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24/11/2006
-
10h13
ADRIANA FERREIRA SILVA
da Folha de S.Paulo
O rap bomba nas rádios daqui em versões comerciais e underground. De sujeira, o grafite virou arte e freqüenta mostras em museus e galerias. Os DJs, bem, esses estão em toda parte. Dos quatro elementos da cultura hip hop, apenas a dança de rua conhecida por breakdance (ou breaking ou b-boying) ainda não tinha uma representação decente no Brasil.
Não tinha. O estilo estará sob os holofotes amanhã, com a realização do Red Bull BC One, primeiro campeonato internacional de b-boys --como são chamados os dançarinos de break--, que faz sua final mundial em São Paulo.
É injusto, no entanto, dizer que o BC One está despertando uma uma cena. Ela existe há anos. Realiza eventos locais lotados. B-boys e b-girls brasileiros participam --e vencem-- batalhas internacionais. Eles só não recebiam a devida atenção.
"A dança de rua não tem mídia. Sobrevive por meio de divulgação na internet, nos campeonatos", explica Nelson Triunfo, 52, o mais famoso dançarino da velha escola.
O estilo, introduzido aqui nos bailes black, se mantém vivo no gueto, nos pés de b-boys. Renova-se e vai ao exterior, por meio de companhias de dança. Agora, também começa a chamar a atenção do cenário internacional. Em 2005, o paulista Alex José Gomes Eduardo, o Pelezinho, 24, ficou em quarto lugar na edição alemã do BC One.
Neste sábado, ele e o brasiliense Jorge Andre de Lima Gonçalves Curado, o Muxibinha, 17, concorrem à vaga de melhor do mundo, competindo com 14 b-boys de outros países.
Ginga
O break começou a se espalhar pelo Brasil a partir dos anos 80, quando dançarinos como Nelson Triunfo, Frank Ejara e outros paravam as ruas do centro de São Paulo fazendo passos incompreensíveis. "O pessoal via a gente deslizando para trás e ficava assustado. Achava que tínhamos rodinhas nos tênis", lembra Triunfo.
O estilo teve, sim, seu momento de grande mídia naquela década em que Michael Jackson consagrou o passo "moonwalk". Foi quando Nelson Triunfo e sua trupe foram parar na abertura da novela "Partido Alto", no horário nobre da rede Globo. De lá para cá, o break mudou e ganhou um jeitinho nacional.
"Tem aqueles [b-boys] que têm uma característica bem brasileira, com a gingada mais puxada para o lado do sambista, do capoeirista", diz Triunfo. "É uma ginga mais alegre, divertida. Isso caracteriza muito o brasileiro, que é atrevido, ágil." Entretanto, coube, principalmente às companhias de dança, como o Grupo de Rua de Niterói e os Discípulos do Ritmo, renovarem a dança de rua.
"Queremos refletir, desconstruir e olhar criticamente o que está na dança contemporânea para repensar o hip hop", explica Bruno Beltrão, 27, do Grupo de Rua de Niterói (GRN).
Com cinco espetáculos no currículo, e passagens por 14 países, o GRN, diz Beltrão, não é muito bem-visto pela galera do "movimento", porque não se prende à estrutura básica de passos da breakdance.
"Brigo muito por uma revolução na dança de rua aqui", diz ele. "Estamos preocupados em fazer bem a dança mas, em termos criativos, não há nenhum destaque em relação ao que vem de fora", acredita Beltrão. Para se destacar, o GRN aposta em "potencializar" características do hip hop, como, por exemplo, em passos clássicos como o toprock. "No último espetáculo ["H2 - 2005'], transformamos o vocabulário.
As pessoas olham para aquilo e não acham que é hip hop." Se o GRN quer desorganizar para reorganizar, os Discípulos desenvolvem um trabalho baseado na tradição da dança de rua. Frank Ejara, 34, um de seus fundadores, não vê necessidade de acrescentar características brasileiras ao break. "A gente contribui com qualidade e criatividade", defende Ejara.
A batalha
Os Discípulos do Ritmo estão entre os grupos que animam o BC One amanhã. Eles apresentam uma coreografia inédita, ao som da dupla de bateristas Tuca e Mell. O BC One terá ainda performances da dupla japonesa de b-boys Hamutsun Serve, do DJ Woodoo e de b-girls, além de mostra de grafite.
Os ingressos estão esgotados, mas é possível assistir à batalha numa projeção ao lado da tenda dos shows, no Memorial da América Latina, com entrada gratuita. À tarde, a Casa do Hip Hop, em Diadema, promove uma festa que terá b-boys, DJs, grafiteiros e afins.
HIP HOP EM AÇÃO
Quando: amanhã, a partir das 13h
Onde: Casa do Hip Hop (r. 24 de Maio, 38, Diadema, tel. 0/xx/11/4075-3792)
Quanto: entrada franca
RED BULL BC ONE
Quando: amanhã, às 19h
Onde: Memorial da América Latina (r. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 0/xx/11/3823-4768)
Quanto: R$ 10 (esgotados)
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da Folha de S.Paulo
O rap bomba nas rádios daqui em versões comerciais e underground. De sujeira, o grafite virou arte e freqüenta mostras em museus e galerias. Os DJs, bem, esses estão em toda parte. Dos quatro elementos da cultura hip hop, apenas a dança de rua conhecida por breakdance (ou breaking ou b-boying) ainda não tinha uma representação decente no Brasil.
Não tinha. O estilo estará sob os holofotes amanhã, com a realização do Red Bull BC One, primeiro campeonato internacional de b-boys --como são chamados os dançarinos de break--, que faz sua final mundial em São Paulo.
É injusto, no entanto, dizer que o BC One está despertando uma uma cena. Ela existe há anos. Realiza eventos locais lotados. B-boys e b-girls brasileiros participam --e vencem-- batalhas internacionais. Eles só não recebiam a devida atenção.
Bruno Miranda/Folha Imagem |
Os b.boys Muxibinha (à frente) e Pelezinho, que representam o Brasil |
O estilo, introduzido aqui nos bailes black, se mantém vivo no gueto, nos pés de b-boys. Renova-se e vai ao exterior, por meio de companhias de dança. Agora, também começa a chamar a atenção do cenário internacional. Em 2005, o paulista Alex José Gomes Eduardo, o Pelezinho, 24, ficou em quarto lugar na edição alemã do BC One.
Neste sábado, ele e o brasiliense Jorge Andre de Lima Gonçalves Curado, o Muxibinha, 17, concorrem à vaga de melhor do mundo, competindo com 14 b-boys de outros países.
Ginga
O break começou a se espalhar pelo Brasil a partir dos anos 80, quando dançarinos como Nelson Triunfo, Frank Ejara e outros paravam as ruas do centro de São Paulo fazendo passos incompreensíveis. "O pessoal via a gente deslizando para trás e ficava assustado. Achava que tínhamos rodinhas nos tênis", lembra Triunfo.
Bruno Miranda/Folha Imagem |
Pelezinho (de bermuda) e Muchimbinha em SP |
"Tem aqueles [b-boys] que têm uma característica bem brasileira, com a gingada mais puxada para o lado do sambista, do capoeirista", diz Triunfo. "É uma ginga mais alegre, divertida. Isso caracteriza muito o brasileiro, que é atrevido, ágil." Entretanto, coube, principalmente às companhias de dança, como o Grupo de Rua de Niterói e os Discípulos do Ritmo, renovarem a dança de rua.
"Queremos refletir, desconstruir e olhar criticamente o que está na dança contemporânea para repensar o hip hop", explica Bruno Beltrão, 27, do Grupo de Rua de Niterói (GRN).
Com cinco espetáculos no currículo, e passagens por 14 países, o GRN, diz Beltrão, não é muito bem-visto pela galera do "movimento", porque não se prende à estrutura básica de passos da breakdance.
"Brigo muito por uma revolução na dança de rua aqui", diz ele. "Estamos preocupados em fazer bem a dança mas, em termos criativos, não há nenhum destaque em relação ao que vem de fora", acredita Beltrão. Para se destacar, o GRN aposta em "potencializar" características do hip hop, como, por exemplo, em passos clássicos como o toprock. "No último espetáculo ["H2 - 2005'], transformamos o vocabulário.
As pessoas olham para aquilo e não acham que é hip hop." Se o GRN quer desorganizar para reorganizar, os Discípulos desenvolvem um trabalho baseado na tradição da dança de rua. Frank Ejara, 34, um de seus fundadores, não vê necessidade de acrescentar características brasileiras ao break. "A gente contribui com qualidade e criatividade", defende Ejara.
A batalha
Os Discípulos do Ritmo estão entre os grupos que animam o BC One amanhã. Eles apresentam uma coreografia inédita, ao som da dupla de bateristas Tuca e Mell. O BC One terá ainda performances da dupla japonesa de b-boys Hamutsun Serve, do DJ Woodoo e de b-girls, além de mostra de grafite.
Os ingressos estão esgotados, mas é possível assistir à batalha numa projeção ao lado da tenda dos shows, no Memorial da América Latina, com entrada gratuita. À tarde, a Casa do Hip Hop, em Diadema, promove uma festa que terá b-boys, DJs, grafiteiros e afins.
HIP HOP EM AÇÃO
Quando: amanhã, a partir das 13h
Onde: Casa do Hip Hop (r. 24 de Maio, 38, Diadema, tel. 0/xx/11/4075-3792)
Quanto: entrada franca
RED BULL BC ONE
Quando: amanhã, às 19h
Onde: Memorial da América Latina (r. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 0/xx/11/3823-4768)
Quanto: R$ 10 (esgotados)
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