimrichter (piano e acordeom) e Caio Márcio (violão e guitarra). Correm-se mais riscos, e os resultados são, em conseqüência, mais desiguais; abrilhantam o álbum, de qualquer forma, o timbre cristalino de Zé Renato, em "Amargura" e a verve violonística de Guinga, em "Perfume de Radamés".
Radamés Gnattali 100 Anos
Artista: Novo Quinteto
Gravadora: Rob Digital
Quanto: R$ 19,80
Radamés em Companhia
Artista: Marcos Nimrichter e Caio Márcio
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 28,90
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